Quando começou a briga entre Rede Globo e Rede Record, ficou difícil tomar partido. A Rede Record tem por base uma igreja criada por um homem de grande má fé, e a Rede Globo por anos manipulou as noticias, entre tantas outras coisas. Sempre pensei que o jornalismo e os meios de comunicação não poderiam ter fins lucrativos, porque só assim ficariam livres de sempre querer vender uma história, um político, uma religião, uma idéia.
No jornalismo de papel sempre foi a mesma coisa. Por mais que os jornalistas se considerem livres para falar de noticias, eles ainda estão sujeitos ao dono do jornal que trabalham, que podem vetar matérias, ou influenciar temas. Enfim, todo o meio de comunicação, pelo menos no Brasil, parece ser vendido, tem um pé na merda.
Em tempos de avanço da tecnologia, surgiram os blogs. Parecia ser a revolução da era da noticia, já que, uma vez que não tinham rabo preso, poderiam falar do que quisessem, quando quisessem e como quisessem. E ai muitos o fizeram, criticando abertamente produtos, empresas, idéias. Até que alguns perceberam que isso podia dar dinheiro, e a coisa voltou toda pro começo. Grandes bloggers blogueiros começaram a ser pagos para falar bem de produtos, ou começaram a colocar anúncios que, em 70% das vezes são anúncios de produtos que o próprio blog critica.
Falei de tudo isso pra chegar nesse ponto: pelo que parece, todos se vendem, em algum momento da vida. As pessoas pequenas, que poderiam fazer diferença, e tanto criticam os grandes, na primeira oportunidade de ganhar dinheiro fazem exatamente a mesma coisa que antes criticavam. Será que é tão utópico querer defender nossos valores pessoais, ou será que andamos tão preguiçosos para insistir no que acreditamos?
Na internet, as pessoas têm buscado cada vez mais ser relevantes naquilo que fazem, sejam elas boas ou não. E o que tem acontecido é que muitas pessoas sabem fazer marketing pessoal, ou seja, fazer com que outras pessoas pensem que ela realmente é aquilo tudo que ela quer ser. O problema disso é que, em geral, as pessoas que realmente são boas no que fazem não estão preocupadas em se vender como imagem. Elas estão preocupadas em fazer o seu trabalho direito. Porém, em terra de brasileiro, todo marqueteiro é rei. E dai que as pessoas que são consideradas relevantes, em geral não o são. Mas acabam convencendo a grande massa disso, e realmente passam a vender idéias como ninguém. E isso se torna um ciclo vicioso, porque, quanto mais marqueteiras são, mas são reconhecidas, e mas são vendidas. Enquanto que, quem está de fora vendo tudo isso, mais acha horrível e mais quer distância dessa realidade. Então hoje, o que temos na internet, é o mesmo movimento que já vinha acontecendo com a noticia: quem é responsável por noticiar, criticar, refletir, são pessoas que tem rabo preso.
(O próprio Lula, passou anos lutando por um ideal, e quando percebeu que não estava conseguindo a sua maneira, contratou pessoas de rabo preso para fazer sua campanha, e ao chegar na tão desejada presidência começou a fazer exatamente o que ele criticava. E pior, passou suas duas candidaturas não vendo as coisas a sua volta. Não querer ver o que está na nossa frente é pior do que ver e não fazer nada.)
Todos temos que pagar nossas contas do final do mês. Posso parecer utópica, mas acho que sempre é possível fazer isso com um mínimo de dignidade. Somos uma sociedade que padece de doenças da alma, afinal, como podemos ir dormir a noite, quando passamos o dia ganhando dinheiro indo contra aquilo que acreditamos? Ou pior, vendendo para outros algo que sabemos não ser bom. Enchemos nossos bolsos fazendo com que os outros gastem o seu em porcaria. Pagamos nossas contas com dinheiro de valores vendidos, morais tortas, e enganando pessoas que acreditam estar sendo bem influenciadas. Depois nos perguntamos por que nossa sociedade anda sofrendo tanto do psicológico. São as doenças do ser, porque pelo ter, estamos deixando de ser.
Se parece não haver outra forma de pagar nossas contas, então estamos caminhando pro lado errado. É nossa obrigação achar uma forma nova, se a que existe obviamente não satisfaz. Qual? Bom, podemos começar dando o primeiro passo, que é não vender nossa alma por qualquer cem reais, por mais difícil que isso seja.
sobre isso:
E o que tem acontecido é que muitas pessoas sabem fazer marketing pessoal, ou seja, fazer com que outras pessoas pensem que ela realmente é aquilo tudo que ela quer ser. O problema disso é que, em geral, as pessoas que realmente são boas no que fazem não estão preocupadas em se vender como imagem. Elas estão preocupadas em fazer o seu trabalho direito. Porém, em terra de brasileiro, todo marqueteiro é rei.
discordo plenamente.
Sei de muitas pessoas que são extremamentes talentosas e fazem o que sabem fazer muito, mas muuuuito bem, só q nao tem o emprego/reconhecimento q deveriam.
aiii sim, entra a questão do marketing, se ela tivesse mostrado as coisas certas pra pessoa certa no lugar certo? Talvez teria conseguido um emprego melhor, q lhe pagasse o q realmente merece. E se ela conhecesse as pessoas certas? etc etc. Tudo isso é marketing pessoal…
Sobre os “bloggers”, esse termo vem da palavra blogger, q é a plataforma de blogs do google, entao nessa frase fica meio q uma ironia “oh, estou falando só do pessoal q tem blogger”. Recomendo trocar por “blogueiro”
Então você acabou de confirmar o que eu queria dizer. Quem faz bem o seu trabalho não deveria ter que fazer marketing de si mesmo, já que seu trabalho fala por si. Nada melhor do que o trabalho de uma pessoa, ou uma série de bons trabalhos para dizer quem você é, sem que você tenha que sair por ai “se mostrando” ou “buscando as pessoas certas”. Afinal, quem são essas tais pessoas certas? É relativo… Em geral, essas pessoas certas são as que estão envolvidas exatamente no tipo de trabalho que se critica, que é o de venda de si mesmo… Essa idéia de ter que se vender para ser reconhecido é muito capitalista, e esse reconhecimento que está no pacote não e bem o tipo de reconhecimento que estamos tentando ter. É de uma outra ordem.
E penso um pouco além. Quem disse que as pessoas que fazem muuito bem o seu trabalho querem ser reconhecidas por essas “pessoas certas”? Ou quem disse que elas querem os “melhores” empregos e reconhecimentos do povão? Se o reconhecimento que essa grande maioria dá for o mesmo que dá para os marqueteiros, então aposto com você que não é esse tipo de reconhecimento que estamos atrás.
(Obrigada pela sugestão do termo blogger, vou mudar já!)