Autor: Aline Sieiro (Page 14 of 30)

Um outro olhar para a pedofilia

Tudo que se fala nesse momento é sobre a pedofilia e os padres da igreja católica. E eu (assim como Calligaris e Eliane Brum), ainda acho que  o foco está sempre errado quando se trata to assunto.

Escutei essa semana que deviam cortar o pênis de quem era pedófilo, só assim para resolver a questão. Se engana quem pensa que isso resolveria, porque, entre tantas outras coisas, a pedofilia não está ligada ao órgão sexual.

Mas hoje li dois textos que conseguem sintetizar tudo que eu penso e sempre pensei sobre a pedofilia. Por isso compartilho aqui com vocês. E abro o espaço para discussão, já que esse assunto nunca é fácil de discutir.

O primeiro deles é do Contardo Calligaris, psicanalista. (Para ler o texto inteiro, clique no trecho abaixo)

“Fantasias e orientações sexuais nunca são o efeito de acumulação de energia sexual insatisfeita. Um pedófilo poderá, eventualmente, desejar uma mulher e casar com ela, mas o fato de cumprir, mesmo com afinco, o dever conjugal não o livrará das fantasias pedofílicas. Teremos, simplesmente, pedófilos casados, em vez de solteiros.”

O segundo é da jornalista Elaine Brum. (Para ler o texto inteiro, clique no trecho abaixo)

“Encontrei abusadores despedaçados pelo que tinham feito – e pelo que tinham vontade de continuar fazendo. Fora a cadeia, não havia nada para impedi-los de seguir abusando. E alguns deles queriam ser impedidos. A prisão impede de abusar, mas sem ajuda e tratamento, é muito difícil não reincidir quando saem dela. Se a estrutura de assistência às vítimas de abuso sexual é precária, para abusadores ela é quase nula. 

É bem difícil olhar com compaixão para um homem ou mulher que usou de sua autoridade e poder para abusar sexualmente de uma criança. E gozou exatamente deste poder total sobre a vítima, inteiramente submetida ao seu desejo. Mas acho que precisamos tentar. Lembro de ter ficado em conflito com meus sentimentos. Porque nos casos em que foi possível, eu escutava a dor de ambos – da vítima e de quem a violou. Em alguns casos, ambos sofriam de forma atroz. Não se trata de relativizar a responsabilidade de quem abusa. Estou apenas apontando que pode existir sofrimento neste percurso – e não apenas bestialidade, ainda que a bestialidade seja sempre humana.”

Update: Uma entrevista da Eliana Brum fez com a socióloga Regina Soares, sobre o abuso de padres com mulheres.

“Essa idéia de que o padre é imune ao desejo é muito forte. A Igreja faz a negação da sexualidade.”

Update 2: E depois de tanta bobagem que a igreja faz, tem mais. Agora eles dizem que a pedofilia é relacionada a homossexualidade. Que ótimo saber que eles só caminham pro lado errado.

Podcast Piloto – Entendendo o Canadá

Nessa primeira gravação eu entrevisto a Prof. Dra. Dilma Mello, a respeito das oportunidades de bolsas para graduandos e pós-graduando no Canadá. Falamos um pouco também sobre as relações Brasil-Canadá via academia.

Os sites que comentamos durante a gravação estão abaixo.

Núcleo de Estudos Canadenes – UFU

ABECAN

Entendo o Canadá

Elap

Pet Letras

Editais Canadá

A Educação e o Discurso Motivacional

Depois de alguns anos mergulhada no mundo da Psicanálise, decidi fazer uma pós em Psicopedagogia. Meu namoro com a Educação vem de longe, e decidi que era hora de colocar os pés nessa área (oficialmente, porque eu já vinha fazendo algumas coisinhas por lá). Qual não foi minha surpresa por perceber, no contato com educadores e pedagogos, que a educação está tomada pelo discurso motivacional.

Você ai, que acha o discurso motivacional legal, e perde seu dias vendo vídeos no Yotube ou mandando mensagens em Power Point sobre o assunto: é hora de pensar criticamente, por isso te proponho essa leitura.

Muito se fala sobre a crise da educação, e pelo que parece, a educação sempre esteve em crise. Da fala dos professores, o que se escuta é um discurso ora de vítima, ora de nostalgia. E as reclamações que escutamos são:

– O professor perdeu seu lugar de autoridade. Antes o aluno tinha medo e respeitava. Agora trata o professor como um igual.

– A sociedade capitalista mudou o modo como as crianças vêem o mundo, e com isso ninguém mais quer saber de estudar, ficar sentado numa sala, tudo que eles querem é computador, internet, tecnologia.

– A família não é mais tradicional, se desestruturou, os pais estão perdidos, não sabem impor regras, negociam com filho a ida pra escola em troca de compensações e presentes.

– O Estado não garante a escola os recursos que ela necessita para o dia a dia escolar. Paga mal os professores, que ficam desmotivados, e cada vez menos querem melhorar seus trabalho.

Com tudo isso acontecendo, os professores, perdidos no meio desse tiroteio, começaram a se apegar com unhas e dentes naquilo que eles tinham acesso mais facilmente: o discurso motivacional.

A prática do discurso motivacional ficou famosa em grandes empresas, e ainda é o lugar onde reina soberana. Na busca de aumentar a produção, grandes empresários criaram áreas de recursos humanos, dentro de suas empresas, preocupadas em garantir o bem estar de seus funcionários, pois, com estes felizes e motivados, os lucros e a produção da empresa estavam muito bem garantidos. O objetivo do discurso motivacional era enfatizar que as dificuldades sempre estão presentes, mas temos que focar é no trabalho, pois o trabalho nos eleva e nos faz pessoas melhores.

Aos poucos esse discurso foi saindo das empresas, e, caminhando junto com a auto-ajuda, foi ganhando espaço nas livrarias, nas grandes mídias e na internet. Muitos cursos foram criados, especialmente o de imersão: as pessoas passam um final de semana, que segundo elas é inesquecível e capaz de mudar todo o rumo de suas vidas. Lá elas falam coisas que nunca pensaram, choram, fazem amigos pra toda vida. E aquilo dura alguns meses, que é o momento de refazer o curso e levar amigos juntos. Alias, outra coisa importante do discurso motivacional e que ele precisa sempre de reciclagem. De tempos em tempos você tem que refazer os cursos, assistir novamente as palestras, escutar de novo os vídeos na internet, para se lembrar o que é importante na vida: o amor ao próximo, o trabalho esforçado, o perdão e a esperança, para que você se torne um ser humano elevado.

Mas o que está por trás desse discurso? Qual são seus objetivos? O que há de concreto nessa proposta, que faz tantas pessoas acreditarem que a solução de tudo está ai?

Em seu texto intitulado “Motivação Profissional x Desmonte da Educação”, Alexandre Reinaldo aborda o discurso motivacional para falar da escola e da educação. No texto, ele diz que a escola está sendo tratada como uma empresa, que precisa gerar lucros, que tem metas a serem cumpridas, que passa por avaliação de qualidade, e passou a ser uma máquina tal como acontecem nas fábricas e industrias. Dessa forma, ao professor é prometido bonificações caso seu trabalho tenha lucro, e há uma preocupação para que esse professor seja motivado (para produzir mais). “ É a implantação do taylorismo/toyotismo na escola pública. Este é um aspecto fundamental da ideologia empresarial da Secretaria de Educação, pois como convencer professores e funcionários a trabalharem em péssimas condições e ganhando baixos salários?”

“A linha da motivaçào é um dos caminhos para tentar domesticar o cérebro. É aquele papo: “Procure dentro de você as forças para vencer os problemas”. Entretanto, quem consegue vencer as dívidas com os baixos salários?”

O discurso motivacional faz tanto sucesso, porque o que ele faz é mascarar a realidade, fazendo com que a pessoa produza mais, compre mais e pense menos. É como uma droga, que te deixa embriagado de otimismo e bons pensamentos, enquanto os problemas continuam no mesmo lugar que estavam antes, sem solução. Tudo o que você precisa pensar que é haverá um lugar bom para os que são elevados e esperançosos, e assim os problemas se resolverão sozinhos. E como eles não se resolvem, o efeito da droga passa, e ai você tem que se reciclar, ou seja, fazer novamente uso das drogas (em forma de cursos, eventos, palestras, livros e vídeos) para continuar vivendo.

Estamos mergulhados nessa dinâmica social, em todos os lugares, não só na escola. O olhar está voltado para a produtividade, o desejo de resultados positivos, e tudo isso suga muito a energia das pessoas. Por isso, motivar se tornou um sinônimo de droga psicológica, no qual as pessoas buscam se sentir entusiasmadas por algo, buscam se sentir soldados em uma guerra, guerra em que elas são resistentes, mas uma resistência que está embasada na crença de o que ela faz é importante para a máquina, para a sociedade como um todo.

Essas correntes passam e seguem em frente, e quem tenta pensar e refletir criticamente sobre o tema é visto, em geral, como pessimista. Mas, não bastam discursos demagógicos, pois só isso não resolve problemas. Eles continuam lá, todos os dias. Se o profissional não se sente motivado, ele deveria se questionar o por que disso, e não achar que é culpado sozinho por tal desmotivação, mascarando o problema com injeções de motivação. Se estou desmotivado, devo refletir sobre minha prática, tentar encontrar quais problemas estou enfrentando, e como posso de fato mudar alguma coisa. E fazer isso não necessariamente trará a tão sonhada felicidade seu lugar ao sol. Tentar encontrar em qual ponto também somos responsáveis não é o que as pessoas querem fazer quando as coisas já não estão boas.

Aliás, o discurso motivacional em muito se assemelha a uma religião, pois pede que você continue trabalhando e se esforçando o quanto puder, que um dia seu lugar estará garantido no céu. Não vou entrar agora na discussão da alienação que esse discurso oferece, assim como o religioso, mas podemos pensar sobre isso em outro texto.

Educar as vezes pode ser insuportável. Afinal, o que é educar nos dias de hoje? Será que todos os problemas que temos quando tentamos educar não estão centrados exatamente no que é  educação hoje?

Se não sabemos o que é Educar hoje, podemos começar pelo que não é, para tentar encontrar um caminho. Educar não é mais passar conteúdo. Não é mais impor medo, e assim conseguir um falso respeito. Não é fazer o aluno ficar 10, 12 anos sentado numa cadeira sem participar, só como ouvinte. Ainda temos muito que discutir sobre o que é Educar,  proponho discutir isso em outro texto, porque o que quero enfatizar aqui é que, enquanto estamos embriagados pelo discurso motivacional, não paramos para encarar os problemas. Não paramos para perceber que não existe solução mágica e fácil.

Enquanto você assiste vídeos como esse: …

… você não percebe que é encoleirado, que não desenvolve consciência crítica e independência. Pensar hoje pode ser muito periogo para as empresas e para o Estado. Mas, pode ser muito mais perigoso pra você mesmo. Ou não.

Enquanto você assiste vídeos como esse e chora …

… acha que está errado em sofrer e querer brigar pelo seu salário, seus altos impostos, e todas as coisas erradas que existem a sua volta. Afinal, já que tem gente pior do que você, parece até errado querer mudar alguma coisa tão pequena por aqui enquanto por lá as pessoas tem problemas tão maiores. Não é isso que querem te fazer pensar? Ou melhor, não é isso que você quer usar como desculpa para não ter que fazer nada?

A educação, quando toma o caminho do discurso motivacional, afunda um pouco mais, a cada dia. Se você é educador, tente fazer essa reflexão. O que o discurso motivacional tem te impedido de pensar? O que te faz ter medo de voltar o olhar pra você? ‘>O que é educar pra você? Será que o problema da educação é culpa só do Estado e da família, ou é conseqüência de outra coisa?

Update: Nem tudo que reluz é ouro na estante de Psicologia, um ótimo post sobre a Autoajuda, que caminha de mãos dadas com o discurso motivacional).

A Resistência

O mundo segue em frente, cada vez mais caótico. E os que nós, seres humanos, fazemos para dar conta de tudo? Tentamos nos conectar. Tentamos, com unhas e dentes, nos colar uns nos outros, na esperança de que isso não evite nosso desaparecimento no meio de tanto caos. Por que você acha que as redes sociais fazem tanto sucesso?
Com tanta coisa pipocando por ai, todo dia e toda hora, a sensação que temos é que vamos desaparecer. Percebemos nossa pequenez, nossa infimidade toda hora. Somos só mais um cliente que reclama do mau atendimento; só mais um @ no twitter; só mais um na fila do cinema; só mais um blog falando sobre algo supostamente interessante; só mais um beijo na boca de alguém na balada… sempre só mais um… Se somos assim tão irrelevantes, o tal grão de areia na praia, como fazer para se sentir algo mais, alguém coisa que vale a pena conviver?
A gente faz música, faz poema, faz podcast, faz blog, faz foto pelado para o #lingerieday… Vamos fazendo aqui e ali, e principalmente, vamos fazendo sintoma. Americano nunca gostou tanto de falar em distúrbio: distúrbio sexual, do aprendizado, do soluço, chega a ser ridículo… Mas o que não é nada ridículo nisso é a tentativa que vamos fazendo em ser algo, em inscrever, deixar uma marca que seja nesse caos todo. Nossos sintomas, nossos blogs estão ai para testemunhar um momento. Por que, no final de tudo, é isso que fazemos, nessas tentativas de se conectar, a gente testemunha tamanha confusão, interna e externa.
Então, por que ainda procurar um psicanalista com tudo isso acontecendo? Com twitter, com blog, com lugares pra falar dos sintomas, com redes sociais cheia de pessoas para escutar, compartilhar, dar pitaco, porque a psicanálise ainda seria relevante ?
“Hoje em dia, a Comunicação Social é espelho do grande mal-estar de nosso tempo, mal-estar esse que, grosso modo, pode ser definido como a angústia fundamental sobre a qual o ser humano se estrutura como sujeito e que é fruto da luta entre o chamado princípio do prazer (liberdade das pulsões) e o princípio de realidade (necessidade de freá-las).”
A gente se deixa levar por essa sensação de aconchego que esses meios nos trazem, mas somente isso não basta. E “como não se fascinar com os apelos da mídia? Há promessa de visibilidade (elemento sem dúvida fundamental para a constituição narcísica de nós humanos), e, quem sabe, a promessa de reconhecimento ( de um público amplo, mas não menos importante, reconhecimento entre seus próprios pares). Mas, não se pode esquecer, há também a oferta de que a presença na mídia terá como efeito a transmissão, para um público mais amplo, de idéias e informações que, em geral, estão restritas a um público muito menor.”
Nesse sentido, a psicanalise ainda é relevante, porque não precisamos continuar somente a testemunhar o caos. E também de nada nos adianta continuar denunciando, porque a denuncia nos coloca ainda como testemunhas. A Psicanálise está ai para lembrar que podemos, acima de tudo, resistir.
“Resistência, resistência, resistência – repetiu Antonio Negri em vários momentos de sua intervenção, ressaltando as vias pelas quais o sujeito poderá efetuar esse novo Renascimento, como aquele italiano há 500 anos: através da atualização de seu desejo. E não é mesmo isso o que a vida moderna, bem como a própria psicanálise, nos impo”
“O que é preciso reconhecer é que a imagem é simultaneamente o espelho da realidade e da fantasia. Cada imagem é assim a construção de uma nova realidade, que já não pode ser a realidade pura e perfeita desejada no controle seguro de nosso psiquismo. A Psicanálise é uma prática e um saber voltados para a compreensão dos movimentos e conflitos cotidianos das imagens que construímos de nós mesmos, nenhuma delas verdadeiramente real ou apenas fantasiosas. A imagem não é o “vilão” que oculta um verdadeiro conteúdo. A imagem não é ilusão. Mas também não é causa de desilusões.”

O mundo segue em frente, cada vez mais caótico. E os que nós fazemos para dar conta de tudo? Entre tantas coisas, tentamos nos conectar. Com unhas e dentes, tentamos nos colar uns nos outros, na esperança de que isso possa evitar nosso desaparecimento no meio de tanto caos. Por que você acha que as redes sociais fazem tanto sucesso?

Com tanta coisa pipocando por ai, todo dia e toda hora, a sensação que temos é que vamos desaparecer. Percebemos nossa pequenez e nossa infimidade toda hora. Somos só mais um cliente que reclama do péssimo atendimento; só mais um @ no twitter; só mais um na fila do cinema; só mais um blog falando sobre algo supostamente interessante; só mais um beijo na boca de alguém na balada… sempre só mais um… Se somos assim tão irrelevantes, o tal grão de areia na praia, como fazer para se sentir algo mais, alguém que vale a pena conviver e escutar?

A gente faz música, faz poema, faz podcast, faz blog, faz foto pelado para o #lingerieday… Vamos fazendo aqui e ali, e principalmente, vamos fazendo sintoma. Americano nunca gostou tanto de falar em distúrbio: distúrbio sexual, do aprendizado, do soluço, chega a ser ridículo… Mas o que não é nada ridículo nisso é a tentativa que vamos fazendo em ser algo, em inscrever, deixar uma marca que seja nesse caos todo. Nossos sintomas, nossos blogs estão ai para testemunhar um momento. Por que, no final de tudo, é isso que fazemos, nessas tentativas de se conectar, a gente testemunha tamanha confusão, interna e externa.

Então, por que ainda procurar um psicanalista com tudo isso acontecendo? Com twitter, com blog, com lugares pra falar dos sintomas, com redes sociais cheia de pessoas para escutar, compartilhar, dar pitaco, por que a psicanálise ainda seria relevante ?

“Hoje em dia, a Comunicação Social é espelho do grande mal-estar de nosso tempo, mal-estar esse que, grosso modo, pode ser definido como a angústia fundamental sobre a qual o ser humano se estrutura como sujeito e que é fruto da luta entre o chamado princípio do prazer (liberdade das pulsões) e o princípio de realidade (necessidade de freá-las)

A gente se deixa levar por essa sensação de aconchego que esses meios nos trazem, mas somente isso não basta. E  “como não se fascinar com os apelos da mídia? Há promessa de visibilidade (elemento sem dúvida fundamental para a constituição narcísica de nós humanos), e, quem sabe, a promessa de reconhecimento ( de um público amplo, mas não menos importante, reconhecimento entre seus próprios pares). Mas, não se pode esquecer, há também a oferta de que a presença na mídia terá como efeito a transmissão, para um público mais amplo, de idéias e informações que, em geral, estão restritas a um público muito menor.”

Nesse sentido, a psicanalise ainda é relevante, porque não precisamos continuar somente a testemunhar o caos. E também de nada nos adianta continuar denunciando, porque a denuncia nos coloca ainda como testemunhas. A psicanálise está ai para lembrar que podemos, acima de tudo, resistir.

“Resistência, resistência, resistência – repetiu Antonio Negri em vários momentos de sua intervenção, ressaltando as vias pelas quais o sujeito poderá efetuar esse novo Renascimento, como aquele italiano há 500 anos: através da atualização de seu desejo. E não é mesmo isso o que a vida moderna, bem como a própria psicanálise, nos impõe”

“O que é preciso reconhecer é que a imagem é simultaneamente o espelho da realidade e da fantasia. Cada imagem é assim a construção de uma nova realidade, que já não pode ser a realidade pura e perfeita desejada no controle seguro de nosso psiquismo. A Psicanálise é uma prática e um saber voltados para a compreensão dos movimentos e conflitos cotidianos das imagens que construímos de nós mesmos, nenhuma delas verdadeiramente real ou apenas fantasiosas. A imagem não é o “vilão” que oculta um verdadeiro conteúdo. A imagem não é ilusão. Mas também não é causa de desilusões.”

Citações daqui: A Psicanálise e as Mídias Sociais e A Imagem da Imagem

Indicação de Leitura

Ando com muitas idéias, mas ainda não consegui parar para colocá-las no papel. Porém, tenho lido muito. E aqui vai uma indicação de leitura. O texto é da Eliane Brum, que escreve para a Revista Época. No texto ela fala dos adultos de hoje, que não passam de crianças grandes. Contratam pessoas para fazer o que eles não querem: escolhas. Com isso não assumem responsabilidade, e não conseguem educar seus próprios filhos. Para ser pai, é preciso, primeiro, sair da posição de filho.

“Se não conseguimos crescer, como será possível educar os filhos?

(…) Me parece que hoje há algo novo nesse cenário. A partir do século XXI, vivemos a era dos adultos infantilizados. Uma espécie de infância permanente do indivíduo. Não é por acaso que os coaches proliferam.Coach, em inglês, significa treinador. Originalmente, treinador de times e de esportistas. Mas que foi ampliada para treinador de tudo, inclusive de como viver: os life coaches. Personal trainers têm função semelhante. Treinar alguém para se exercitar, comer, se vestir, namorar, conseguir amigos e emprego, lidar com conflitos matrimoniais e profissionais, arrumar as finanças e também organizar os armários e a mesa de trabalho, como na sugestão do meu amigo. (…)

Ao nos reduzirmos a adultos que precisam de babás por total incapacidade de lidar com qualquer aspecto da vida, do sentimental ao profissional, a que renunciamos? A muito. Mas o principal é que renunciamos à responsabilidade. A construção contemporânea de infância está fundamentada no conceito de que, tanto no estatuto social quanto no jurídico, crianças são seres com direito à proteção e à educação – mas sem responsabilidade pelos seus atos. Crescer, tornar-se adulto, é justamente passar a responsabilizar-se pelos seus atos. Mas, no caso das novas gerações de 20, 30, 40 anos, se isso ainda vale para o estatuto jurídico, parece perder força no estatuto social.

Os adultos desse início de milênio parecem prolongar a infância no sentido da não-responsabilização. São sinais, aqui e ali, de uma transformação na forma de ver a si mesmo – e de ser visto. É corriqueiro testemunhar, seja no bar ou na empresa, gente que fica muito surpresa porque seus atos motivaram uma reação indesejável, uma conseqüência pela qual precisam responder. Nesse momento, vemos adultos com cara de surpresa, olhos arregalados como os de uma criança. Parecem pensar: “Mas por que eu, que sou tão bacana, tão inteligente, tão cool?”. Quando podem, chamam os pais, os advogados…. os coaches para salvá-los. A expectativa, como um direito adquirido, é a de que sempre serão “perdoados”.

Da mesma maneira, encarnam a geração do “eu mereço”. Se não há responsabilidade pelos seus atos, também não há responsabilidade pelas suas conquistas. Está cada vez mais diluída a ideia de trabalhar por aquilo que se quer com a consciência de que custa tempo, esforço, dedicação. Escolhas e também perdas, frustrações. Alcançar sonhos, ideais ou mesmo objetivos parece ser compreendido como uma consequência natural do próprio existir, de preferência imediata. É uma espécie de visão contemporânea da ideia mística de destino, de predestinação. Ou apenas uma questão de usar a estratégia certa. E, para nos ensinar a traçá-la, buscamos um business coach.

O “eu mereço” vem a priori. “Eu mereço porque eu sou eu”. Ou: “Eu existo, logo mereço”. O fazer por merecer foi eliminado da equação. Quando essa crença, tão fundamentalista quanto os preceitos de algumas religiões, fracassa, aí é hora de buscar o happiness coach (treinador de felicidade), o dating coach (treinador de relacionamentos amorosos), o health coach (treinador de saúde), o conflict coach (treinador de conflitos matrimoniais e profissionais), o diet coach (treinador de alimentação saudável). O life coach. É estarrecedor verificar como as gerações que estão aí – e as que estão vindo – parecem não perceber que a vida é dura e dá trabalho conquistar o que se deseja. E, mesmo que se esforcem muito, haverá sempre o que não foi possível alcançar.

(…) Para além das boas hipóteses das muitas teses e debates sobre o fenômeno da infância insuportável, me parece que vale a pena pensar sobre quem são os pais dessas crianças. Se os pais são adultos infantilizados, que não conseguem se responsabilizar pelas suas vidas – e muitos nem acham que precisam… –, como esperar que suas crianças se responsabilizem? Como esperar que os pais sejam pais se continuam sendo filhos?

Esses pais continuam sendo filhos ao não responsabilizarem-se pelas suas vidas. Ao permitir que seus filhos façam o que bem entendem, não só dentro de casa, mas no espaço público, estão escolhendo o que dá menos trabalho. Sim, porque educar, botar limites, se importar, dá muito trabalho. E exige tempo, gasto de energia, esforço. Amor. O mais fácil é deixar para lá. Ou bater a porta da rua e deixar que a babá – a de seus filhos – se vire. Mas há algo mais.

Me parece que a permissividade com os filhos é uma permissividade consigo mesmo. Se os filhos encarnam o ideal dos pais, se neles estão colocados os desejos e as melhores esperanças dos pais, não seria de esperar que o ideal de pais infantilizados seja o de que os filhos possam tudo? Bem ou mal, ainda que andem pelo mundo como se não tivessem responsabilidade nem por si mesmos nem pelos destinos do planeta, em alguma medida esses adultos precisam lidar com as consequências de seus atos – ou não-atos.

É de se esperar que, para os filhos, desejem, consciente ou inconscientemente, que possam fazer tudo sem nenhuma espécie de retaliação. Aos filhos, tudo deve ser permitido. Algo como: “se para mim não está sendo assim, que pelo menos seja para os meus filhos”. Um ideal tão óbvio como é o desejo que os filhos se formem na universidade para os pais que não puderam estudar ou que o filho tenha casa própria para os pais que viveram a vida inteira de aluguel.”

(Para ler o texto inteiro, clique aqui.)

A formação e o currículo lattes

Eu já ia começar a gastar meu português para dizer tudo que acho sobre a máfia da academia, muito bem representada pelo currículo lattes, mas não vou. A algum tempo, influenciada pela postura da psicanálise lacaniana, me recuso a fazer parte desse meio. “Engordar” um currículo, com artigos que não dizem nem acrescentam nada, apresentações que não tem ouvintes nem discussão, enfim, todas as coisas que se exigem que um “acadêmico” faça pelo bem da pesquisa (???), via lattes, nunca fez e continua não fazendo nenhum sentido pra mim. Acredito que acaba sendo natural publicar artigos ou apresentar trabalhos quando já se está envolvido em alguma pesquisa, e podemos realmente contribuir com alguma coisa, mas não o inverso. Mas, nesse ponto, não ficamos preocupados se teremos certificados, ou se isso vai engordar ou não nosso currículo. O currículo devia ser conseqüência, e não um objetivo final em si mesmo.

Mas, enfim, eu comecei dizendo que não ia gastar meu português, porque alguém já o fez maravilhosamente. Faço minhas as palavras de Rafael Marinho, em um texto muito bem escrito, sobre o assunto.

“Os críticos dizem que o Lattes transforma todo o esforço intelectual dos pesquisadores em quantidade, em números, simplificando e até ridicularizando uma produção eminentemente qualitativa. Ocorre que no final do Lattes há uma tabela informando quantos artigos foram publicados, quantos livros ou capítulos de livros, de quantos congressos o fulano participou. Mas até aí nenhuma novidade, se você começou a ler este texto provavelmente já sabe o que é e como funciona o Currículo Lattes. A novidade é que um bom Lattes tem preço.”

(Cliquem no texto para continuar lendo)

Obs: Parece ridícula a crítica, quando falamos mal, mas estamos lá na academia com nossos lattes. Mas se tem uma coisa que aprendi a duras penas, é que sentar e criticar de fora não ajuda em nada. A gente tem que sujar as mãos para conseguir mudar alguma coisa.

A estranheza da Psicanálise

Já escrevi outros textos sobre a formação do analista, como este, mas o assunto sempre volta, principalmente nesses dias em que o Estado quer regulamentar a profissão dos Psicanalistas.

Sou contra, e não estou sozinha nessa luta. A população em geral não costuma entender o porquê, e acham que costumamos gostar do certo ar misterioso que envolve a psicanálise e tudo que deriva dela. Não é nada disso! Freud, lá longe, já comentava sobre a estranheza que a psicanálise causava nas pessoas! “Não ficaria surpreso em ouvir que a psicanálise, que se preocupa em revelar essas forças ocultas, tornou-se assim estranha para muitas pessoas por essa mesma razão”

Como saber quem é mesmo psicanalista e quem não é? Como é essa formação que não tem regras pré estabelecidas? Quem pode se dizer analista, se Lacan disse que os analistas se autorizam? Quais as garantias que tenho que vou ou não me tornar analista, se a formação não tem data de começo e fim?

Enfim, muitas perguntas como esse aparecem, tanto para as pessoas fora do meio psicanalítico, quando para estudantes que estão começando a se enveredar por esse caminho.

Não regulamentar a profissão tem seus lados positivos e negativos. O grande lado negativo, por exemplo, é que hoje temos um número muito grande de instituições e pessoas que se dizem psicanalistas, ou formadores de psicanalistas, e nem de perto o são. Mas, em dias de Google, dar uma pesquisada para descobrir quem são essas pessoas e essas instituições já ajuda. Pesquisar na plataforma Lattes também pode ajudar um pouco.

Estou falando tudo isso, e deixando mais perguntas do que  respostas, para apresentar o novo livro do Antonio Quinet, “A estranheza da Psicanálise, a escola de Lacan e seus analistas”.

Esse é o livro mais recente, de um série de livros que abordam questões fundamentais da psicanalise e da formação do analista, e vem discutir porque nao somos a favor de uma regulamentação da profissão, e porque esclhemos a causa analítica pelas mãos de J. Lacan.

Agora que a dica foi dada, deixo um gostinho do livros para vocês!

“Como nossa civilização atual, e consequentemente o seu mal-estar, advém das Torres Gêmeas, uma representando o capitalismo e a outra o discurso técnico-científico (…) A Escola não pode se deixar dominar pelas neurociências, pela industria farmacêutica, pela política dos resultados, pela lógica foraclusiva do mercado”

“Não há formação do analista, há formação de Inconsciente. Essa frase do Lacan remonta a impossibilidade de padronização generalizada de formação analítica para habilitar o analista à prática. O processo de formação analítica, que não deixa de existir, é necessariamente desregulamentado, pois só há formação individual, cuja responsabilidade cabe ao analista, e não tutela por parte de um grupo, Sociedade, Escola ou Estado. (…) A tendência a regulamentação está dentro da lógica atual da sociedade escópica, com a espionagem – a presença do olho do Outro, o Estado, por exemplo – e com o controle generalizados que invadem a vida privada, a pretexto de uma pretensa segurança justificada pelo bioterrorismo, e a ampliação da religião em seu aspecto mais fundamentalista. (…) A tendência a formar grupos, ou seja, uma massa comandada por um líder, é impulsionada pela negação da falta no Outro, fazendo o sujeito criar e acreditar em Um Outro sem falta personificado pelo ideal do eu, onde ele situa o líder, Um Pai, que responde a suas interrogações.”

Sexualidade e Reprodução

Ao nascer, não temos registro inconsciente da sexualidade. Vamos crescendo, e aprendendo sobre o nosso corpo. Aprendemos que temos órgão sexual feminino ou masculino. Mas isso não tem nada a ver com sexualidade. Não sabemos como vamos gostar de exercer nossa sexualidade e nem com quem.

A primeira coisa que os pais fazem, quando nasce um bebe, é sexualizar este bebê. Os pais acariciam, desejam, amam, abraçam, apertam… Enfim, tudo isso que se faz quando têm um filho recém nascido em casa. Ai, quando a coitada da criança vai crescendo, lá vão os pais para a segunda etapa do desenvolvimento sexual da criança: vão tentar dessexualizá-la. Aos poucos eles vão mostrando que ela não é a coisa mais importante do mundo, que não pode ser a coisinha mais querida da mamãe, e que o mundo é duro, cruel, e ela não será necessariamente amada e desejada por quem é. Seus desejos não podem ser falados assim abertamente, de vez em quando ela vai ter que mentir e se encaixar nos padrões sociais, etc etc. E ainda tem gente que acha a infância o melhor tempo de todos! Criança sofre.

Sofre mais porque vai crescendo, e querem enfiar na cabeça dela que sexualidade está ligada ao órgão sexual que ela possui. Freud já dizia lá longe que não fomos feitos para reproduzir. Quem disse isso foi muito cruel com a gente. Somos seres sexuais, e nossa sexualidade não é feita só para reproduzir não. Pelo menos não psiquicamente falando. Então, nossa sexualidade vai depender de diversos fatores ao longo do nosso desenvolvimento. No final, podemos ser tanta coisa, gostar de tanta coisa, mas ainda temos que nos encaixar nos ditos que nos prendem a um sexo-reprodutivo, de macho-fêmea, reféns do nosso órgão sexual?

Está aberta a quinta edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O prêmio é dirigido a estudantes de escolas de Ensino Médio e a universitários em nível de graduação, mestrado e doutorado e integra o Programa Mulher e Ciência. O Programa é desenvolvido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República em parceria com os Ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). Trata-se de um conjunto de ações que objetivam estimular a reflexão sobre as relações de gênero e as desigualdades derivadas da discriminação por sexo, raça, cor e orientação sexual na sociedade brasileira, seus impactos nas carreiras acadêmicas, e fomentar a produção de conhecimento na área.

Aqui está o site do evento desse ano, e aqui a relação dos textos ganhadores do ano passado. R$8 mil reais ganha o texto escolhido. Mais detalhes no site.

Direto do quadrado

O mundo contemporâneo é feito de pessoas atrás de quadrados. Os quadrados são muitos, e cada vez aumentam mais. É a televisão, o computador, os vídeo games, notebooks, televisões maiores ainda, DVDs portáteis, celulares com tudo dentro…

O mundo atrás das caixas é um mundo aparentemente mais fácil. Quando estamos sentados em frente ao quadrado, não precisamos encarar a realidade de nossas vidas. Deixamos de fora do quadrado o que quisermos, e podemos ser qualquer coisa: protagonista de novela, galã de série de TV americana… Podemos esquecer que as contas estão vencendo e o dinheiro está faltando; que a esposa aparenta estar infeliz; que o marido tem passado tempo demais na rua; que os filhos andam tendo problema na escola; que um filho é esquisito e não me reconheço nele; que o trabalho de todo dia em nada tem a ver com o que planejamos pra nossa vida; que passamos ano após ano sem conseguir sair do nosso aprisionamento rotineiro, seja lá qual for.

Quando estamos atrás do quadrado, tudo isso se vai, mesmo que temporariamente. Na internet podemos nos mostrar fortes, podemos perder tempo com grandes questões existenciais ou da moda; mostrar o quanto somos intelectuais, nerds, gostosas, desejáveis. Mesmo que estejamos sentados ali pra esquecer um pouco do carro que está velho, do aluguel atrasado, da viagem que nunca será realizada.

Outras pessoas também usam o quadrado pra se sentir parte de algo, e por isso passam horas escrevendo sobre como são infelizes, míseros e deprimidos com a vida. E enfatizam a culpa do mundo e da sociedade “lá fora”, e como não se pode fazer nada.

Passamos o dia ou a maior parte dele atrás dos quadrados. Assistimos a beleza do mundo através de uma TV, gritamos a nossa raiva de nós mesmos para o primeiro que falar uma besteira no twitter; olhamos fotos pornográficas para não esquecer que somos seres desejantes. Comentamos a última chuva em SP, a última fofoca das celebridades, e assim vamos preenchendo nosso tempo com amenidades. Tudo pra tamponar algo que nos falta. Se não preencheremos nosso tempo com Gmail, Google Reader, Wave, Twitter, blogs, teríamos tempo demais para pensar naquilo que nos incomoda. Ficaríamos muito tempo contemplando a nossa falta, aquilo que um dia pensamos ter, mas não existe. Tudo aquilo que não temos coragem de mudar, porque está arraigado demais em quem somos. Tudo aquilo que faz doer a alma, que faz pensar qual o sentido da vida.

A internet veio preencher um vazio que incomodava demais. É como uma droga, só tampona a falta enquanto faz efeito, então queremos estar drogados o tempo todo pra não ter que lidar com que somos sem ela. O mesmo para internet. A gente cria um personagem dentro do quadrado, e ele nos permite sem menos do que somos, e isso não necessariamente é ruim. O simples ato de desligar o quadrado, levantar da cadeira as vezes parece uma coisa tão difícil…

Muitos achavam e acham que a psicanálise tende a levar o sujeito a resignação. Pensa bem: se tudo que a análise pode fazer por você, é fazê-lo se aceitar como um ser castrado, que o sintoma não tem cura, e tudo que podemos fazer é aprender a se rearranjar com tudo isso na vida, pra que raios a pessoa precisa do analista e da psicanálise? Não parece que levamos para o final de análise um sujeito resignado?

Isso é exatamente o que grande parte dos lacanianos quer mostrar que não. Sim, tudo isso é verdade: nunca seremos completos; sim, somos castrados; nunca nos livraremos de um sintoma; mas nada disso significa que seremos infelizes, ferrados e mal pagos. No final, tudo que a psicanálise quer é que o sujeito possa ser feliz, que o sujeito não leve a vida tão sofrida. Não é uma ilusão de felicidade dos contos de fada, onde tudo é perfeito. É possível ser feliz na nossa realidade, com castração, sintoma e tudo mais. Podemos sair do nosso ciclo de repetição sintomática. Como? Bom, se fosse fácil assim dar essa resposta, eu estaria escrevendo um livro de auto-ajuda e provavelmente já ia estaria rica, hahahah…. Deixo essa questão para sua reflexão pessoal. Ou para sua análise pessoal.

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