Para poder amar, tem-se que ter sido amado, tem-se que ter escutado palavras de amor, tem-se que ter ocupado um lugar de amor para o Outro.

O medo numa mulher de perder sua beleza não deve ser colocado no mesmo plano que o medo do homem de perder seu órgão. No caso dele, é medo pelo que ele tem, no caso dela é o medo de perder o que ela é.A vivência da feminilidade de uma mulher tem a seguinte fórmula “você não é toda”, o que faz da mulher o ser privado e, ocasionalmente, o ser ávido, insaciável.

O sexo não é um fenômeno natural e sim resultado de um processo de subjetivação, para o qual a psicanálise reserva um nome: sexuação. No decurso dessa subjetivação do sexo, a antomia não é por si só suficiente para determinar a constituição do ser sexuado e nem da forma como este lidará com sua sexualidade.

O que comporta a idéia de que cada um ama em função do que supõe que o outro sabe do que ele ignora sobre si mesmo na medida em que sempre se é um mistério para si mesmo. A via do amor de um outro é uma via de engano. Ama-se a si mesmo no outro e amar é querer ser amado. O enigma do desejo do Outro é o engima do desejo do próprio sujeito.

(Malvine Zalcberg)