Categoria: Psicologia (Page 4 of 9)

Depressão ou Melancolia?

Freud em seu artigo “O mal estar na civilização” convoca os psicanalistas a se ocuparem do mal estar do homem no mundo civilizado e a se interessarem pela subjetividade contemporânea. Isso porque a psicanálise está interessada na causa da insatisfação e da angústia do sujeito com o mundo dos objetos. Essa insatisfação já havia sido notada por Freud desde então, pois sua experiência clínica o levou a pensar a tensão nas relações entre sujeito e sociedade e nas formações sociais construídas como respostas ao conflito, que acabava por acarretar mais sofrimento do que seu enfrentamento. O que muda hoje é a realidade em que esse sujeito vive; estamos face à dialética entre subjetividade e sociedade na linha do tempo das relações sociais. Ao estudar as modalidades do sofrimento psíquico, os sintomas, compreende-se a sociedade da qual os sujeitos fazem parte, ao mesmo tempo em que ao estudar a sociedade e suas formações compreende-se as modalidades de sofrimento psíquico presentes na história de vida dos homens, num determinado tempo histórico.

Segundo Roudinesco, “o sujeito freudiano é um sujeito livre, dotado de razão, mas cuja razão vacila no interior de si mesma. É de sua fala e de seus atos, e não de sua consciência alienada, que pode surgir o horizonte de sua própria cura Assim,  a psicanálise é única, pois instaura o primado de um sujeito habitado pela consciência de seu próprio inconsciente, ou ainda pela consciência de seu próprio desapossamento. Em outras palavras, o sujeito freudiano só é possível por pensar na existência de seu inconsciente, no que é próprio de seu inconsciente. Do mesmo modo, só é livre porque concorda em aceitar o desafio dessa liberdade restritiva e porque reconstrói sua significação.”

A melancolia recebeu a atenção de Freud desde a pré-história da psicanálise. No Rascunho A, escrito em 1895, Freud inclui entre suas teses duas indicações sobre a depressão, e a apresenta como uma forma de neurose de angústia. No Rascunho B de 1983 ele retoma essa tese, porém passa a diferenciar a depressão periódica branca da melancolia propriamente dita. Isso porque, para Freud, a depressão teria uma ligação racional com um trauma psíquico, onde este funcionaria como a causa provocadora, ou seja, o fator desencadeante.

E é no Rascunho G (1895) que Freud utiliza as nomenclaturas de Kraepelin para falar sobre a melancolia. Neste rascunho a melancolia refere-se a estados depressivos causados por perda ou desvio de uma excitação sexual psíquica, ou seja, a melancolia seria um luto pela perda da libido. Freud escreve que a melhor descrição seria que a melancolia é uma inibição psíquica com empobrecimento pulsional e dor a respeito dele. Mas Freud continuou seu estudo, e no Rascunho K identifica a melancolia como um sentimento de pequenez do ego.

Até este momento é possível perceber, na literatura freudiana, que ele identifica a existência da melancolia e da depressão (neuroses), e de alguma forma tenta agrupá-las na mesma categoria clínica, já que eram tratadas da mesma forma. Após o Rascunho K, não se encontram mais textos oficiais que se refiram ao termo depressão, porém o estudo com o nome de melancolia prossegue, incluindo nesta nomenclatura também a noção de depressão. Foi então com os estudos de Freud de 1912, que ligavam a doença com as questões voltadas à libido, que as atenções para a depressão foram novamente ressaltadas.

Em seu trabalho Luto e Melancolia, Freud tentou abordar de forma mais específica um dos sofrimentos do sujeito nas suas relações objetais, pois para ele esse sofrimento, (que na época nomeou de melancolia), lhe parecia enigmática, por não ser possível ver sua causa, e também pelo fato de absorver o sujeito internamente de forma tão completa. Segundo Freud, esse sentimento seria de tamanha força, capaz de gerar no sujeito melancólico o empobrecimento do seu ego. Na melancolia, o ego fica vazio de significado e sentido. O ego melancólico fica desvalorizado, e por isso o sujeito acredita que merece ser punido e repreendido, pois não vê valor em si mesmo.

A melancolia aparece como um momento penoso, no qual o sujeito perde o interesse pelo mundo, por toda e qualquer atividade, e até por si mesmo. Esse desinteresse gera uma diminuição da auto-estima do sujeito, e este tenta de toda forma se punir pelo sofrimento que está passando. Ainda segundo Freud (1912), a melancolia seria um estado complexo exatamente porque sua relação com o objeto não é simples, e sim ambivalente. É como se o amor e o ódio estivessem em guerra, e essa luta estaria acontecendo dentro do próprio ego do sujeito. Assim, o ego sucumbiria ao complexo e se enfureceria contra si mesmo, de tal forma que para o sujeito só fosse possível ver uma solução: a autopunição e o esvaziamento de si mesmo.

Depois de Freud, muitos trataram da depressão. Fenichel, por exemplo, diz que os sujeitos melancólicos possuem um superego severo, pois se sentem culpados da agressividade demonstrada para com seu objeto amado. Os sujeitos melancólicos se sentem como objetos amados perdidos, embora não assumam todas as características do objeto. O ego é sentido como objeto mau e eventualmente esse objeto interno mau ou o objeto amado perdido é transformado em superego sádico. O ego passa, então, a ser uma vítima do superego, desamparado e sem poder.

Já Winnicot acredita que a depressão é nada mais do que um ódio reprimido e desejos de morte, que levam à inibição dos impulsos instintivos. É um sentimento de culpa por algo que funciona de forma antecipada, se voltando contra o sujeito.

Para o psicanalista Fedida, a depressão é uma forma de adoecimento, uma perturbação típica da afetividade humana que pode estar presente em todos os quadros de adoecimento. Diferenciando os estados depressivos da melancolia, Fedida diz que “o estado de imobilização e cristalização (da depressão) aparece com freqüência como última defesa vital contra o desabamento melancólico e a hemorragia da culpabilidade e da vergonha. Já a depressão é a doença própria a um afeto congelando a vida humana, por meio de todos os quadros clínicos, sendo que na depressão vital o sujeito não mais dispõe de sua capacidade de ressonância. Isso porque a ressonância originária, aquilo mesmo que o humanizou, é o que se encontra em estado de falta no deprimido: ele realizou um movimento de fechamento a sentir os menores movimentos da vida. Desapareceram desejos e devaneios e, por isso, o aniquilamento: quase nem chega a ser um afeto que se experimenta e parece muito distante da percepção de um sofrimento vivido pelo sujeito. O pensamento, a ação e a linguagem parecem ter sido totalmente dominados por uma violência do vazio”.

Na obra lacaniana, são raras as passagens em que o psicanalista faz referências diretas ao tema, pois ao invés de utilizar o termo depressão, utiliza a chamada dor de existir. Em resumo, Lacan trata essa dor como conseqüência do existir no império da linguagem, ao qual todo ser humano está destinado, e que emerge quando o desejo se retrai e avança o gozo da pulsão de morte. Segundo Laurent, existe uma teoria de melancolia do ensino de Lacan, que evolui durante toda sua obra. Para ele, Lacan pensava a melancolia como um sacrifício suicida: O sujeito melancólico se nomeia, ao mesmo tempo em que se eterniza, e com isto Lacan deixa de pensar a melancolia a partir do narcisismo, para pensá-la a partir dos efeitos do parasitismo da linguagem no sujeito, estando o sacrifício narcisista subordinado ao sacrifício simbólico.

Ao falar de narcisismo e objeto, Lacan amplia sua teorização, considerando que o sujeito melancólico, atravessado pela imagem que efetuaria no impulso suicida, poderia ser apresentado com um exemplo do impulso de se reunir com o próprio ser. Ou seja, na melancolia, através do ato suicida, o sujeito se encontra com o objeto a.

Mais tarde, em Televisão, Lacan retoma Freud e Platão para falar da depressão como uma paixão da alma, a dor de existir. Em seu último estudo, ele vai dizer que a nominação é problemática. Mas por quê? “Porque a nominação é uma suposição. É a suposição do acordo do simbólico e do real. É a suposição que o simbólico concorda com o real, e portanto que o real está em acordo com o simbólico”. Se não consideramos este acordo “então é preciso um ato. Este ato não pode ressaltar senão o ponto de estofo maior que é o Nome do Pai”. Por esta razão, Lacan vai dizer “o pai do nome, o pai nomeador, aquele que assume o ato da nominação, e por isso mesmo que liga o simbólico e o real”

Citando Lacan, que diz que a depressão é uma covardia moral, Berenguer considera a depressão como uma má leitura do impossível que está em jogo. Tornar a situar o sujeito diante de um trabalho para uma solução que leve em conta os seus verdadeiros recursos, não os do ideal, que são semblantes, pode ter por si só um efeito terapêutico.

Para tentar dar algum direcionamento a pergunta inicial deste texto, cito Marcio Peter, que nos lembra a psicanálise, não como um materialismo do significante, e sim como uma Ética. E o que isso significa? Que a experiência analítica não se trata só de estruturas, e sim de escolhas subjetivas. E essa deve ser nossa posição no tratamento da depressão/melancolia. É deixar “a coisa” falar, e inventar um saber do que não se pode dizer, definir.

Podcast Episódio 05 – Educação a Distância

Neste Podcast, eu (Aline Accioly) e a Prof. Dilma Mello conversarmos sobre Educação a distância. Discutimos sobre as concepções e preconceitos que existem sobre o assunto.

Outras opiniões sobre o tema:

Educação a um clique

A educação ideal

Estude Psicologia de Graça

Educação a distância: construção de uma proposta sócio-interacionista com mediação tecnológica

Citações:

Moodle

Chat Educacional

Etienne WengerComunidades colaborativas

Vera MenezesO papel da educação a distância

Heloisa CollinsEducação a distância para inclusão social

Maximina Freire

Conceito de PresençaAqui também

Planos de Saúde



Procuro sempre ter um olhar crítico em relação às “coisas boas” que nos acontecem, principalmente quando elas têm um fundo político ou corporativo. Não seria diferente para os planos de saúde.

Minha briga com planos de saúde já não é de hoje, e já fiz um post aqui em relação a isso. Nunca acreditei que a idéia por trás dos planos de saúde fosse ruim, e sim que é mal executada. E quando se fala em dinheiro, num sistema capitalista, não podemos esperar coisas muito diferentes. Quando os dentistas entraram para o esquema, percebi que eles percorreram (e ainda percorrem) o mesmo caminho. E por fim é a vez dos psicólogos, fonoaudiólogos entre outros “novos” profissionais incluídos nos planos de saúde. Mas vamos por partes.

Meu problema com os planos de saúde está no modo como as coisas ocorrem. Uma pessoa paga um valor mensal, e com isso teria direito a médicos, exames, cirurgias, que se ela fosse pagar, talvez não pudesse arcar com tais valores. Então, pagando um valor mensal, quando houver necessidade de um exame caro, ou mesmo de uma cirurgia, ela não precisaria conseguir o montante necessário em poucos dias. Por outro lado, o médico não ter que tratar de dinheiro com o paciente, poder atendê-lo tranquilamente e no final do mês ter seu “salário” garantido, é considerado um benefício.

As pessoas gostam de fazer planos de saúde pois na saude pública, quando precisam de um médico ou tratamento, são obrigadas a entrar em filas de espera que podem ser de 15 dias a 3 meses. Em uma sala de emergência, a espera para um atendimento pode durar até cinco horas. Por isso ter plano de saúde particular, nos casos de emergência, agiliza e garante o atendimento. Mas quem tem plano de saúde sabe que não é isso que acontece.

O que acontece é que muitas pessoas pagam o plano de saúde, ou seja, os planos conseguem o montante necessário para manter a rede (médicos, exames e hospitais conveniados). Mas, segundo os executivos, esse valor não é suficiente, já que os serviços médicos são muito caros. Ainda sim, pagam para os médicos valores que chegam a dar vergonha de dizer. Se um médico hoje cobra de 100 a 250 reais um consulta (com direito a retorno), muitos planos não pagam nem metade desse valor, e em geral com um, dois meses de atraso. Isso é o início de uma cadeia desagradável, pois já que recebem pouco, os médicos não podem dedicar muito tempo aos pacientes de planos de saúde. Dessa forma, marcam 4, até 5 pacientes para a mesma hora, e em suas agendas, só direcionam alguns dias e horários para pacientes conveniados. Basta ligar e dizer que é particular, e eles tem horário para o mesmo dia. Se for de plano, só mês que vem, as vezes só dali a 2 meses.

Ou seja, ficou ruim pra todo mundo: o médico ganha menos do que acha justo, não fica contente e marca pacientes pra mesma hora, atende a todos eles com rapidez – não conseguindo dar a atenção devida a cada caso; vive com a sala de espera cheia de pacientes bravos porque não são nunca atendidos no horário. Pacientes ficam bravos porque, mesmo pagando seus planos, não conseguem ser atendidos com emergência, e as vezes a espera por uma consulta fica muito parecida com a espera da saúde pública. Quando finalmente conseguem, são sempre atendidos com atraso, e saem de lá com uma lista de exames e pedidos de autorização. Com esses pedidos em mãos, mais burocracia para conseguir as tais autorizações, e quando vão marcar o exame também enfrentam uma demora, que pode perdurar por até um mês. Quando eles finalmente conseguem seus exames e vão marcar retorno com o médico, mais uma vez têm que esperar a agenda, enfrentar novos atrasos, e assim vai o ciclo.

Eu podia continuar aqui falando das exigências dos planos de saúde, da história das doenças pré-existentes, da dificuldade de reclamar, pedir direitos, e das diversas negativas que acontecem quando você precisa de um plano. Mas vou seguir em frente, sem detalhar muito. A idéia principal com essa introdução foi mostrar que o plano de saúde surgiu para prover saúde a todos, e o que temos hoje é uma bagunça exatamente igual a saúde pública. Mas o medo é maior, e mesmo com tantos problemas, continuamos a pagar planos de saúde.

Tempos depois, o mesmo aconteceu com os dentistas (não pretendo me aprofundar no assunto também, só fazer um comentário para seguir a idéia principal do texto). Muitas pessoas deixavam de cuidar de seus dentes, pois era sempre um tratamento caro (e dolorido). É possível que uma pessoa tenha que desembolsar mil, dois mil reais em um tratamento dentário, dependendo da gravidade. Então quando os planos odontológicos surgiram, todos ficamos contentes. Afinal, pagar 20, 50 reais mensalmente e ter direito aos tratamentos tão caros parecia um bom negócio. Mas nada é simples assim: antes você marcava 3, 4 idas ao dentista e conseguia fazer todo seu tratamento. Com os planos, cada ida resultava em apenas um dente feito, ou 1/4 do tratamento realizado. Ou seja, sessões de 15, 20 minutos, e muitas idas ao dentista. E aí fomos descobrindo que os tratamentos realmente caros não estavam incluídos naquele valor mensal. Então era sempre assim: você ia ao dentista e, quando chegava lá, descobria que o que você precisava mesmo fazer teria que pagar do bolso. Oras, mas isso não pode. Pois é, sabemos como as regras funcionam no Brasil.

Então agora vamos falar da inclusão da Psicoterapia nos planos de saúde. Sempre se achou uma injustiça não ter psicólogo, já que saúde mental também é importante para uma pessoa. Com isso, os psicólogos foram incluídos nos planos, mas com algumas condições: a primeira é que o paciente precisa de encaminhamento, ou seja, ele deve passar em um médico, falar de sua condição, e este médico deve decidir se encaminha ou não o paciente para o psicólogo. Depois, se o paciente consegue o encaminhamento, tem direito a 12 sessões no ano. As pessoas ficaram contentes e não pararam pra pensar no que tudo isso significa. Na sequência, outra boa notícia: de 12, passam a ser 40 sessões. É, vendo assim, parece que é bom mesmo. Mas agora, pelo que entendi, só um psiquiatra pode fazer a indicação ao psicólogo, e as 40 sessões vão depender do diagnóstico dado para cada caso. Então vamos falar um pouco de tudo isso?

Pra começar, temos o problema do pagamento: os planos repassam, em geral, o valor de 18 a 30 reais por uma consulta com o psicólogo (valor este que também não costuma ser nem metade do que se cobra em uma consulta particular). E estes valores só são recebidos em 30 dias, com atrasos que chegam até dois meses. Outro problema está no tal encaminhamento: partindo do princípio que o paciente tem que passar primeiro em um médico psiquiatra, os planos de saúde praticam a lei do ato médico, mesmo que as brigas e discussões tenham mostrado que isso é um retrocesso em termos de multidisciplinariedade e respeito profissional. Ou seja, é um médico o responsável por decidir se o paciente deve ou não se consultar com o psicólogo. Eu particularmente acho isso um grande desrespeito com a figura do psicólogo. Sem falar no ponto de vista do paciente: sabemos bem o quanto demora para uma pessoa se decidir e tomar coragem para procurar um psicólogo, com tantos estereótipos sociais que temos. Quando ela finalmente toma coragem, e descobre que primeiro terá que passar em um psiquiatra (sabemos bem outro estereótipo que temos aí), pegar encaminhamento, passar no plano e pegar a autorização, pra daí ir ao psicologo, posso dizer que de 10 pessoas, duas, no máximo, continuarão firmes em suas decisões (as pessoas ligam no consultório querendo atendimento, quando descobrem que tem que fazer tudo isso, não ligam mais, é fato).

Outro problema está em tornar a psicoterapia uma clínica igual a médica, pois parte-se do princípio que temos que diagnosticar para assim decidir quem merece 40 sessões e quem não merece. Nós, que trabalhamos na clínica, sabemos que as coisas não são tão simples assim. Há pacientes cujo “diagnóstico” é complicado e longo, inclusive pacientes difíceis de diagnosticar nesse padrão CID e DSM de ser. Fora isso, as sessões podem ter que acontecer 2 ou até 3 vezes por semana, o que rapidamente esgotaria essa carga de 40 horas, seja um paciente “grave” ou não. E aí, o que acontece depois disso? Ou o paciente interrompe o tratamento, ou ele arcará com o valor para continuar.

Dá-se a ilusão para o paciente de que 40 sessões são suficientes para a “cura”, outro aspecto muito médico, e pouco psicológico, uma vez que a “cura” tem outro sentido para a psicologia.

Assim, chegamos na parte mais importante de todas, que é a diferença entre a forma como a medicina trata o paciente, e a forma como a psicologia trata o paciente. Se falarmos em psicanálise, aí que a distância fica ainda mais gritante.  Por isso a grande tendência é encontrar psicólogos comportamentais ou de terapias breves nesses planos de saúde: porque são as práticas psicoterapêuticas que mais se adequam a esse modelo médico de diagnóstico-cura que a medicina propõe.

Portanto, se eu acho uma coisa boa essa novidade? Não, eu não acho. Mas não vamos ser ingênuos. Sabemos que sempre tem coisa boa nessa bagunça toda. Porém ainda acredito que os benefícios são poucos em relação aos problemas. Falando da minha prática: eu não trabalho com planos de saúde. Se é pra receber de 18 a 30 reais de um plano de saúde, prefiro fazer um acordo com meu paciente e receber esse valor, mas diretamente dele, livre para fazermos nosso contrato. É a minha forma de tornar o tratamento acessível a todos e não me vender a esse processo que não acho justo. Não passo um mês sem pensar que poderia me conveniar e assim ter mais pacientes e indicações. E sei que muitos colegas trabalham com planos de saúde e têm boas experiências com eles. Acho que a decisão de cada um conta muito aqui e cada um trabalha da forma como acha mais certo para si.

Fiz esse post porque escuto muito que a psicologia é elitista (a psicanálise, principalmente), que os psicólogos não gostam de convênios e que cobram caro… Estou escrevendo isto para explicar um pouco mais e mostrar que nem tudo é tão simples quanto parece.

Acredito que podemos nos informar mais, ler mais, e a partir daí tirar nossas próprias conclusões. Mas não podemos ser ingênuos para achar que tudo isso é uma verdade absoluta, porque não é. Estou aqui compartilhando com vocês minhas opiniões e os caminhos que estou traçando, e espero que vocês possam também traçar o de vocês.

(E esse assunto sempre dá uma boa briga, rs.)

Se você não gosta de ler textos grandes, ou tem algum tipo de deficiência visual, eu fiz uma pequena discussão sobre o texto nos vídeos abaixo.

Sexualidade na sala de aula – Palestra CAIC Laranjeiras – Tarde

Sábado passado, dia 08 de maio, ministrei duas palestras no Colégio Olda Del Favero, ou CAIC Laranjeiras, aqui em Uberlândia.

Aqui está o audio da palestra da tarde, e toda a explicação de evento e referências estão no post anterior, que você vê aqui.

Palestra Tarde

Sexualidade na Sala de Aula – Palestra CAIC Laranjeiras – Manhã

Sábado passado, dia 08 de maio, ministrei duas palestras no Colégio Olda Del Favero, ou CAIC Laranjeiras, aqui em Uberlândia.

Aqui está o audio da palestra da manhã, e também as indicações de leituras e materias sobre o tema. Quem tiver interesse na apresentação no formato Power Point, peço que deixe o endereço de email, para que eu possa enviar. Deixo também aqui o espaço aberto para continuarmos nossa conversa.

Turma da manhã

Referências de Pesquisas e Livros:

S. Freud – Três Ensaios sobre a teoria da Sexualidade

J. Lacan – Seminário 20 – Mais ainda

E. Roudinesco – Em defesa da Psicanálise

L. Garcia-Roza – Freud e o Inconsciente

N. Novena – A sexualidade na organização escolar

A. Morgado – Jovens, sexualidade e educação: homossexualidade no espaço escolar

Algumas Indicação de filmes e leitura:

Sexualidade começa na infância – Maria C. P. da Silva

Corpo, Gênero e Sexualidade: para além de educar meninos e meninas

C.R.A.Z.Y – (Homossexualidade)

Hounddog – (Abuso Sexual)

Le Petit Nicolas – (Sexualidade infantil)

Savage Grace – (Incesto)

Kids (Sexualidade na adolescência)

Skins (Série de Tv) (Sexualidade na adolescência)

Tell me you love me (Série de Tv) (Sexualidade na vida adulta)

Materiais para trabalhar com crianças/adolescentes:

Mamãe botou um ovo – Link para livro completo online

Menino brinca de boneca? – Link para livro completo online

O menino que brincava de ser – G. Martins

Aprendendo com a diferença: amiguinhos de coração – R.E. Almeida

Ninguém é igual a ninguém: o lúdico no conhecimento do ser – R. Otero

Na minha escola todo mundo é igual – R. Ramos

(Outros livros diversos, completos, online, aqui e aqui.

Educação sem Homofobia

Nesse site, professores e alunos podem ter acesso a vídeos e materiais diversos para trabalhar a questão da Homossexualidade em sala de aula. É um projeto muito interessante que vem sido desenvolvido pela UFMG com apoio do Governo.

E se o padrão fosse o homossexual? Como seria? Assistam esse vídeo e reflitam. Passem para seus alunos e comecem uma discussão em sala sobre o tema.

Mais vídeos sobre o tema aqui.

Manifesto da ABRAPSO – Homofobia

MANIFESTO CONTRA HOMOFOBIA E CONTRA QUALQUER RETROCESSO NA REGULAMENTAÇÃO ÉTICA DA PRÁTICA PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA


29 de abril de 2010

O Projeto de Decreto Legislativo Nº 1640/09, proposto pelo Deputado Paes de Lira (PTC/SP), com apoio da bancada evangélica da Câmara dos Deputados, ao propor sustar  a resolução Nº 001/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), visa tornar aceitável a realização de psicoterapia para modificação de orientação sexual. Esta resolução do CFP, de 23 de Março de 1999, dispõe no seu artigo 3º que “os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”.

Os defensores do referido Projeto de Decreto Legislativo argumentam que a modificação da orientação sexual é um direito das pessoas que assim a desejam, portanto não é da competência do CFP decidir sobre a matéria. Além de ferir a autonomia do(a) profissional de psicologia, ignoram as opressões de uma sociedade homofóbica que constrange os indivíduos a não usufruir satisfatoriamente de seu direito a uma livre orientação sexual. Corroboram, portanto, com estas opressões, ao não propor condições satisfatórias para gays, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais, para viverem livremente seu desejo.

Tal projeto de decreto legislativo contrapõe-se ao amplo debate internacional sobre direitos humanos e às iniciativas do governo federal, que por meio do programa Brasil sem Homofobia, propõe um conjunto de ações governamentais a serem executadas para combater a violência e discriminação contra LGBT. Além disso, os defensores do referido projeto ignoram as discussões referente ao PLC 122/06, que tramita no Senado, após aprovação na Câmara dos Deputados caracterizando como crime a “discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero”.

Propor tratamento da orientação sexual sob a alegação de minimizar o sofrimento das pessoas que são discriminadas seria o mesmo que propor “embranquecimento” de pessoas vítimas de racismo. O que deve, por princípio, ser tratada é a intolerância frente à diversidade humana.

Palestra Sexualidade na Sala de Aula – CAIC Laranjeiras

Hoje ministrei duas palestras sobre o tema Educação na Sala de aula, no CAIC Laranjeiras.

Nas duas palestras, abordei o tema com professores de primeiro ao nono ano do ensino fundamental. Muitas questões surgiram a partir da discussão que tivemos. Deixo aqui o espaço aberto para continuarmos nossa conversa.

Semana que vem disponibilizarei aqui o audio das palestras, bem como o material usado, as indicações de leituras e filmes, e o material a ser utilizado com alunos.

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