Categoria: Educação (Page 2 of 8)

PLC 122 e Jean Wyllys

Acabei de ler o texto de Jean Wyllys para o Jornal do Brasil. É o tipo de conteúdo que precisamos passar adiante e discutir. A liberdade não deveria ser negociável.

(Fonte: Leandro Fortes, texto completo aqui)

Em primeiro lugar, quero lembrar que nós vivemos em um Estado Democrático de Direito e laico. Para quem não sabe o que isso quer dizer, “Estado laico”, esclareço: O Estado, além de separado da Igreja (de qualquer igreja), não tem paixão religiosa, não se pauta nem deve se pautar por dogmas religiosos nem por interpretações fundamentalistas de textos religiosos (quaisquer textos religiosos). Num Estado Laico e Democrático de Direito, a lei maior é a Constituição Federal (e não a Bíblia, ou o Corão, ou a Torá).

Logo, eu, como representante eleito deste Estado Laico e Democrático de Direito, não me pauto pelo que diz A Carta de Paulo aos Romanos, mas sim pela Carta Magna, ou seja, pelo que está na Constituição Federal. E esta deixa claro, já no Artigo 1º, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana e em seu artigo 3º coloca como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A república Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da prevalência dos Direitos Humanos e repúdio ao terrorismo e ao racismo.

Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.

Seus discursos de ódio têm servido de pano de fundo para brutais assassinatos de homossexuais, numa proporção assustadora de 200 por ano, segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. Incitar o ódio contra os homossexuais faz, do incitador, um cúmplice dos brutais assassinatos de gays e lésbicas, como o que ocorreu recentemente em Goiânia, em que a adolescente Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, que, segundo a mídia, foi brutalmente assassinada por parentes de sua namorada pelo fato de ser lésbica. Ou como o que ocorreu no Rio de Janeiro, em que o adolescente Alexandre Ivo, que foi enforcado, torturado e morto aos 14 anos por ser afeminado.

O PLC 122 , apesar de toda campanha para deturpá-lo junto à opinião pública, é um projeto que busca assegurar para os homossexuais os direitos à dignidade humana e à vida. O PLC 122 não atenta contra a liberdade de expressão de quem quer que seja, apenas assegura a dignidade da pessoa humana de homossexuais, o que necessariamente põe limite aos abusos de liberdade de expressão que fanáticos e fundamentalistas vêm praticando em sua cruzada contra LGBTs.

Assim como o trecho da Carta de Paulo aos Romanos que diz que o “homossexualismo é uma aberração” [sic] são os trechos da Bíblia em apologia à escravidão e à venda de pessoas (Levítico 25:44-46 – “E, quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas…”), e apedrejamento de mulheres adúlteras (Levítico 20:27 – “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles…”) e violência em geral (Deuteronômio 20:13:14 – “E o SENHOR, teu Deus, a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR, teu Deus…”).

A leitura da Bíblia deve ensejar uma religiosidade sadia e tolerante, livre de fundamentalismos. Ou seja, se não pratica a escravidão e o assassinato de adúlteras como recomenda a Bíblia, então não tem por que perseguir e ofender os homossexuais só por que há nela um trecho que os fundamentalistas interpretam como aval para sua homofobia odiosa.

Não declarei guerra aos cristãos. Declarei meu amor à vida dos injustiçados e oprimidos e ao outro. Se essa postura é interpretada como declaração de guerra aos cristãos, eu já não sei mais o que é o cristianismo. O cristianismo no qual fui formado – e do qual minha mãe, irmãos e muitos amigos fazem parte – valoriza a vida humana, prega o respeito aos diferentes e se dedica à proteção dos fracos e oprimidos. “Eu vim para que TODOS tenham vida; que TODOS tenham vida plenamente”, disse Jesus de Nazaré.

Não, eu não persigo cristãos. Essa é a injúria mais odiosa que se pode fazer em relação à minha atuação parlamentar. Mas os fundamentalistas e fanáticos cristãos vêm perseguindo sistematicamente os adeptos da Umbanda e do Candomblé, inclusive com invasões de terreiros e violências físicas contra lalorixás e babalorixás como denunciaram várias matérias de jornais: é o caso do ataque, por quatro integrantes de uma igreja evangélica, a um centro de Umbanda no Catete, no Rio de Janeiro; ou o de Bernadete Souza Ferreira dos Santos, Ialorixá e líder comunitária, que foi alvo de tortura, em Ilhéus, ao ser arrastada pelo cabelo e colocada em cima de um formigueiro por policiais evangélicos que pretendiam “exorcizá-la” do “demônio”.

O que se tem a dizer? Ou será que a liberdade de crença é um direito só dos cristãos?

Talvez não se saiba, mas quem garantiu, na Constituição Federal, o direito à liberdade de crença foi um ateu Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Aforjá, Jorge Amado. Entretanto, fundamentalistas cristãos querem fazer uso dessa liberdade para perseguir religiões minoritárias e ateus.

Repito: eu não declarei guerra aos cristãos. Coloco-me contra o fanatismo e o fundamentalismo religioso – fanatismo que está presente inclusive na carta deixada pelo assassino das 13 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.

Reitero que não vou deixar que inimigos do Estado Democrático de Direito tente destruir minha imagem com injúrias como as que fazem parte da matéria enviada para o Jornal do Brasil. Trata-se de uma ação orquestrada para me impedir de contribuir para uma sociedade justa e solidária. Reitero que injúria e difamação são crimes previstos no Código Penal. Eu declaro amor à vida, ao bem de todos sem preconceito de cor, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de preconceito. Essa é a minha missão.

Jean Wyllys (Deputado Federal pelo PSOL Rio de Janeiro)


 

Cresce inclusão de estudantes com deficiência em sala comum

Nos últimos dez anos, o número de alunos com deficiência matriculados em turmas regulares de escolas públicas aumentou 493%. Em 2000, eram 81.695 estudantes; em 2010, 484.332 ingressaram em classes comuns. 

Os dados do Censo Escolar são comemorados pela secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, Cláudia Dutra. Segundo ela, os dados positivos são resultado de uma política de inclusão que começou a ser discutida com a sociedade e sistemas de ensino em 2003. “Esta é uma conquista que representa um amplo processo de mobilização educacional”, observa. 

A secretária explica que, a partir da implementação dessa política, o foco passa a ser a acessibilidade e não a deficiência do estudante. “Antes, acreditava-se que o estudante com deficiência não tinha condições de estudar e que esta falta de condição estaria nele, quando na verdade pouco havia sido feito para eliminar as barreiras de acesso ao aprendizado dessas pessoas”, afirma. 

De acordo com a secretária, outro marco para a educação especial ocorreu em 2008, quando foi dobrado o valor investido por aluno com deficiência no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Em 2010, foram investidos R$ 317 milhões em ações que vão desde o incentivo à implementação de salas multifuncionais e obras de acessibilidade até formação de professores para atuar com alunos com deficiência.    

A secretária destaca que, a partir do projeto pedagógico, é importante que o aluno com deficiência frequente a classe comum, e no turno oposto tenha um atendimento na sala de recursos multifuncionais. Para estimular essa política nas redes estaduais e municipais de educação, o MEC financiou a implantação de 24.301 salas de recursos multifuncionais, em 83% dos municípios e 42% das escolas públicas, no período de 2005 a 2010. 

As redes locais que queiram instalar as salas multifuncionais podem fazer o pedido no Plano de Ação Articulada (PAR). Já as escolas interessadas em melhorar a acessibilidade devem solicitar os recursos por meio do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola). Os recursos são repassados direto para a escola. 

Outra iniciativa considerada importante é a formação de professores. Em 2010, 68.117 professores receberam formação para atuar em educação especial em cursos financiados pelo MEC. 

Assessoria de Comunicação Social

Fonte: MEC

Somos responsáveis pela sexualização infantil precoce

Lendo a coluna do Provocador, me lembrei do que sempre falo nas minhas palestras sobre sexualidade: os pais reclamam da sexualização precoce de seus filhos e adoram culpar a sociedade, mas não conseguem perceber a responsabilidade que eles têm nesse processo.

Não sou radical, portanto não acredito ser possível (muito menos necessário) que as crianças sejam completamente isoladas e protegidas do que acontece social e culturalmente. Mas dai ao pulo de incentivar esse comportamento há um espaço muito grande. Chegamos ao absurdo dos sutiãs com bojo para crianças! Os pais e mães não conseguem ver isso?

 

Muitas mães se desesperam porque suas filhas adolescentes se tornam mulheres muito cedo. Mas poucas admitem o quanto dessa precocidade foi patrocinada dentro de casa.

Sem moralismo, por gentileza. Mesmo eu, na minha perversidade, não consigo imaginar uma menina de seis anos usando sutiã com enchimento. Mas tem mãe que, não só consegue, como estimula.

(…)

Quer dizer que não há limites para essa adultização da infância? Gravidez na adolescência, início cada vez mais precoce da vida sexual, o corpo feminino exposto antes mesmo de existir sensualmente? Assunto encerrado?

As mães nunca querem isso para uma filha. Mas são elas que incentivam seus bebês a se comportar como modelos numa passarela. É brincadeira, dizem. Inocência pura.

(…)

Acha bom sexualizar uma criança? Quer ensiná-la a se sentir um objeto de desejo?  Tudo bem. Mas depois não venha jogar a responsabilidade na sociedade permissiva em que vivemos. Cuida da sua filha, mulher.

 

Tenho duas palestras sobre o tema, disponíveis aqui e aqui.

Não há sentido prévio: o desentendido é o resto

“O morto ainda está quente. Vamos esperar esfriar”.


Com essa frase de humor negro, começo a pensar em como escrever um texto sobre tudo que aconteceu na escola do Rio de Janeiro. Quase não assisti televisão nessa época e da mesma forma evitei ler muitas reportagens que saíram discutindo o tema. Mas o pouco que vi me deixou incomodada, e fiquei me perguntando sobre a ética profissional e pessoal: que ética é essa?

Para tentar responder essa pergunta, comecei a pensar em como uma tragédia reaviva em nós o sentimento e o desejo de que a vida tenha um sentido pronto, uma verdade única e absoluta. No meio de tanta confusão, tristeza e mortes, surge o desejo de entender, compreender, refazer os passos da tragédia para encontrar algum alívio, alguma resposta que dê sentido a angústia da dor e incompreensão. Mas é nesse ponto que os problemas começam.

Na tentativa de entender quando tudo ainda está muito confuso e muito próximo ao evento, começamos a fazer associações e tecer teorias que falam menos do que aconteceu e respondem mais ao nosso desejo de descobrir a verdade sobre aquilo. E a mídia entra nesse viés produzindo entrevistas, reportagens e vídeos, repassando o senso comum e interpretações selvagens, radicais e em recortes fragmentados. Chuvas de interpretações, acusações e culpas que só contribuem para a perpetuação de verdades parciais e tendenciosas.

Parece difícil sustentar o não saber. Nem tudo tem um sentido e uma explicação racional, principalmente quando falamos de tragédias. Achar culpados é evitar pensar no não sentido da vida e de muitas experiências que vivemos ao longo dela.

Evitei escrever sobre o tema porque ainda acho muito cedo para tecer teorias. Talvez isso nem mesmo será possível. Entendo a necessidade social dessa prática, mas acredito que precisamos relembrar a ética que envolve a criação e a divulgação dessas interpretações desesperadas que se propagam com muita velocidade nos temos atuais.

A ética da psicanálise, entre tantas coisas, está no sustentar o não saber, o desentendido e tudo aquilo que não podemos compreender. Será que não estamos fazendo as perguntas erradas? Um exemplo: Não vamos pensar no por que ele matou tanta gente (era louco, fanático, psicótico?), mas sim no que todas as pessoas que passaram pela vida dele deixaram de fazer para que ele chegasse a agir da forma que agiu. O que nossa sociedade e nossa escola tem feito, dia a dia, para perceber e evitar que atitudes como essa aconteçam? E no pessoal, o que você, na especificidade da sua profissão, tem feito para mudar essa realidade e não perpetuar interpretações selvagens e especulativas? Qual é a linha que separa a escrita crítica da escrita que perpetua ações sensacionalistas? Qual a diferença entra uma pessoa desinformada que assiste a programas sensacionalistas e de você que faz críticas a esses programas mas continua assistindo? Por que pensamos primeiro em proibir o porte de armas e não em investir na educação, saúde, serviços psicológicos para que as pessoas não precisem buscar uma arma e uma ação de assassinato em massa?

Como sempre, deixarei vocês com mais perguntas e reflexões do que respostas. Por que a verdade é sempre parcial e singular.

Entender é sempre limitado.

Colóquios Multidisciplinares 2011 PET Letras UFU

DIA 12 DE ABRIL, ANFITEATRO 5-O

15h: Luar as avessas- Raul Seixas: vida e obra
Com Bruno de Sousa Figueira

16h: Cultura Hispânica: Colômbia e Espanha
Com nativos em intercâmbio na UFU

DIA 14 DE ABRIL, SALA 1U-209

14h: Tipologia de eventos acadêmicos
Com a Profª. Drª. Maria Cecília de Lima

15h: Sexualidade e Preconceito: desejo, prazer e culpa
Com a Psicóloga e Psicanalista Aline Accioly Sieiro

Realização: PET/LETRAS UFU

Obs.: emissão de certificados pela lista de presença. Não é necessário fazer inscrição prévia.

Médicos e Enfermeiras que punem para “ensinar”

Não é de hoje que escutamos todo tipo de história envolvendo pacientes, médicos e enfermeiros. Histórias sobre situações constrangedoras, horríveis e traumatizantes, mas que seguem sendo apenas histórias que beiram a fantasia e não a realidade. Não acreditamos muito nessas histórias porque ainda temos na nossa memória aquela imagem do profissional da saúde como alguém paternal, que está ali para cuidar e zelar do nosso bem estar. Para contrapor essa imagem quase santificada do médico e do enfermeiro, vamos pensar no complexo de Deus que ronda os hospitais e seus profissionais.

Lidar diretamente com a tensão de poder “salvar vidas” é algo que realmente mexe muito com a cabeça de uma pessoa. Imagine uma equipe de médicos e enfermeiros que vivem disso grande parte de suas vidas? Eles assistem ali na prática, pessoas que entram com uma série de problemas e que algum tempo depois saem “curadas”. Por mais pé no chão que essa equipe seja, alguma coisa “lá dentro” fica mexida, diferente, sentindo que se é possível “salvar uma vida”, então pode-se tudo.

Mas, se analisarmos de perto, o médico foi treinado para isso (que chamamos de salvar vidas). Ele foi treinado para consertar órgãos, para detectar problemas biológicos e físicos antes que eles possam desligar o sistema que chamamos de corpo. Então o médico é apenas um técnico do nosso corpo. Ele sabe e é treinado para consertar o que deu errado, de forma que possamos continuar vivos. Sei que esse olhar pode parecer um tanto quanto cruel, até porque o corpo humano não é apenas uma máquina, mas proponho esse olhar parcial com um objetivo. O médico, no final das contas, não é Deus e não faz mágicas. Ele faz aquilo que aprendeu e foi treinado para fazer. As vezes isso funciona e as vezes não funciona e pessoas morrem.

Mas viver essa vida e essa posição de “salvar vidas” se torna um papel tão importante na vida desses profissionais que eles se esquecem que essas pessoas não são apenas corpos. Elas tem subjetividade, histórias, experiências e livre arbítrio. Muitas brigas acontecem nos hospitais, entre o que o médico acha melhor para o seu paciente e o que o paciente quer pra si. E tantas vezes o paciente não é ouvido, extamente porque o médico tem até mesmo o poder de desautorizar o desejo do paciente, dependendo de qual desejo for esse.

Por isso tem se tornado comum que médicos e enfermeiros, além de apenas cuidar dos problemas dos pacientes, tentem “ensinar” lições a seus pacientes. Mas eles faltaram na aula de Psicologia, e tentam aplicar punições sem nem ao menos saber como funciona esse procedimento na Psicologia Comportamental, por exemplo. E ai começam as histórias (e aposto que se você parar pra pensar, deve ter uma também, sua ou de alguém próximo):

Chorando em um hospital, agulhada pelas dores das contrações do parto, mulheres brasileiras ainda têm de ouvir maus-tratos verbais como: “Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?“; ou “Não chora não que no ano que vem você está aqui de novo“; ou ainda “Se gritar, eu paro agora o que estou fazendo e não te atendo mais“. (Reportagem completa aqui)

Quando o paciente tenta o suicidio, a gente maltrata mesmo. Fazemos tudo de uma forma que ele sinta muita dor e aprenda que esse tipo de coisa não se faz. Por que você sabe né, esses meninos são todos mimados, só querem chamar atenção e dar trabalho.”


Histórias como essas acontecem todos os dias pelos hospitais brasileiros. A equipe do hospital se coloca numa posição em que se permite tomar atitudes que “beneficiarão” os pacientes. Mas eles se esquecem que não foram treinados para isso. Sem entender e sem saber como agir corretamente, saem passando “corretivos”, punições, em situações que eles julgam de acordo apenas com o senso comum e com seus valores pessoais.

Para certos casos eles demoram propositalmente no atendimento – “deixa sofrer pra aprender” – ou atendem da forma mais agressiva e dolorida possível “pra lembrar bem que isso não deve ser feito porque tem conseqüências”, como se isso pudesse surtir algum efeito positivo para o paciente.

Que a equipe médica se coloca nessa posição, a gente já sabe. E também sabemos que o paciente aceita tudo isso calado, em geral por se sentir culpado. Essa situação se assemelha aos casos de abuso e agressão, em que a vítima se sujeita ao agressor, por medo e tantos outros sentimentos. Mas médicos e enfermeiros não têm esse direito, e têm o dever de tratar igualmente todas as pessoas que chegam ao seu consultório, sem julgar cada caso a partir de seus valores. E se acham isso difícil, que larguem a medicina.

Mas, numa sociedade que valoriza o complexo de Deus dos médicos, incentivando e apoiando a Lei do ato médico***, parece mesmo que cada vez mais incentivamos os médicos a atuar nessa posição de lei, punido aleatoriamente enquanto fechamos os olhos para esses maus tratos. Até o dia que isso acontecer com você ou com alguém da sua família.

Temos que prestar mais atenção ao poder que estamos dando aos profissionais da saúde. E se um corpo não é apenas uma máquina, devemos começar também a prestar atenção na formações que esses profissionais estão tendo, já que passam anos voltados apenas para o funcionamento do corpo e esquecem que não somos apenas uma massa de carne, temos subjetividade e desejos, e merecemos respeito.

Vamos continuar lutando para a inserção de profissionais da Psicologia nos hospital e na equipe médica, não apenas para atender os pacientes, mas também para dar apoio e suporte aos profissionais da saúde.

** Com essa quantidade de séries sobre médicos e hospitais, podemos ver situações como essas sendo reproduzidas com facilidade. Nesse episódio da série Private Practice, uma médica que atende uma paciente cega, acredita que ela não é capaz de cuidar de sua filha, por causa da cegueira, e faz de tudo para que ela perca a guarda da criança.

Blind Love – Private Practice

*** Não ao projeto do ato médico: http://www.naoaoatomedico.org.br/index/index.cfm

Documentos comprobatórios do Lattes? Oh não…

Se você tem algum envolvimento com o currículo lattes, esse texto é pra você. Pode pular para o item Proposta. Vou fazer um apelo e tenho certeza que você também vai gostar da idéia. Agora se você não conhece o Lattes, leia que o texto é grande mas muito interessante!

Mas o que é o Lattes?

Segundo o site do CNPq, a plataforma Lattes é a base de dados de currículos, instituições e grupos de pesquisa das áreas de Ciência e Tecnologia. Seu objetivo é compatibilizar e integrar as informações coletadas em diferentes momentos de interação da Agência (como Cnpq e Capes) com seus usuários, objetivando aprimorar a qualidade da sua base de dados e racionalizar o trabalho dos pesquisadores e estudantes no fornecimento das informações requeridas pelo Conselho.

Mas pra que tudo isso? Por que não um currículo simples?

O sistema de currículos Lattes surgiu da necessidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de gerenciar uma base de dados sobre pesquisadores em C&T para credenciamento de orientadores no país. Antes do Lattes, tudo isso era feito em papel, em um sistema de currículos específico para credenciamento de orientadores (MiniCurrículo). Nessa época, a Agência acumulou cerca de 35 mil registros curriculares da atividade de C&T no país. Embora esses instrumentos tenham viabilizado a operação de fomento da Agência, a natureza das informações dificultava uma plena utilização dessa base de dados em outros processos de gestão em C&T. Por exemplo, não era possível separar co-autores ou mesmo contabilizar índices de co-autoria nos currículos.

Tá, mas agora me explica como se eu tivesse 5 anos!

O currículo Lattes permite à Instituição uma fácil visão e avaliação curricular dos docentes e discentes contemplando os seguintes pontos (via Wikipedia):

  • Estabelecer uma imagem institucional nos sensos;
  • Formação de grupos de trabalho e pesquisa;
  • Avaliar o seu trabalho enquanto pesquisador;
  • Diagnosticar o perfil do pesquisador com outros dentro de sua área de atuação.
  • possibilita a visibilidade da produção docente por grupos de pesquisa consulta em qualquer lugar do pais;
  • possibilidade de concessão de passagens para eventos científicos;
  • participação de projetos.
  • Em geral os órgãos de fomento consultam o currículo Lattes tornando-se de suma importância para as avaliações de produção científica.

Resumindo até agora

Para avaliar com mais facilidade alunos e professores envolvidos no meio acadêmico bem como as instituições em que eles fazem parte, o Lattes foi criado para que existisse apenas um único modelo de apresentação de dados. A partir da análise do currículo Lattes as pessoas/instituições podem pedir bolsas, financiamentos e verbas das agências governamentais. A coisa funcionou tanto que ele virou referência para concursos e até mesmo para o mercado de trabalho (algumas empresas já se baseiam no Lattes para escolha de candidatos).

Problemas

Mas nem tudo é lindo como parece. O lattes é cheio de problemas técnicos, problemas que os usuários reclamam desde o começo mas são obrigados a continuar usando. Para exemplificar um deles, você não pode simplesmente entrar e inserir os dados, digitando. É preciso escolher os dados num banco de dados da plataforma. Caso ainda não tenha cadastrado aquilo que você quer escrever, então primeiramente você precisa cadastrar para depois inserir o dado no seu currículo. Imagina fazer isso todo mês e com mil dados diferentes (do Brasil inteiro!)!!! Muitas pessoas passam meses com o Lattes desatualizado, exatamente pelo trabalho que é mantê-lo em dia. Mas se essa pessoa está em contato permanente com o meio acadêmico, é preciso deixar o Lattes sempre atualizado. Isso significa inserir toda e qualquer produção que esta pessoa esteja fazendo (apresentações, publicações, artigos e por ai vai). Quando você é inciante isso parece simples. Mas imagine depois de 10 anos de academia. A coisa vai ficando tensa.

Todo mundo que se preze no meio acadêmico tem um lattes. É a primeira coisa que a gente pesquisa quando quer saber mais (profissionalmente) sobre uma pessoa e sua formação. Lendo seu lattes eu sei “de onde você vem” e o que você tem feito. Dou aqui alguns exemplos de Lattes para que vocês entendem do que se trata: o meu, o da minha mãe e do meu orientador.

Outro grande problema está na tal comprovação. Aqui no Brasil confiança não é uma coisa que a gente tenha de sobra. E as pessoas começaram a mentir, inventar dados na hora de preencher o lattes. Então todas as instituições que utilizam o lattes começaram a pedir os documentos que comprovam que aquelas informações digitadas são verdadeiras. Ah, então você apresentou trabalho em evento? Onde está o certificado? Ah, então você publicou um artigo? Onde está a cópia dele na revista científica ou no livro? Ah, então você foi convidado pra dar aula ou ganhou um prêmio? Onde está o comprovante disso?


Agora você imagina o tamanho da pasta de documentos comprobatórios para uma pessoa como a minha mãe ou o meu orientador? Vocês deram lá uma olhada no currículos deles? Pois é, tem que comprovar CADA UM daqueles itens. Com papéis (xerox). O meu que ainda é curto já dá um trabalhão!!! E quem está envolvido com o meio acadêmico acaba tendo que fazer essa comprovação (documentos xerocados entregues e não devolvidos) muitas vezes no ano. As agências e instituições dizem que isso é necessário pois tudo precisa ficar devidamente comprovado e arquivado. Então o que fazer para não enlouquecer cada vez que for preciso comprovar os dados do lattes?

Proposta

Se os documentos são sempre os mesmos e só vão sendo acrescentados, por que não digitalizá-los e montar um arquivo digital e/ou online? No momento em que surgir a necessidade de comprovação, basta enviar um email com todos os arquivos (no formato desejado pela instituição, PDF por exemplo) ou colocar toda documentação em um CD. Assim não seria necessário gastar árvores e mais árvores com os papéis de xerox, além da economia de tempo e dinheiro.

1. Ah, mas as instituições precisam guardar toda documentação em arquivo para que no futuro tenham como comprovar, caso ocorram problemas.

Ok, se entregamos toda a documentação em CD, esse CD pode ser arquivado tanto quanto eram arquivados os papéis. Ainda ocupando menos espaço em armários. Se as informações forem enviadas por email a instituição pode criar um banco de dados online com direito a backup – que aliás é muito mais seguro.

2. Ah, mas CD estraga!

E papel não? Papel mofa, é comido por cupim e pode pegar fogo.

3. Ah, mas ai cada um vai entregar em um formato diferente, em um CD ou programa diferente e teremos problemas para abrir os arquivos, vai dar muito trabalho.

Uma adaptação será necessária, isso é fato. Toda mudança exige adaptações e problemas não previstos podem acontecer no caminho. Mas é possivel começar instituindo em que formato os arquivos serão aceitos e criando regras a respeito dessa entrega.

4. As pessoas podem alterar documentos no formato digital. Como vamos no precaver contra falsificações? Só o papel tem esse poder. (Tá essa última frase foi irônica!)

Quando as pessoas querem falsificar um documento elas falsificam no formato digital, no papel e em qualquer lugar. Problemas com falsificações ocorrem em qualquer formato. Até porque as xerox que entregamos não são autenticadas em cartório e mesmo se fossem também seriam passíveis de falsificação. Sempre existirão pessoas tentando enganar o sistema, isso independe do formato.

Bom, eu poderia ficar aqui descrevendo os mil problemas que as agências e as instituições vão criar. Mas ao invés disso vou gastar o final do meu texto fazendo um apelo:

Se você é professor e está envolvido em bancas de concursos, escritas de textos dos editais ou é funcionário das agências de fomento, esse apelo é para você. Sabe quando dizem que não é possível mudar o mundo mas é possível mudar nossa realidade? Então, essa é hora. Proponha essa idéia ai no seu campo de trabalho. No próximo edital de concurso, vagas, bolsas ou qualquer um deles, peça a comprovação do lattes em formato digital. Se quiser eu ajudo você a pensar melhor nessa idéia. Mas vamos mudar essa forma caquética e antiquada de fazer as coisas na academia. Essa é a hora!

Os alunos agradecem, as árvores agradecem, o nosso bolso agradece e tenho certeza que você também vai agradecer depois de perceber os benefícios.

Contando histórias e criando sentido – Deficiência Visual

A história

Pra quem ainda não sabe, tenho um filho de 12 anos que possui baixa visão. De acordo com os mil exames e mil médicos que já passamos, ele enxerga 0,03 em um olho e 0,05 no outro. Se você é esperto e foi pesquisar, já percebeu que de acordo com a tabela oficial ele é considerado quase cego. Mas os médicos percebem que essa tabela não consegue ser tão precisa como deveria, já que ele tem essa porcentagem ai mas enxerga como uma pessoa que tem baixa visão. Diagnósticos, como sempre, não dão conta da subjetvidade e da singularidade de cada caso, mas esse não é objetivo desse meu texto. Hoje eu vou começar a contar uma história (das mil que vivemos) sobre como é ser mãe de uma criança com baixa visão nesse mundo ai de doido.

Fazer esportes, para quem é cego ou tem baixa visão, é uma coisa complexa. A maioria dos esportes envolvem corridas ou necessitam de uma relação com um objeto/objetivo distante, que obviamente não podem ser vistos por uma pessoa que não enxerga direito. Então, depois de tentar muitos deles (até mesmo os adaptados) nada deu certo para o Gabi. E não é mesmo da personalidade dele gostar de esportes, então ficamos sem opções para as atividades extra-curriculares. Aqui em casa temos uma ligação muito forte com a música e com isso ele desenvolveu interesse no aprendizado do teclado. Mas pagar por um professor particular estava fora das nossas possibilidades, então bora atrás do Conservatório.

Aqui em Uberlândia o Conservatório Municipal oferece muitas aulas de música: diversos instrumentos para diversas idades e de graça. Basta que no final do ano você se inscreva no processo seletivo e seja selecionado. Ao entrar em contato com eles, em setembro no ano passado, descobri que crianças com “necessidades especiais” (detesto esse termo) têm um processo seletivo a parte já que existem vagas específicas voltadas para esse grupo. Entrei no site e quando terminei de preencher as mil lacunas fui direcionada para uma página que me dizia que a data dos “especiais” era diferente e que eu teria que entrar em contato com o Conservatório. Depois de passar a tarde tentando (porque só dava ocupado) uma pessoa me atendeu, me passou pra outra, que me passou para outra que finalmente me disse que eu teria qe fazer tudo de novo porque a data da entrevista deveria ter aparecido depois do meu Enter final e que se não apareceu é porque eu fiz algo de errado. Já era tarde e eu deixei para fazer no dia seguinte.

No dia seguinte fiz a mesma coisa e o mesmo problema aconteceu. Liguei novamente e depois de novos redirecionamentos da ligação, alguém me diz que os dias de entrevistas seriam em novembro e que era só aparecer lá, já que no site estava dando erro. (Custava ter me dito isso da primeira vez?)

Meses depois, finalmente chega o dia da entrevista. Haviam me pedido para levar o laudo comprovando a deficiência e eu prontamente tirei cópia e levei. Durante a entrevista uma professora de surdos me pediu desculpas pois a professora de cegos não estava, mas ia fazer a entrevista por ela. Perguntou com detalhes quais eram as questões do Gabi e que adpatações deveriam ser feitas. Fomos embora com a sensação de que ele passaria.

Em janeiro deste ano recebemos uma ligação confirmando a aprovação e pedindo nossa presença no dia seguinte (sem falta) com os documentos necessários, para a efetivação da matrícula.  Nenhuma outra instrução foi dada, apenas que levássemos os documentos. Era onze horas da manhã e eu teria que largar todo meu planejamento do dia para correr atrás dos documentos (já que eu só poderia efetivar a matrícula no dia seguinte). Me perguntei o que faz uma mulher que não pode mudar seu planejmento porque não tem uma agenda de trabalho tranqüila como a minha – ela perde a matrícula ou o dia de trabalho, claro.

No dia seguinte estávamos lá no Conservatório eu, Gabi e os mil documentos. Chegamos as 14:00 e a senhora da recepção não estava mais distribuindo senhas porque tinha muita gente. (Como se isso fosse problema de quem estava indo fazer matrícula). Mas como o Gabi era “especial” poderia entrar e não precisaria ficar na fila. Esta mesma senhora me levou ao local de matrícula junto com um outro senhor cego que também aguardava, sozinho, ser chamado para a matrícula. Enquanto passávamos pela fila senti olhares furiosos nos fuzilando (o Gabi tem deficiência mas não parece ter, então as pessoas não entendem porque não vêem nada de diferente). Esta senhora nos avisou: vocês tem que fazer matrícula com a D., somente com a D.

Cerca de 20 minutos depois alguém me chamou de dentro da sala (entupida de pessoas). Entramos lá e uma moça gentilmente veio fazer a matrícula. Eu avisei que a senhora lá da frente havia me pedido para fazer matrícula somente com a D. Essa D. estava do meu lado e disse que qualquer um poderia efetivar a matrícula. Entreguei os documentos e avisei que o Gabi era DV. Ela entendeu e me pediu novamente os documentos que eu entreguei no dia da entrevista (Perderam? Claro…) e como eu sou preparada, entreguei tudo de novo. Ela fez a matrícula, escolheu os professores e me disse que estava tudo certo, era só comparecer no primeiro dia de aula. Saímos e pude escutar alguém da fila dizendo para o filho: “Tá vendo, precisa ser “especial” pra ser atendido logo…” Ah, e o senhor que estava sozinho ficou lá, sabe-se lá quem iria se lembrar dele e chamar o próximo. E eu já tinha avisado umas três vezes que ele estava aguardando…

Duas semana depois eis que chega o primeiro dia de aula. Ele teria musicalização e depois a aula prática. Já na aula de musicalização, com 5 minutos de aula, a professora sai da sala e me explica que a apostila que ela trabalha não estava dando certo com ele pois ele não estava enxergando (De que adiantou mesmo os relatórios com laudo, a entrevista para saber as adaptações necessárias?). Pediu meu email para que me passasse o conteúdo e assim eu poderia providenciar as adpatações necessárias. (Mas perai, esse negócio do governo não tem que me fornecer o material já adaptado? Tem né, mas a gente sabe que não é isso que acontece, as mães já estão acostumadas a adaptar elas mesmas…) Terminando essa aula, fomos para a prática. A professora do Gabi era a professora de surdos e logo percebeu que haviam feito a matrícula dele errada. Nos levou na sala da professora de cegos e explicou. Esta nova professora, R., prontamente nos encaixou em seu horário e até aproveitou para encaixá-lo numa prática de grupo (só com cegos). Achei o máximo mesmo achando essa nova professora um tanto simpática demais, até mesmo bajuladora demais. E lá fomos para a secretaria passar os novos horários e explicar a confusão.

Chegando na secretaria, R. explicou tudo o que havia acontecido, aumentando mais ainda o grau de simpatia e bajulação (e foi ai que caiu minha ficha – serviço publico nego tem que bajular, elogiar e plantar bananeiras para que o outro faça aquilo que na verdade é sua obrigação) e logo escutou um “não dá, o sistema não deixa. Pq você não avisou que ele era DV na matrícula?“. Juro que minha vontade era de esganar um, mas com minha grande paciência avisei que isso tinha sido feito mas aparentemente o engano havia ocorrido da mesma forma. Depois de me olhar com aquela cara de “você está errada e agora não tem jeito”, virou para o colega e começou a conversar. Oi, e eu? … R. me olha e pede que eu aguarde uma vaga no horário dela. Isso poderia levar 6 meses, até mesmo um ano. Eu olhei bem séria pra ela e disse que não seria possível aguardar e que o Gabriel poderia perfeitamente continuar com a prof. de surdos até ela conseguir uma vaga (até pq eu tinha gostado mais dela mesmo). E assim voltamos para a sala e tocou o sinal. E o Gabriel não teve sua primeira aula.

Trocando em miúdos

Serviço público funciona? Claro que funciona. O problema não é o funcionar ou o não funcionar e sim o COMO funciona. Que o Gabriel terá aulas de teclado isso eu tenho certeza. Agora todo o estresse que se passa para que isso aconteça é que é demais. Imagina aquela pessoa que precisa do serviço público pra tudo na vida? E o pior, você não tem onde reclamar, não tem SAC, não pode sair dando piti dizendo que vai procurar o concorrente…

Agora a reflexão que eu proponho aqui é: adianta sair por ai dizendo que tudo é culpa do governo ou do político corrupto? Claro que muitos desses problemas acabam refletidos no dia-a-dia, mas tudo que eu vi ali foi uma porção de gente fazendo seu trabalho de qualquer jeito, cometendo uma série de erros, um atrás do outro, como se a população tivesse que agüentar pois não paga nada e está recebendo um “favor”. Queridos amigos: o problema é sempre a pessoa, aquela que está ali fazendo seu trabalho de qualquer jeito porque se acha mal paga, coitada, ou sei lá mais o que. Ao invés de lutar por seus direitos, faz o seu trabalho de qualquer jeito e prejudica uma outra pessoa que provavelmente luta pelos mesmos problemas que ela no seu trabalho. Então meu amigo, você que está ai pensando que é um coitado, um ferrado pelo sistema, acorda! Vai pensar em que responsabilidade você tem nisso tudo e nessa cadeia de porcaria que tem se tornado sua vida e a vida de quem depende de você.

Agora em relação as deficiências e o seus “direitos”, continua sendo difícil exigir aquilo que temos direito porque ficamos cansados e, se temos condições, preferimos pagar para não ter tanta dor de cabeça. Se eu fosse exigir o material adaptado, meu filho ficaria pelo menos 30 dias tendo aula sem material. Se eu fosse exigir a professora “correta”, ficaria de seis meses a um ano esperando a vaga. E por ai vai.

Vou viver um pouco mais dessa experiência e depois volto aqui para contar mais.

….

Anexo

Essa sou eu fazendo minha parte: http://www.sitiodainclusao.com.br/

Falarei mais sobre isso em um novo texto logo logo.

Podcast Episódio 7 – A “pedagogização” da internet

Nesse episódio eu e a prof. Dilma conversamos sobre o uso da internet e de novas tecnologias na educação (twitter, facebook, video-games, etc), inclusão digital e reconhecimento de produção acadêmica em novas linguagens na internet.

Mencionado durante a gravação:

Revista A Margem (PET Letras/UFU)

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