A essa hora, nove anos atrás eu estava cansada, suada, descabelada e meio assustada também, mais em estado de choque acho. Gabriel nasceu as 00:27. E eu como mãe nasci ali também. Eu como adulta nasci ali também. Parabéns pra nós dois 😛
Autor: Aline Sieiro (Page 26 of 30)
Há muito, muito tempo, quando os deuses ainda viviam entre os homens, havia na Grécia um rei que tinha três filhas. Todas belíssimas, todas em idade de casar, que, por favor, recordem-se, casar naqueles tempos era o mais importante ritual de passagem, e não só para as mulheres…
Falei que as filhas do rei eram belas, mas a mais nova delas, Psiquê, era mais do que bela. As palavras humanas não davam conta de descrever seus encantos e os milhares de pretendentes que chegavam ao reino, atraídos pela fama das irmãs, sentiam-se indignos diante dela e sequer ousavam pedi-la em casamento. O reino fervilhava, gente de todos os lugares vinham em romarias e se deixavam ficar pela cidade, apenas esperando ver a jovem princesa passar; músicas e poemas eram escritos em sua homenagem, mas Psiquê, no alto do castelo de seu pai, continuava solitária: nenhum homem podia se apaixonar por uma mulher bela como uma deusa…
A fúria de Afrodite E como os deuses não costumam tolerar os arroubos divinos dos humanos…Afrodite estava mais do que furiosa! Como ousava uma mortal ser mais bela do que a própria Deusa da Beleza? “Vê, Grande Mãe da Natureza, origem de todos os elementos, observa como tu, que és a alma de todo o universo, estás dividindo as honras da majestade com uma simples mortal e como teu nome está sendo profanado pelos humanos!”, resmungava a deusa para si mesma. Chamou seu filho, quem senão Eros, o Deus do Amor e mandou, como só mandam as mães: Psiquê deveria se apaixonar perdidamente pelo mais horrendo dos homens. E mal disse, partiu, deixando o filho com a imagem da princesa. Partiu Afrodite, solene, para o mar, onde nascera, e que se abria, encantado a cada vez que a deusa tocava os pés nas brancas espumas…
O destino de Psiquê Enquanto isso, desesperado com a situação da filha mais nova, o rei havia decidido buscar os conselhos do oráculo do deus Apolo: “Vista a princesa de luto, leve-a à mais alta rocha à beira do mar. Lá, uma serpente alada virá buscá-la e a transformará em sua esposa!”. Terrível profecia! Mas como os gregos não costumavam discutir os conselhos dos deuses, a bela Psiquê foi levada em cortejo pelas ruas para cumprir seu destino, em meio às lágrimas e à tristeza de todos.
Mas qual seria o destino de Psiquê? Sem querer — ops, como pode uma deusa fazer algo sem querer? — Afrodite não tinha apenas alterado o futuro de sua rival. Sozinho com a imagem da jovem, Eros, havia se apaixonado, irremediavelmente…Uma pausa, só para perguntar se você reconhece por detrás do cenário os temas universais que tornam esta história fascinante ainda hoje?
Mas espere só para ver…é claro que será Eros em forma de “monstro alado” que vai resgatar Psiquê acorrentada no alto do rochedo. É ele que vai tornar-se seu esposo, com uma única condição: a princesa jamais poderia ver o rosto do marido! Parece fácil, não é? Mas todas as mulheres que um dia tentaram manter casamentos ou relações à custa de varrer para baixo do tapete os aspectos sombrios do parceiro ou da relação sabem que esta é realmente uma tarefa impossível.
Curiosidade e revelaçãoE foi impossível mesmo para Psiquê. Embora feliz como um gato (parênteses: quer dizer, vivendo como uma rainha, rodeada de todo luxo de que precisava e com um marido amoroso que só via à noite e no escuro…) algo incomodava. Um dia, alimentada pelas suspeitas das irmãs invejosas de sua riqueza, ela decide descobrir com quem estava realmente casada. Aproximou-se do marido e, pela primeira vez ousou olhar. E, imediatamente, apaixonou-se pelo Deus do Amor…Psiquê, aflitíssima, queria voltar atrás, fingir que nada havia acontecido, continuar sua vidinha, mas não era mais possível. A cera da lâmpada escorreu e pingou no rosto do deus adormecido…
E lá está a pobre Psiquê em prantos… Eros, indignado, vai embora sem ouvir as desculpas nem ligar para as lágrimas da esposa. E, de certa forma, é neste momento que a história começa de verdade. Porque, para recuperar o amor e a confiança do marido, Psiquê precisa percorrer um longuíssimo caminho.
A longa viagem da almaEm grego, Psiquê significa “alma”. No momento em que conhece o esposo, a jovem se transforma em mulher, apaixona-se e precisa sair em busca de si mesmo. A história de Psiquê foi usada pelos estudiosos como analogia para a história do desenvolvimento da alma. E não são fáceis estes movimentos da alma. Assim como a jornada de Psiquê, o caminho do autoconhecimento e do amor verdadeiro é cheio de perigos, cheio de armadilhas. Nenhum herói se faz sem provar sua coragem e sua competência. Psiquê é uma história de heróis, feminina…
Quando parte em busca do amado, Psiquê está absolutamente só…mas grávida (talvez porque as mulheres, quando decidem percorrer seu caminho feminino, nunca estejam de fato sós; talvez porque toda decisão de mudança faça germinar uma semente de possibilidades) Mesmo assim, nem os outros deuses se atrevem a ajudá-la. Finalmente, é levada até a própria Afrodite que, como não poderia deixar de ser, uma vez que este é um legítimo conto de fadas, impõe à moça várias tarefas, para testá-la ou para destruí-la. As tarefas de PsiquêSeu primeiro trabalho é separar um gigantesco monte de grãos variados em pilhas organizadas. E como não podia pedir ajuda aos deuses, Psiquê, chama pelas pequenas criaturas da terra e as formigas veêm em seu auxílio. Depois desta, Afrodite manda a nora trazer a penugem de ouro que cobria a pele de uns carneiros ferozes que vagavam pelos campos. Mais uma vez, quem salva a moça é uma criatura da terra, um junco que lhe dá bons conselhos: “seja paciente, menina, aguarde o momento certo. Quando cair a noite, os ferozes carneiros não vão parecer tão ferozes, nem tão ameaçadores para quem traz em si a semente do feminino…”
Para completar a terceira tarefa, Psiquê deve trazer a água da fonte que alimenta os rios infernais, no cume de um rochedo. Desta vez, quem vem ajudar a jovem é a águia de Zeus, a pedido de Eros, que começava a sentir saudades da esposa. Afrodite dá ainda à moça uma última tarefa. A mais difícil. E se você, que está lendo é mulher vai concordar…Psiquê deve descer até as profundezas do mundo subterrâneo e pedir o creme de beleza de Perséfone, a rainha do Hades. Quando a moça já vem vindo de volta, quase chegando, quase vitoriosa, não resiste e abre a caixinha, na esperança de passar na pele um pouquinho só do creme mágico e tornar-se mais bela…para Eros. E no mesmo instante, é envolvida pelo sono da morte! Não, nem adianta se impacientar com a vaidade da moça. Vaidade e “fracasso”Erich Neumann, que conta a história no belo livro Eros e Psiquê, comenta: no momento em que escolhe o fracasso de forma tão paradoxal, Psiquê realiza seu destino feminino (lembram que eu falei que esta é uma aventura, com heróis e tudo, mas heróis femininos…). E obtém o perdão de Afrodite, que reconhece na moça que desiste de tudo por amor um pouco de si mesma. E é um Eros que não tem mais nada do menino ferido, que busca abrigo nas pregas da saia da mãe, quem vai acordar Psiquê. Ele devolve o sono à caixinha, toca a mulher com a ponta de suas asas e diz a ela para ir cumprir sua tarefa até o final, sem medo…É ele que vai ao Olimpo, solicitar a benção dos deuses para o casamento. E é ele que pede a Hermes, o deus-guia que conduza Psiquê à sua nova e eterna morada. Final feliz e recomeçosA história acaba como devem acabar todas as histórias: os deuses comemoram as núpcias de Psiquê e Eros com um grande banquete. Zeus oferece à jovem o néctar da imortalidade. Afrodite, a Grande-Mãe, ora terrível, ora bela, apaziguada, recebe sua nora. E juntas celebram o mistério do nascimento e do renascimento, quando Psiquê dá à luz uma menina, Volúpia…que vai ser chamada também, Deleite ou Bem-aventurança. Expressão mais do que feminina da união entre o humano e o divino…
Eu não sei voar
Isso é ilusão
Ninguém pode andar
Com os pés fora do chão
CLEMENTINE Do you know The Velveteen Rabbit? JOEL No.
CLEMENTINE It’s my favorite book. Since I was a kid. It’s about these toys. There’s this part where the skin Horse tells the rabbit what it means to be real. I can’t believe I’m crying already. He says, “It takes a long time. That’s why it doesn’t often happen to people who break easily or have sharp edges, or who have to be carefully kept. Generally by the time you are Real, most of your hair has been loved off, and your eyes drop out and you get loose in the joints and very shabby. But these things don’t matter at all, because once you are Real you can’t be ugly, except to people who don’t understand.”
Os momentos mais íntimos de um casal não são os sexuais. São os momentos de entrega, em que um se permite ser visto como quem realmente é, sem mascaras, com fraquezas, defeitos e ainda sim seja capaz de ter ver com admiração. É olhar o podre dentro de cada um, e continuar sendo capaz de ver também o belo. Isso é muito íntimo, e dificil.
Hoje em dia é mais facil ver só a beleza externa, o sexo facil, e trocar de parceiro como se troca de calcinha. Òtimo, nao vamos julgar, afinal cada um vive como pode, não é mesmo. Mas a beleza do momentos de intimidade de um casal ninguém conseguiu ainda substituir. Como aquela cena do filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembraças, em que Clem diz pra Joel como se sentia feia quando criança, e como tem medo de ser feia. Tudo que ela quer é alguém que possa a enxergar, e ver sua beleza.
Vou achar o texto.
Não é só a catátrofe que une as pessoas, como dizem. Pelo menos é nisso que tenho pensado. A vontade e esperança de ser feliz também une muito as pessoas. É por acreditar nisso que as pessoas se relacionam, after all. As pessoas se unes também para se eternizarem, para nunca morrer. Sempre existirão na memória de alguém.
Por isso que acredito nos relacionamentos. Porque se relacionar é uma necessidade humano, é o que nos faz sentir vivos. É o que nos mostra que nçao nascemos só para morrer um dia. Pra mostrar que não somos meros passantes pela vida. Que podemos fazer diferença pra alguém, para um outro, nem que seja por apenas um minuto.
Não somos uma ilha.