Professores, me expliquem porque vocês tem tanto medo da Internet? Me expliquem, porque eu não consigo entender.
Eu tinha um avô, falecido, Byron, e pude acompanhar a evolução dos computadores e como isso afetava as pessoas da idade dele. Parecia uma luta com o diabo. Ele preferia usar a calculadora, máquina de datilografar e milhões, sim, milhoes de papéis, do que aprender a usar o computador. Ele fazia uma verdadeira pregação ao que ele chamava de “falta de necessidade” de usar o computador. Pra que usar, se ainda vivo tão bem com minha calculadora e máquina de datilografar?
As vezes, sinto que as pessoas ainda pensam muito assim. Pra que usar a internet, se ainda tenho Jornal, Revista, Livros, Livraria, etc. E este pensamento é tão pequeno, que simplesmente tendo entender, mas não consigo. Será o medo do novo? Medo de ser devorado pelas novidades tecnólogicas? Medo de não conseguir acompanhar?
Seja como for, não dá mais pra negar o avanço da tecnologia e como isso se infiltra em nossas vidas. Ou você aprende a usar para continuar defendendo o que você acredita, ou você fica de fora e deixa que as pessoas defendam suas idéias, muitas vezes erradíssimas.
Veja bem, vamos começar do começo. Não acho que a internet deve ser colocada em cima de tudo e qualquer coisa. Eu adoro comprar livro e ler jornal, mas esse não é o ponto. Ainda acho que as crianças na escola tem que aprender que o mundo não é so computador e televisão. Mas negar a existência da internet para defender tal teoria é um erro gigantesco. Fui em uma reunião de pais ontem, e, entre outras coisas absurdas que escutei, a professora defendia que, quando pedisse trabalhos para as crianças, pesquisas, elas tinham que levar coisas de Jornais, Revistas e Livros, e não da internet, porque, como elas iam saber que na vida não existia só internet? Fiquei com isso na cabeça, muito incomodada com essa colocação, e explico porque. Hoje, na internet, você acha tudo. Você lê livros, você lê jornal, enfim, tudo você acha na internet. Antes, a criança tinha que ir na banca, comprar jornal, e entre milhoes de folhas de propaganda e classificados, ela tinha que sujar a mão pra achar uma noticia. Ou tinha que ir até uma biblioteca, ficar com sua rinite atacada pra poder pegar uma enciplopedia e achar uma notica. A internet nesse ponto veio pra ajudar. Hoje em cinco minutos do seu computador você pode achar tudo isso em casa. Você acha a mesma reportagem do jornal, na internet, então qual o problema, se é a mesma reportagem? Qual é o ponto? Oras, se facilita, pra que raios se apegar ao fisico, ao papel, ao meterial? Ainda defendo isso pensando nos deficientes, no caso do meu filho, visual. A letra do jornal é pequena, na internet a gente pode aumentar a letra e fica mais fácil pra ele fazer as atividades. Idem os livros, que na internet a gente pode aumentar a letra. Então, qual o grande problema?
Bom, ai ela continuou o argumento defendendo a pesquisa. Pois hoje as crianças não sabem pesquisar ja que entram no google, digitam o assunto e simplesmente mandam imprimir. Oras, sejamos realistas. As crianças não sabem pesquisar e isso não é culpa da internet. A unica diferença é que antes elas tinham o trabalho de copiar de um livro qualquer, mas copiavam do mesmo jeito. As crianças não sabem pesquisar porque não sabem o que é fazer pesquisa, porque a escola não incentiva a pesquisa, e sim a cópia e cola. Ai vem dizer que é por causa da facilidade da internet?
Basicamente este trecho de discussao da reunião mostra como os educadores em geral não sabem e não querem aprender a usar a tecnologia a seu favor!!! A internet tá ai, cheia de ferramentes pra ajudar o educador. Você pode pegar um conteudo, e ai invez de fazer seu aluno decorar, você pode pedir pra ele pesquisar e descobrir tudo que se fala sobre o assunto, com fotos, videos, enfim, o mundo da internet é vasto de recursos para a educação. Mas como essa vinculo não acontece, realmente os alunos acabam usando só da maneira a facilitar ou encurtar seus trabalhos, só pra encher o tempo com bobagens.
Estou aqui falando dos educadores, mas isso vale também para os psicólogos, e muitos outros profisisonais da área da educação e saúde. Falo isso porque me lembro da historia sobre o suicidio, reportagem que eu comentei alguns posts abaixo. Enquanto o pessoal da saude e educação dorme no ponto, deixa o vácuo para outras pessoas usarem a internet pra outros fins, muitos não muito bons. Nossos jovens e crianças passam hoje maior parte do tempo na computador, e o que eles fazem quando estão lá? Se estivessemos usando a internet pra chegar até eles, eles teriam muita coisa educativa e não chata pra fazer. Mas não, enquanto deixamos de enxergar a importancia de usar a internet como ferramenta, outras pessoas tomam o espaço, e conseguem alcançar nossas crianças com coisas e ideias ruins.
Essa reportagem http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/04/080411_suicidiointernet.shtml mostra como tem mais coisa ruim de que boa quando se trata de educação e saúde na internet. E isso é culpa de quem? De nós, que não usamos a internet pra estar mais proximos de nossos filhos e pacientes/alunos.
Toda mudança é dificil, principalmente para quem já pratica sua profissão da mesmo forma a muitos anos. Mas enquanto não nos informamos, enquanto não ocupamos o nosso espaço, este espaço fica aberto para aqueles que não tem o que fazer, e inventam coisas para ocupar o espaço vazio, e o tempo das nossas crianças. Hoje a internet pode ser um pergigo muito maior do que as drogas na rua, que era o grande problema da juventude até pouco tempo. Mas se estivermos presentes também lá, pode ser um caminho muito interessante para alunos e educadores. Afinal, quem disse que educação tem que ser chato?
Concordo e apoio totalmente!!
Sou professora e sei que a resistência contra as novas tecnologias, na área de Educação, existe e que não é fácil o caminho da transformação. Mas, já há vários pesquisadores e professores tentando. No entanto, nas escolas, esse caminho ainda parece muuuito inatingível… Há muito ainda para conseguirmos.
Tenho ficado bastante incomodade com as proibições de uso da web nas Universidades, por exemplo. Em muitas delas, os alunos não podem usar o MSN, não podem acessar o Orkut, sites de relacionamentos e o U-tube. Oras, sou pesquisadora e uso o MSN para ensino de línguas estangeiras à distância; uso o material do Okut em língua estrangeira para ensinar Inglês e o U-tube para que meus alunos produzam material em Inglês e também para assistirmos material na língua que estudamos. Os sites de relacionamentos também podem ser usados para aprendizado de línguas, entre outras disciplinas. Já encontrei materiais valiosos navegando por esses caminhos…
Mas, parece que a nossa instituição Escola ainda prefere o caminho da proibição ao invés da conscientização sobre o auxílio que esses recursos podem oferecer para as nossas aulas e para a aprendizagem de nossos alunos. Nem mesmo (re)consideram o contexto de pobreza intelectual em que vivemos, em que as bibliotecas de nossas escolas e (pasmem) de nossas universidades estão, muitas vezes, virando alimento de cumpim e traças, sem material relevante e atualizado para nossas pesquisas… Será que esquecem, ainda, que nosso poder econômico não permite que muitos de nossos alunos possam comprar e ler tudo o que gostariam e/ou precisariam? Parece que sim…
Na área de ensino de Língua estrangeira, ainda há uma idolatria aos livros didáticos importados, material caro e muitas vezes inaccessível para nossos alunos. Além disso, apresentam um caminho tradicional de ensino, com textos não-autênticos e exercícios fora de contexto que muito dificultam o ensino e também o aprendizado. Oras, na web há muito material disponível gratuitamente!! Material em qualquer língua que se queira ensinar… Na prática de ensino de línguas, denominada Tandem, qualquer um pode aprender uma língua estangeira sem pagar nada! Como proibir isso?
Pessoalmente, adoro um livro, adoro comprar livros, adoro ir a uma boa biblioteca e acho que temos que conhecer e usar todos os meios conhecidos para construir conhecimento. Sei também que há muita pobreza intelectual no caminho do www. Mas, então por que não ensinar a filtrar, a distinguir, a criar novos caminhos nesse mundo? Não seria mais interessante que simplesmente proibir?
Será que não há um grande interesse comercial por trás de toda essa história de proibições?? Será que não há um interesse de manter nossa sociedade sem acesso a todas informações e conhecimentos a serem construidos a partir do contato com a WEB? Às vezes penso que sim.
Será que não há um grande medo por tras dessas proibições? Com a gama de material disponível na web, vai que o aluno vá muito além do que o planejado pelo professor? Será que estamos diante de uma questão de manutenção de poder sobre a informação e sobre a construção de conhecimento? Às vezes penso que sim.
A escola deveria re-pensar seu papel ao invés de ficar na crítica do www. Professores deveriam refletir sobre suas aulas… Se o aluno “joga todo no google” e leva para a sala de aula é porque a tarefa solicitada era somente de entrega de conteúdo e ai não importa de onde ele vem. Se a escola fosse um real espaço de problematização para a descoberta e inicio da iniciação científica, talvez não houvesse tanto medo e reclamações em relação aos novos caminhos de navegações do século 21.
Al, para de escrever coisa chata (com todo o respectus),e escreve o caso Isabela. Escreve como a dengue sumiu dos jornais e uma criança atirada da janela (amm… sim, é super comum!!!) vira notícia de 3 semanas seguidas.
E ammm… que saudade. Lendo seus textos (nem sabia do blog) me deu muita saudade. Lembrei o porque a gente se gosta tanto! Como combinamos!
Beijos!