Autor: Aline Sieiro (Page 22 of 30)

Mecanismo de Defesa

Na Faculdade, uma das primeiras coisas que estudei sobre Freud foram os tais mecanismos de defesa. Recebemos uma lista com eles e as explicações básicas sobre cada um. Lembro que na época me marcou muito o estudo sobre o Chiste, que são aquelas brincadeiras, piadinhas, que dizem o que realmente queremos dizer, mas disfarçamos que não, que não passam de brincadeiras. A gente usa o chiste o tempo todo e não percebe. E depois que passamos a prestar atenção, somos capazes de perceber como o chiste está presente na vida de todo mundo o tempo todo mesmo. Mas, ficar analisando os outros o tempo todo também não dá, enche o saco e cansa. Não é pra isso que se faz a formação de analista.

Mas, pra que servem os mecanismo de defesa? Pra nos proteger, lógico. Se determindadas coisas nos fazem sofrer muito ou não somos capazes de lidar, os mecanismo de defesa vem nos ajudar a não ter que lidar com tudo isso de cara. O nosso Ego, ou o Nosso Eu se defende de tudo que causa dor e sofrimento, e pra isso os mecanismo de defesa servem, para nos ajudar nessa evitação de uma possivel dor ou sofrimento.

Essas defesas são diversas, e podem ou não ser eficazes ao longo da vida. É considerado eficaz a defesa que evita o confrotamento com o problema. São considerados ineficazes os que não ajudam e ainda pioram o possivel enfretamento com o problema. (As vezes isso é um mal necessário)

Pra facilitar, vou explicar um pouco sobre os Mecanismo mais usados, com exemplos.

1. Negação: quando o sujeito se recusa a ver sua participação em um problema que acontece com ele. É comum, diante de situações de enfrentamento, a pessoa dizer: Este problema não é meu, Isso não acontece comigo. Exemplo: Maria, seu marido está te traindo. “Meu marido me traindo? Não, não é possivel, não pode ser ele, você deve ter visto errado. ” ou “João, você tirou zero na prova, o que acontece? Eu, zero na prova? Não é possivel, essa prova não é minha, as provas foram trocadas.”

2. Racionalização: o sujeito tenta utilizar a inteligencia pra justificar suas ações e ou seus sentimentos ou possiveis decisões que possa ter tomado. É um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude, uma ação, uma idéia, um sentimento, etc., cujos motivos verdadeiros não percebe. Exemplo: Eu não vou mais na análise porque preciso economizar dinheiro. ( O dinheiro sendo usado como desculpa para a realidade de que a pessoa não quer mais ir a analise porque esta muito dificil lidar com suas questões). ou Eu checo se fechei a porta de casa tres vezes antes de sair, e as vezes ainda volto quando já estava na metade do caminho, mas faço isso porque preciso deixar minha casa em segurança. (A desculpa da segurança pra tamponar o vicio obessivo de checar incontroladamente seus proprios atos, como um ritual).

3. Projeção: O sujeito não aceita perceber sua culpa diante de um problema ou questão, então acha outros para culpar. A culpa é sempre dos outros, nunca da pessoa. Exemplo: Eu sou assim porque minha mãe me criou assim, eu não tenho como mudar. ou Eu não tenho culpa de o banco ter me dado tanto limite e agora nao tenho dinheiro pra pagar, quem mandou me dar tanto limite?

4. Sublimação: É um dos mecanismos que mais consegue seu intuito de proteger o sujeito de dor. Porque, diante de uma impossibilidade esse mecanismo cria outras formas de satisfação possiveis. Exemplo: Se a pessoa quer ser famosa, mas percebe que isso é uma realidade muito distante, ela escolhe uma profissão e estuda para ser reconhecida em sua área. Geralmente para sublimar o sujeito utiliza, em conjunto o deslocamento.

5. Deslocamento: consiste em transferir as características ou atributos de um determinado objeto para outro objeto. Exemplo : receber uma bronca do chefe e, assim que chegar em casa, chutar o cachorro como se ele fosse o responsável pela frustração. ou Uma criança que apanha da mãe, e depois bate no irmão mais novo. ou Quando a pessoa quer comer sorvete de chocolate, mas como não tem, se satisfaz com uma barra de chocolate.

6. Formação reativa: diante de uma situação dificil de lidar, o sujeito atua fazendo exatamente o oposto daquilo que tem dificuldade em fazer. Exemplo: A pessoa é muito tímida, e ao ir numa festa, se torna a pessoa mais extrovertida possivel. Ou Ao conhecer alguém e perceber como esta pessoa é agradavel , nem tanto quanto você, ai sair você diz exatamente o oposto dela: Nossa, como Fulana era insuportavel, chata e metida a sabe tudo.

Existem muitos mecanismo de defesa que usamos pra nos proteger de sofrimento. Muitas vezes isso é o melhor a ser feito, pois a pessoa nao esta preparada para lidar com tais questões. Porém, para amadurecer a crescer, chega um momento em que o sujeito precisa deixar de usar seus mecanismos para poder enfrentar suas questões. Como os mecanismos e essas defesas ocorrem inconscientemente, ou seja, a pessoa nem percebe que usa, o primeiro passo é identificar quais mecanismos usa, para depois tentar entender o que esta tentando não encarar.

Além da nossa mente, o nosso corpo também tem suas formas e mecanismos de se proteger do que causa dor e do que não aguentariamos lidar. A Psicossomática é uma das respostas do corpo para os problemas que não enxergamos ao longo da vida. Mas isso é outra história, outro dia, outro texto

Minha teoria

Quem sou eu pra ter teorias sobre as coisas, mas lá vou arriscar meu palpite.

Acho que os adultos andam mais infelizes principalmente por causa da tal “liberdade”. Esse momento em que a tecnologia nos liberou de diversos padrões de comportamentos, nos mostrando que nem sempre o que era uma regra precisava ser, mexe mais com a geração que viveu isso diretamente. Explico melhor. Antes, você crescia pensando que tinha que fazer algo por sua vida, para garantir o futuro. Para isso eles aprenderam que tinha que trabalhar, ter uma carreira e ganhar dinheiro. Para isso nem sempre faziam o que gostavam de fazer, as vezes nem sabiam do que gostavam. Dizia-se também que era necessário constituir familia, em determinado momento da vida, já que uma pessoa precisava continuar seu legado, com uma esposa e filhos. (Será?)

Dai veio a modernidade, a tecnologia e a quebra de paradigmas. Nego pode ter trinta anos e ainda não ter se decidido por uma carreira, e dai? A pessoa pode ter seus trinta e poucos anos e ainda não pensar em garantir futuro, ela quer viver o agora e pronto. Quem disse que as pessoas precisam casar e ter filhos? Pra ter filhos não é preciso casar, e se a pessoa quiser morrer solteira, ela que o faça, ele não precisa ter ninguem pra caminhar com ela, ela pode muito bem caminhar sozinha se assim o desejar. Com tanta liberdade, o que acontece com nossos quarentões e sessentões?

1. Eles olham tudo que construiram, dinheiro, carreira, familia, e não sabem o que fazer com isso. O dinheiro não tem sentido, tanto dinheiro mas não sabem gasta-lo, porque aprenderam que o dinheiro tinha que ser ganhado e guardado. (Pra que, pra morte, pros filhos? Eles que façam seus proprios dinheiros!!!) A carreira, em 70% dos casos, se torna um fardo, porque eles não veem sentido em continuar fazendo algo que nunca gostaram ou que não são mais valorizados pela idade (avançada, quando se trata de mundo profissional, eles podem ser bem cruéis). A familia, cada um segue seu caminho, os filhos fazem coisas que eles jamais pensaram que podia fazer quando jovens, e fica uma mistura de pudor moral, vergonha, e também de inveja.

Nesses casos, eles tem várias saidas, mas muitos não tem coragem de mudar depois de tantos anos vivendo do mesmo jeito. E dai ficam doentes mais cedo, desenvolvem mil e quinhentas psicossomáticas, atazanam a vida dos filhos, reclamam de tudo. Ou procuram os remedios. Mas poderiam muito bem largar tudo e começar de novo, abrir uma empresa, descobrir algo que gostam e voltar a estudar, pegar o dinheiro e viajar. Alguns conseguem fazer isso e vivem bem, mas infelizmente a maioria não.

2. Alguns veem a liberdade que tem e dai se afundam nela. Voltam a ser adolescentes, e vivem aquilo que não puderam viver em suas épocas. As mulheres usam todos os cosméticos e cirurgias possiveis, trocam seus guarda-roupas, se enfiam no consumismo do nosso capitalismo, passam a sair de balada, se separam de seus maridos, mudam tudo, a vida vira uma festa. Os homens vão pra academia, malham pra ficar bombados, compram carros esportivos e saem paquerando menininhas de 18 anos (quando não de 16 no Brasil…). Se separam e começam a namorar a mais novinha gatinha do pedaço. Saem de balada e exibem seus corpos, carros e dinheiro. Alguns entram numa banda de música pra mostrar como são descolados. Outros compram todos os aparelhos tecnologios mais modernos, e equipam a casa com coisas que nem conseguirão usar.

Isso melhora a sensação anterior? Nem sempre. Em parte porque continuam se sentindo um pouco deslocados em relação a sociedade, a familia e aos colegas de trabalho. E porque nada disso tampona um fato: eles já são adultos, não importa o quanto tentem viver o que não viveram, isso não é possivel. Eles podem viver novas experiencias, mas as do passada jamais serão revividas. E, geralmente depois do auge disso, vem a tristeza, a sensação de desconforto, de não pertencer aos papeis que a vida exigem que ele viva, entre outras coisas.

Pra mim, é por isso que o suicido aumentou dessa faixa dos 40 aos 60. Porque o encontro com a vazio ficou mais evidente. Porque a vontade de entender o sentido da vida por ela mesmo fica frente a frente com eles, pedindo uma resposta, uma solução? Como viver o que nao vivi, como mudar o que não quero mais?

Se o sujeito se conforma e nada muda porque tem medo, ou porque nao sabe como mudar, deprime. Se o sujeito joga tudo pro alto e faz a festa, deprime quando volta pra casa, e sozinho, não se sente confortável consigo mesmo. Então, como fazer?

Cada um encontra sua resposta, não existe uma fórmula mágica. Mas o segredo de tudo na vida, é ter paciencia consigo mesmo, aprender a se perdoar, aprender a se dar a chance de tentar. Com calma o sujeito pode tentar se redescobrir e aos poucos se retirando desse lugar estereótipado, seja ele qual for. E nós, fruto da geração tecnologia devemos prestar mais atenção neles, tentar ajudá-los a se achar, seja conversando, seja parando de nos colocar como os filhos, netos chatos que só criticam ou ridicularizam. Nós podemos ajudá-los a achar o meio termo frente a tanta liberdade (falsa liberdade, por vezes, mas ainda sim liberdade de ser o que quiser ser).

Ainda dos outros

Nos últimos anos, subiu o índice de suicídio na população entre 40 e 64 anos. Por quê?

Em 2004, nos EUA, 32 mil mortes foram oficialmente atribuídas a suicídio. Ampliando a faixa da meia-idade, constata-se que, dessas mortes, mais de 14 mil são de pessoas entre 40 e 64 anos. Segundo o “New York Times”, o fenômeno não seria apenas americano: um estudo recente aponta que, em 80 países, as pessoas de meia-idade são as menos “felizes”. As explicações são hipotéticas.
Por exemplo, no que concerne às mulheres, desde 2002, diminuiu fortemente o uso da reposição hormonal na menopausa. Talvez o déficit de estrógeno tenha efeitos depressivos diretos ou indiretos.
Também observa-se que pessoas de meia-idade são grandes consumidoras de antidepressivos. Talvez um uso vacilante dessa medicação (com interrupções brutais sem acompanhamento psiquiátrico) seja responsável por momentos de aflição irresistível. Mas é mais provável que, no caso, o consumo de antidepressivos seja apenas prova suplementar de que as pessoas dessa idade são especialmente “vulneráveis”.
Em suma, resta a pergunta: o que acontece, entre os 40 e os 64, que levaria ao suicídio mais indivíduos do que em outras faixas etárias?
Sabemos que as adversidades desesperam os adolescentes porque eles têm dificuldade em enxergar um futuro possivelmente diferente.
E imaginamos com facilidade que as enfermidades e o sentimento do fim que se aproxima possam levar alguns idosos a precipitar o desfecho. Mas adultos na plena força da vida?
É claro, a meia-idade é a época em que os executivos que perdem seu emprego ficam no limbo -demasiado qualificados e já “velhos” para retomar sua carreira. Mas, nos exemplos trazidos pelo “New York Times”, os suicidas de meia-idade não parecem ser vítimas de crises profissionais.
Algumas observações:
1) Nas últimas décadas, mesmo nas fileiras de quem acredita em Deus ou na revolução futura, vem se impondo a vontade (ou a necessidade) de justificar a vida “por ela mesma”. As aspas servem aqui para lembrar que ninguém sabe o que isso significa. Alguns pensam nos prazeres que eles se permitem, outros na satisfação de serem úteis ao próximo, outros ainda avaliam a qualidade estética de sua história ou valorizam a variedade e a intensidade de suas experiências. Seja como for, a vida deveria valer a pena pelo que a gente faz, pela própria experiência de viver.
2) Acrescente-se que, a partir dos anos 60, os adultos de nossa cultura começaram a se preocupar com a adolescência -ou seja, entre outras coisas, passaram a querer furiosamente que suas crianças se preparassem para elas serem “felizes” um dia (em todos os sentidos: sucesso amoroso e financeiro, êxtase, bom humor permanente).
3) Chegam hoje à meia-idade as gerações que cresceram esperando uma “felicidade” que daria sentido à longa “preparação” de sua adolescência e convencidas de que a vida deve se justificar por ela mesma. Os que fracassaram têm sorte: eles podem se dizer que a coisa não deu certo. Os que se acham bem-sucedidos esbarram, inevitavelmente, numa questão inquietante: “Então, é isso? Era só isso?”.
Estreou na sexta passada “Antes de Partir”, de Rob Reiner, com Jack Nicholson e Morgan Freeman. É a história de dois homens que aprendem que eles têm seis meses de vida, escrevem uma lista das coisas que gostariam de fazer antes de morrer e saem pelo mundo afora. Alguns críticos adoraram, outros acharam que os atores não salvam um roteiro em que as últimas vontades dos protagonistas parecem oscilar entre a obviedade (beijar a moça mais linda, pular de pára-quedas, fazer um safári) e a pieguice (reencontrar os que a gente ama de verdade, causar alegria na vida dos outros etc.).
Para mim, é a própria trivialidade da lista dos dois amigos que faz o charme do filme. Na hora de bater as botas, diante da pergunta “Que mais poderia ter sido minha vida?”, é tocante constatar que, no fundo, gostaríamos que tivesse sido mais do mesmo.

by Calligaris

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2802200832.htm

Ainda sobre o mesmo

Por favor, reservem dez minutos do seu dia, sem preguiça, e dêem uma olhada nesse maravilhoso texto do Zeca Camargo. Alias, o blog dele é sempre interessante, e, pra os que não tem preguiça de ler, vale a pena conferir toda segunda e quinta.

http://colunas.g1.com.br/zecacamargo/

A ausência da própria nela mesma

Postado por Zeca Camargo em 28 de Fevereiro de 2008 às 11:09

Uma das coisas que mais me incomodam em televisão é a ausência da própria nela mesma. Parece estranho, mas foi a melhor maneira que encontrei para dizer que é raro ver a televisão retratada nos produtos que ela exibe.

Descontando os comerciais de varejo (tela de plasma em 212 prestações!), me diga rapidamente quando você viu a própria TV aparecer na trama de uma novela ou seriado – ou mesmo num cenário? Não está fácil de lembrar, garanto. A não ser que você esteja assistindo a minissérie “Queridos amigos” – e mesmo assim, você vai ter que prestar muita atenção.

Digo isso porque comentei com várias pessoas que também estão acompanhando a série – ou, pelo menos tentando – e poucas foram as que captaram um pequeno momento histórico da TV. Era uma cena simples, que poderia mesmo ter passado despercebida, não fosse uma frase dita displicentemente por um personagem. Um adolescente entra na sala onde a família está reunida em frente à televisão e diz: “Vocês precisam mesmo ver isso?”.

Se você já teve dificuldade em responder àquela pergunta do primeiro parágrafo, essa então vai ser ainda mais complicada: você se lembra de alguma cena em algum programa exibido pela televisão onde alguém fala mal dela? Não, não se lembra – e se quiser me contrariar, fique à vontade para mandar seu comentário…

Há uma semana, num inocente post sobre a “arte do remix”, comentei rapidamente que, ao ver “Queridos amigos”, tinha tido a sensação de que minha TV aberta tinha se transformado numa HBO. Se você tivesse a noção de quantas brigas eu arrumei por conta disso! Não as discussões óbvias – e se você também é da brigada pró-conspiração que acha que eu tenho de fazer elogio a essa minissérie só porque trabalho na mesma emissora em que ela é exibida, pode parar sua leitura por aqui e começar a escrever no seu próprio blog a última “denúncia” que você descobriu contra mim (e não deixe de me mandar o link!). Me refiro a argumentos de amigos a quem tenho em boa conta e pessoas cuja opinião eu respeito muito – todos indignados por eu ter dito alguma coisa positiva de um trabalho que todo mundo está detonando.

De fato, está sendo difícil “defender” a minissérie. Eu mesmo, recruta voluntário do exército de Martin Amis na sua “guerra contra o clichê” (um livro muito interessante, desse que é um dos meus autores favoritos – mas que infelizmente ainda não foi traduzido para o Brasil), reluto em ser admirador de uma narrativa que se sustenta em solilóquios do tipo “a beleza da vida está em encontrar a luz nos olhos de quem se ama”… (admito, uma frase como essa nunca saiu da boca de um dos personagens da minissérie – nem mesmo da do Léo! Mas você entendeu o espírito…).

Quem sobrevive a essas turbulências (tarefa árdua) consegue ver alguma coisa de diferente – e boa – em “Queridos amigos”. Como – retomando – um personagem que fala descaradamente mal da TV, na própria TV. Para mim, isso é tão revolucionário quanto Sonia Braga, no papel principal da novela “Gabriela” (1975), subindo num telhado para pegar uma pipa. A falta de referências sobre esse veículo dentro do próprio veículo é algo com que nós convivemos há tanto tempo que mal nos damos conta. Para um país que consome TV como o nosso (aliás, qual cultura não a consome avidamente?), essa ausência chega a ser surreal. Mencionei isso lá em cima brincando, mas agora pense para valer: qual é o cenário de novela em que uma TV faz parte da decoração de uma casa – e ainda por cima é referência em alguma conversa? (Manoel Carlos, é verdade, pincela uma televisão aqui e ali nos seus dramas cotidianos – mas são, convenhamos, tímidas aparições.)

Não precisa me lembrar que, se os personagens de alguma cena estão assistindo TV, elas não estão (justamente) conversando – e que novela é diálogo… Mas simplesmente varrer da história um aparelho que faz parte do nosso cotidiano é, no mínimo curioso.

Essa lacuna não está apenas nos cenários. Talvez para evitar a armadilha da auto-referência, ela está fora de quase toda a dramaturgia (descontando-se, claro, os programas de humor que, do outro lado do espectro, praticamente tiram toda sua inspiração da televisão). Só para dar um exemplo, cito uma ótima novela do nunca menos que genial Gilberto Braga (e se você está achando que o elogio é gratuito, apenas para equilibrar minha discussão aqui, confira o post que na época da estréia de “Paraíso tropical”). Estou falando de “Celebridade” – uma história cuja trama propunha uma discussão sobre o fascínio do mundo da fama, mas que retratava essas pessoas famosas sempre como cantores, atletas e socialites, mas raramente como pessoas de um grupo que é simplesmente a maior “fábrica de celebridades” do nosso cotidiano: artistas de TV.

Como não escrevo (ainda…) ficção, só posso imaginar as dificuldades de incluir o universo da TV nas histórias que ela mesma vai contar. Quando ela aparece, geralmente é porque a trama precisa “dar uma notícia” – e, sendo assim, o programa assistido é invariavelmente um telejornal. Não foi diferente na cena que vi da minissérie (onde, aliás, as informações – em clipes reais – ajudam a dar o contexto da época em que se passa a história, 1989). Mas isso não tira o impacto da frase que o garoto disse em “Queridos amigos”.

Aliás, é uma pena que os lugares-comuns reconfortantes estejam espantando aqueles que procuravam uma história interessante. Sim, porque a história interessante – ainda que longe de original (homem com a saúde condenada reúne velhos amigos para um reencontro? Ora… você já viu esse filme!). E o protesto daquele personagem contra o ato de assistir TV não é a única frase forte dita pelos personagens da minissérie.

Apenas no capítulo de ontem (quarta-feira), colecionei alguns momentos que, como já mencionei, você não vê toda hora na TV aberta – aliás, você não os vê nunca na TV aberta… Por exemplo, os filhos gêmeos de Raquel (Maria Luiza Mendonça) – idade aproximada, 8 anos – reclamam para a mãe que o irmão mais velho chamou eles de “pentelho”. Lena (Débora Bloch) diz, com a maior naturalidade, que Léo (Dan Stulbach), num determinado momento, estava “chapado”. Benny (Guilherme Weber) joga displicentemente para Tito (Matheus Nachtergaele): “Meu pai me violentou quando eu tinha 10 anos”. E, enquanto o telespectador ainda se recuperava dessa confissão, o namorado de Benny, Jurandir (Sidney Santiago) declarava ao filho adolescente de Tito, numa sala do sebo onde a cena transcorria: “Eu vou ser o Van Damme negro e bicha”. E ainda teve a descrição de Bia (Denise Fraga) de como ela era estuprada repetidamente na prisão.

É por esses momentos – que eu chamaria de corajosos – que eu vou continuar assistindo “Queridos amigos” – sob os olhos reprovadores de amigos e (possíveis ex) admiradores. Por isso e, claro, pelas excelentes atuações da maioria do elenco (pode incluir nessa lista todos os que eu citei nas cenas acima e mais alguns atores e atrizes cujo trabalho eu não conhecia bem e que estão ótimos, como Joelson Medeiros, Malu Galli e Odilon Esteves – que faz nada menos do que o papel de um travesti). Mesmo com todo o didatismo em excesso (justificado – ainda que não suficientemente – pela necessidade de dar a um público que não viveu essa época, um contexto maior para a história). E mesmo com todas as frases feitas.

Hei de sobreviver tudo isso com a coragem cálida de quem nunca quis que seu coração indômito se calasse… (ai!)

Queridos amigos

Se toda novela ou série do Brasil tivesse a qualidade que estou apreciando em Queridos Amigos, eu ia me ferrar, porque ia quere ver televisão o tempo todo. E olha que já quero, pra quem tem perfil no Organgotag.com pode ver lá o meu vicio por séries e afins.

Mas, falando de Queridos Amigos, tudo cai bem. O tema, já que sou facinada pelos anos oitenta e por toda aquela juventude do tempo da ditadura. A escolha dos atores não poderia ter sido melhor, gente de primeiro naipe com papéis também muito bem escritos, desenvolvidos e trabalhados.

Devo confessar que a personagem que mais me chama atenção é do da Denise Fraga. Bia, astróloga, sofre tentando ano após ano, esquecer os sofrimentos da tortura que sofreu na época em que foi presa política. O que me chama atenção, primeiro é a atuação da Denise, que passou muito tempo fazendo comédia, e hoje encarna este papel dramático como ninguém. Quando ela aparece, podemos captar no seu olhar o sofrer da Bia, e por uns minutos esquecemos que ela é Denise, e não Bia. Em segundo lugar, a personagem é profunda pois mostra a densidade do sofrimento de alguém que se sente capturada por um momento e simplesmente não consegue seguir em frente. Um sofrimento melancólico que assombra tudo que ela possa tentar fazer para seguir em frente. Nada é capaz de faze-la superar o horror das lembranças e dos fantasmas dos tempos terríveis que passou.

A melancolia resultada de um trauma é uma das piores coisas pra se cuidar e tratar em análise. Tive a oportunidade de ter um caso deste naipe, e digo que, em frente a tamanha dor, que nunca passa, nao importa o tempo, fica dificil criar perspectivas e tirar o sujeito desse lugar de dor, desse momento em que se encontra paralisado, como se o mundo não continuasse a girar. É dificil porque, para essas pessoas, o contato com o horror nunca é superado, ele se transforma em melancolia, e muda a forma como o sujeito olha a si mesmo o mundo. Este passa a viver pela perspectiva do horror vivido, e a vida passa a ser só a espera da morte. O sujeito passa a criar coisas pra fazer e se distrair, para esquecer, pelo menos por alguns minutos o que viveu, esperando que a vida passe logo. São pessoas que tentam de tudo, em busca de respostas, porque no fundo nunca entendem o porque tiveram que sofrer tanto. E, como geralmente esse tipo de sofrimento não tem mesmo explicação, pois costumam ser fatalidades, as respostas nunca aparecem, e a pessoa vive na busca de uma luz no fim do tunel, luz essa que nunca chega pra eles.

Mudando de personagem, outro que gosto muito é o Beny, feito por Guilherme Weber. Sempre que pensava nesse ator, só lembrava de papéis bostas que ele tinha feito. Esse, estou tirando o chapeu. Ele está fazendo um gay com uma atuação bem sutil, que aos poucos vai se mostrando mais, sem cair nos estereotipos usuais. Não dá pra sentir raiva das coisas que ele diz, só pena, pena da dor que ele deve sentir pra ser tão amargo.

Eu ficaria aqui mais algumas horas falando dos outros personagens que também me encantam, mas fica aqui a deixa para que vocês fiquem acordados amanha para assistir um pouco.

Into The Wild

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To fazendo propaganda, mas é porque gostei muito do filme. E também da trilha sonora.

E é do Sean Penn. Em português chama Na vida selvagem. Preciso assistir de novo quando der tempo.

Simbiose

A gente costuma escutar falar de simbiose quando trata da relação mãe-bebe. Nesse momento da vida de uma criança, a simbiose é necessária pra que ela se caracterize como sujeito. A mãe faz pelo bebe, sem que nem ele mesmo saiba o que quer ou precisa, tudo que é necessário no começo de sua vida, pra que, aos poucos, ele vá aprendendo a desejar, se tornar um sujeito desejante.

Só que a simbiose não esta somente presente nesse momento de nossas vidas. Por vezes se prolonga por mais tempo que o ideal e necessário. E por vezes nunca acontece. Nos casos em que se prolonga, podemos ver aquelas relações de mães e filhos no qual um não faz algo sem pensar no outro. A mãe esquece que tem marido, coloca sempre o filho em primeiro lugar de tudo, inclusive de si mesma. Em consequencia, o filho se torna tão dependente que não aprende a fazer nada por si, e para tudo se espelha e apoia na figura da mãe, e acaba tendo grandes consequencias no seu desenvolvimento e amadurecimento, principalmente na fase adulta. Em outros casos, na falta de uma simbiose inicial, fica a dificuldade de se tornar sujeito, de se caracterizar como um ser desejante, e fica evidente uma falta que existe em todos, mas se torna muito mais dificil sem o desejo inicial.

E depois que o sujeito chega na fase adulta? Em sua maioria, os dependentes continuam dependentes, principalmente hoje em que não é vergonha depender da mãe em qualquer idade. Ou mora com os pais infinitamente, mesmo quando já tem renda própria, relacionamento íntimo, carro e idade pra dar conta de si mesmo. Ou sai da casa dos pais, mas leva a ligação, mantendo a mãe para cuidar de sua casa, de suas roupas ou de sua marmita para o trabalho. Quando isso não é possível, cria-se uma nova simbiosa. A pessoa busca um alguém para substituir a mãe na relação. Esta a namorada, ou namorado entra para respirar o mesmo ar, pra estabalecer o mesmo tipo de relação que a anterior.

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Alguém consegue perceber como tudo isso é perturbador? Não parece uma doença essa dependência?

Dentro da relação simbiotica não existe um. São dois meios que fazem um, o que causa, no mínimo, alguns incomôdos. Sim, porque a relação sombiotica não é só alegria. Não há espaço pra respirar outro ar que não seja o mesmo. O diferente se torna um problema gigantesco, com proporções muito maiores do que o normal. Por isso nossos novos adultos sofrem tanto. Porque é uma geração fruto de muitas relações simbióticas. Viemos da geração pós orgulho feminista, ou seja, as mulheres largaram suas familias pra trabalhar e defender os direitos iguais, e muitas perceberam o quanto era bom ser so mãe. Essas, agarraram com unhas e dentes seus filhos, que hoje sofrem para ser adulto. E daqui só piora, porque com a desculpa dos perigos que av vida cada vez mais oferece, mais mães agarram suas crias com toda força em seus ventres. E mais simbioticos se tornam, e mais dificil fica se tornar sujeito desejante e, consequentemente, adulto.

Winnicot já dizia: boa mãe é a mae que falta. É necessário que a criança erre para aprender a aceitar. É preciso que a criança caia a primeira vez para que aprenda a se levantar. Se a mãe está sempre presente e não permite a falha, como essa criança vai aprender a se sustentar em sua próprias pernas? Se a mãe falha em falhar, o filho sofrerá sim grandes consequencias no seu desenvolvimento.

Into the wild. Este filme que tanto me chocou, e já mencionei em algum post anterior deste mês, mostra como uma pessoa precisa estar sozinha para aprender a ser humano. É sozinho que aprendemos as grandes coisas da vida. Quando vamos arranjar uma namoradinha, estamos a sós com ela. Quando vamos arranjar o primeiro emprego, a entrevista é só como chefe. Quando casamos, é só você e a esposa/marido no altar. É independente de simbioses que crescemos e desenvolvemos. Se passamos a vida substituindo nossas relações simbióticas, sofreremos por demais da conta. E quem passa por isso sabe bem do que estou falando.

O filme é o oposto ao exagero. Ele queria tanto ficar sozinho que exagerou na dose de sua solidão. E uso este exemplo porque nenhum dos extremos é bom. Estar sempre só e sem nenhuma necessidade de relacionamento também é doente, também causa danos irreversíveis ao sujeito. Mas em muitos momentos de nossas vidas, precisamos estar sozinhos, para aprender a caminhar com nossas próprias pernas, nos tornarmos UNO, para dai escolher quem caminhará ao nosso lado.

Todos devemos ser Unos e não Meios.

Nós e os mistérios

Por que gostamos tanto de um mistério? Me perguntei isso pensando em Lost, a febre dos ultimos anos. E quando temos algumas respostas, em grande maioria, não ficamos satisfeitos com elas.

Os mistérios despertam em nós a imaginação e criatividade. Então é natural que a decepção aconteça quando a resolução do mistério não vai conforme nossas expectativas. Só costumamos gostar da solução quando esta ultrapassa qualquer idéia que já possamos ter tido.

O grande mistério da vida humana é a morte. Dessa, não sabemos como é, o que é, e o que acontece quando vem. Não é a toa que os filmes acerca desta assunto fazem sucesso. Uma variante são os que tratam sobre sumiço, desaparecimento, que é o caso de Lost. Ninguém sabe da onde vieram e nem pra onde vão. O não saber do mistério nos instiga, e nos afronta. Somos narcisicos, e achamos que, por sermos os mais inteligentes dos animais, devemos saber tudo sempre. E os mistérios vem pra nos mostrar o quanto não somos assim tão poderosos, e também para nos colocar de frente com nossos limites.

Qual o mistério da vida? Qual o mistério da morte? De onde vim e pra onde vou? Então, na ausencia de resposta e na inquietação que isso nos traz, melhor pensar em Lost.

Vicio

Quando escrevi meu Tcc, na faculdade, já lá eu estava brigando com a modernidade e o pacote que vem com ela. E quem diz que é porque sou conservadora e antiga, está engando. Eu simplesmente adoro a maioria das coisas que o pacote da modernidade trouxe. Incluindo o capitalismo que tanto critico. Mas hoje eu vou só falar da tecnologia.

Eu adoro a tecnologia. Sempre achei um absurdo a gente ter que sair do carro, ou de casa, comprar uma ficha e andar até o orelhão mais próximo para simplesmente fazer uma ligação de emergência. o celular não poderia ter vindo em melhor hora. E você ter que datilograr um texto, uma hitória, e se errasse bem no final, tinha que começar tudo de novo? Pra fazer uma pesquisa tinha que fazer uma andança entre três ou quatro bibliotecas, pegar enciclopédias pesadíssimas e durante as horas de leitura não podia nem comer ou beber algo porque era proibido. O computador resolveu isso e mais um monte de outras coisas.

Sim, a tecnologia veio pra facilitar nossa vida. E eu sou a pessoa mais a favor disso. Adoro a agilidade do email, do utorrent, do acesso as noticias, enfim tudo. Mas você conhece os seres humanos? Quando nego dá a mão, a gente quer o que? O braço! E quando a gente dá o braço nego quer o que? O corpo todo.

Nós, como seres humanos somos eternos insatisfeitos por natureza. Queremos sempre melhorar tudo, mesmo aquilo que nem precisa de melhora. Estamos sempre em busca de facilitar tudo na vida. E isso é muito bom em diversos momentos. Mas tudo em exagero não faz bem. Não é a toa que vivemos o momento mais sedentário da história. As pessoas são gordas mas desnutridas! As doenças psicossomáticas nunca pipocaram tanto entre os jovens e novos adultos. As doenças do humor são uma febre, entre elas a ansiedade, depressão, transtorno do défict de atenção, bipolaridade, entre outros. Mas porque, porque se a tecnologia é tão boa pra gente???

Primeiramente porque os seres humanos se esquecem do básico. Cada animal tem as suas necessidades básicas, como alimentação, procriação, etc. E uma entre as necessiades básicas dos seres humanos está o relacionamento. Mas ai, diz você, a tecnologia incentiva e facilita os relacionamentos, certo? Certo, em termos. Porque ela também ajuda a ilusão de relacionamento. E porque tudo em exagero não é bom.

Você tem lá cem pessoas na sua lista do Msn, mais de mil amigos no orkut, quinhetos seguidores no twiter, mas, com quem de fato você se relaciona ou só tem a sensação de que se relaciona? Quantas dessas pessoas você é intimo para dividir não so as alegrias e noticias, mas também as tristezas e lamurias? Pra responder essa pergunta, basta pensar: se você morresse hoje, quem iria no seu funeral? Muito funesto? Ok, se você se casasse hoje, quem dessas pessoas convidaria para seu casamento? A lista de repente ficou bem pequena né?

É ai que entra o vicio. Usamos a tecnologia porque ela facilita a nossa vida e porque é gostoso, ou porque sentimos necessidade de usá-la?

Lacan estudou muito a questão do vazio. Nós como seres humanos lidamos a priori com o vazio da vida. Pra que nascemos e vivemos se morreremos? Simplificando, algo nesse caminho. Onde achar sentido pra fazer as coisas do dia-a-dia, dividir o que é chato e o que é gostoso fazer, sem ficar sempre de cara com o vazio? Onde encontrar sentido pro que fazemos, desde a hora que acordamos até a hora que dormimos. Pois ai entra a internet. Ela preencheu um vazio gigantesco de muitas pessoas. Se você é timido, não precisa mais ser só, não precisa mais se esforçar para fazer amizades, não precisa nem se relacionar diretamente com ninguém, a internet preenche teu vazio de N maneiras. Se você é ansioso e não aguenta ficar um minuto “sem fazer nada” (conversando, estando em compania da familia ou de amigos, isso entre outras coisas hoje é considerado não fazer nada) a internet tá ai, pra vc ficar horas com mil coisas pra fazer ao mesmo tempo. Se você não tem paciencia pra conversar porque vc nunca consegue falar e ainda tem ouvir, ao invéz de aprender a dialogar, aprender a escutar, não, usa o msn que vc tagarela a vontade e o outro também, e isso se torna uma diálogo.

Estou sendo muito radical? Não, porque acho que essas ferramentas todas também ajudam e muito. Alguns timidos começam a se relacionar pela internet, mas depois conhecem as pessoas, vão atrás do contato intimo. Muitas pessoas usam o msn para estudar, conversar com pessoas que estão longe, enfim, existem N usos bons para a tecnologia em geral. Mas chega um momento quando, duas crianças combinam de se encontrar numa lan house pra bater papo, e uma senta do lado da outra no computador, ligam o msn e começam a conversar, ai você se pergunta pra onde estamos indo…
Ou ainda uma familia que cada um tem um computador em um comodo da casa, e eles conversam mais via rede do que pessoalmente…

Em seu estudo, o Instituto de Psicologia Educacional da Universidade Humboldt, de Berlim, cita as seguintes características para se detectar a dependência da rede mundial:

1-Estreitamento da margem de comportamento

Quase todo o tempo disponível é empregado em atividades relacionadas à Internet. (Neste aspecto, contam também as muitas atividades além do tempo em que se está online, como por exemplo consertos e instalações no computador).

2- Perda de controle

Tentativas de restringir as atividades na rede fracassam. Intenções de mudar o comportamento não são concretizadas, apesar da firme vontade.

3- Perda da sensação de tempo

A expansão temporal das atividades online aumenta constantemente até ocupar completamente a cota de tempo diária que a pessoa tem à sua disposição. Com o aumento da dose, perde-se a sensação de tempo.

4-Desintoxicação psíquica

Em caso de uma interrupção temporária do uso da Internet, aparecem sintomas de desequilíbrio psíquico (nervosismo, irritação, agressividade). A isto se acrescenta um forte desejo de retomar as atividades online.

5- Conseqüências sociais negativas

Especialmente nos setores sociais “trabalho/rendimento”, bem como nas relações sociais (problemas com o patrão, na escola, família, namorada, etc…)

Para o especialista O’Neill, um sinal de que uma pessoa pode estar viciada nesse tipo de coisa é o fato de ela escolher conversar por MSN, e-mail ou por correio de voz, por exemplo, em situações nas quais o contato físico, “cara a cara”, seria mais apropriado.

Ele também cita como um comportamento preocupante o hábito de deixar de passar tempo com a família ou os amigos para checar o correio eletrônico, telefonar, ou usar a internet. Ou ainda a incapacidade de sair de casa sem o celular, ficar relaxado sem checar o e-mail constantemente ou parar de usar a rede.

Pra que estou escrevendo isso? Porque acho os seres humanos adoram um vicio. Quem não é viciado em alguma coisa?? Não estou aqui para radicalizar nem defender os extremos. Estou aqui propondo uma discussão acerca das tecnologias e do nosso futuro. Será que precisamos de um celular que tem camera, mp3, gps, acesso ao email, video, tv, etc etc? Será que precisamos checar nosso email incessantemente inclusive de noite e nos finais de semana? Será que precisamos comprar tudo que lança se o que temos já nos serve? Será que é certo ensinar nossos filhos a usar o msn, para depois larga-los numa lan house, enquanto poderiamos chamar os amigos para passar a noite em nossas casas? Será que precisamos comprar um video game individual pra cada um deles, ao invés de comprar um que sirva pra toda familia junta? Será que todos os nossos projetos de futuro, de dinheiro e de vida precisam depender de algum programa do computador?

Surpresa


Essa semana vi dois filmes que baixei por curiosidade. Achei que não iam valer nada, e me surpreenderam.

O primeiro, Martian Child, achei que seria um daqueles dramas só pra chorar e depois nem lembraria. Que nada, a história é linda, e o menino que escolheram pra fazer o papel é comovente e cativante. A história é muito bonita, e nos tempos de egoismo que vivemos, toca no fundo.

O segundo, Into the wild, é o tipo de filme que demora pra gente entrar. Nos primeiros minutos a gente pensa que vai ser um filme denso e chato. Denso ele é, mas nada chato. Conta a comovente historia real de um jovem profundo demais pro nosso tempo, que decide se aventurar na sua viagem ao Alaska para se conhecer melhor. É profundo, é comovente, um daqueles filmes que nos fazem pensar nos caminhos de nossas vidas.

E a foto real dele nos hipnotiza.

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