Categoria: Psicologia (Page 8 of 9)

Funny Games – Violência Gratuita

Estou passando por aqui rapidamente só pra falar de um filme sensacional que eu assisti ontem a noite. Funny Games US, http://www.imdb.com/title/tt0808279/ do diretor Michael Haneke, é uma refilmagem de um filme dele mesmo, Funny Games, de 1997. Esse mesmo diretor fez também o filme Caché, outro filme muito bom. Violência Gratuita, (http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=19243) fala de dois rapazes, psicopatas, que pegam familias como reféns de seus planos mais sórdidos. Se eu falar mais estraga.

O filme é pesado, apesar de não ter cenas de violências, a violência e o suspense ficam no ar do filme o tempo todo. E pra quem gosta de histórias de psicopatas, essa é uma ótima história. E acho um ótimo gancho para discutir a diferença entre Psicóticos e Psicopatas, pois os dois não são a mesma coisa, apesar de haver uma certa confusão com as definições de cada um deles. Não estou com tempo para desenvolver essa discussão agora, em um próximo post o farei, mas já fica aqui escrito que, para a Psicanálise, os Psicopatas estariam mais próximos das estruturas Perversas do que das estruturas Psicóticas. O psicopata tem um transtorno de personalidade que o impede de ser sensível ao outro. Assim, pode cometer crimes e até matar sem demonstrar emoção sobre isso, e, durante os atos, está consciente do que faz.

Bom, fica aqui o trailer do filme e também um link de um texto muito interessante sobre a psicopatia. http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_que_e_um_psicopata__imprimir.html

E pra quem quer saber mais, leia também o livro Psicopatia – Sidney Kiyoshi Shine

PS: E, não, psicopatas não só são pessoas extremamente violentas e loucas, filmes como “O Talentoso Ripley” já mostraram que eles podem ser bem discretos e contidos, vivem entre nós e nem sabemos.

Mais pesquisas

Eu tinha terminado o post abaixo, mas não resisti depois de ver esse frase de pesquisa: “quando achamos que sabemos todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas”. Não é ótimo? E não estou sendo engraçadinha. É ótimo mesmo. Essa pessoa estaria mesmo fazendo uma pesquisa, ou pensando “alto”?

Eu diria que essa frase define muita coisa que se busca em uma análise. Será que devemos sempre responder todas as perguntas? A gente sempre acha que sabe as respostas pra tudo, mas será que sabemos mesmo? Será que um dia saberemos tudo sobre tudo, e conseguiremos responder todas as perguntas?

 

Essa outra: “arrependimento traição amor paixao casamento”. A pessoa praticamente consegue mostrar o caminho que fez do seu sentimento, nessa pesquisa. Está arrependida porque traiu, mas virou amor, paixão, e agora casamento, e dai, o que fazer? E o que espera encontrar como resposta na internet? Ela está procurando respostas, mas só ela pode decidir o que vai fazer.

 

“sintomas quando nao se gosta mais de alguem”: bom, se você já está procurando por isso, é porque alguma coisa errada está acontecendo, não é mesmo?

 

“minha menstruação não desce o que eu faço” (?????)

 

“porque a psicologia tem diversas areas de estudos”: Porque, assim como a Medicina, que tem diversas áreas de estudo e trabalho (Oftalmologia, Urologia, Ginecologia etc), a Psicologia também têm, não só diversos sujeitos de estudo (Individual, Familiar, Casal), como muitas abordagens (Psianálise, Fenomenologia, Behavorismo), e dentro de cada abordagem ainda existem mais divisões, que seguiram determinadas linhas de pesquisas distintas (Kleinianos, Freudianos, Lacanianos, etc). Essa é uma resposta bem resumida. Só pra dar uma idéia da complexidade.

 

Já viram que eu adoro ver como as pessoas vêm parar no meu blog né? Eu acho ótimo.

Respondendo sem ter perguntas

Hoje eu estava olhando o GetClicky, programa que serve pra nos ensinar muito coisa do nosso blog. Ali podemos ver quantas visitas temos por dia, de onde essas pessoas são, e como elas foram parar ali. Sempre dou uma olhada, quando as pessoas vêm de sites de pesquisa, quais foram as frases e\ou palavras digitadas que as trouxeram aqui. As coisas mais interessantes e mais bizarras acontecem. Mas hoje uma me chamou atenção.

Pesquisaram: “fazer pisicanalise pela internet de graça”. Assim mesmo psicanálise escrito errado mesmo. Mas enfim, isso me chamou atenção, porque sei que existem muitas pessoas por ai que tem interesse em fazer Psicanálise ou mesmo ir a um psicólogo, mas não tem condições financeiras de arcar com tal despesa.

Em geral, as pessoas tendem a achar que ir a um psicólogo e\ou ir a um psicanalista é caro e inacessível. Sim, existem psicólogos e psicanalistas que cobram preços altos, mas na minha opinião sempre justos ao trabalho que fazem. Mas também existem muitos que cobram preços muito acessíveis, por muitos motivos. Por estar iniciando a carreira, por trabalhar com pesquisa na área, e necessitar de pacientes para sua pesquisa (e ai os dois se beneficiam), ou mesmo porque sim, o dinheiro é importante, mas mais importante ainda é conseguir atender a população geral, inclusive quem não pode pagar tanto dinheiro por isso, no caso dos estudantes, por exemplo, entre outros. Enfim, muitos psicanalistas e psicólogos cobram preços mais acessíveis. Em geral, podemos considerar como média R$ 80,00 por sessão, sendo que o ideal é uma vez por semana, no mínimo. Dai tem os que cobram mais que isso, R$ 100,00 R$ 150,00, e os que cobram mais barato. Desses que cobram mais barato, dá pra encontrar na faixa de R$ 50,00 e até na faixa dos R$ 30,00. Ai você vai me dizer que os que cobram barato são porque são ruins ou têm alguma coisa de errado. Pode ser. Mas no que eu conheço, não são não. Geralmente são recém-formados, ou mesmo pessoas que optam a cobrar mais barato para conseguir atender mais pessoas de todas as classes sociais. Então, se você tá ai pensando que ir a um psicanalista é um absurdo de caro, ou se é barato é ruim, não é não.

O que acontece é que eu não recomendo que a escolha de um psicanalista seja aleatória. O ideal é que ele seja recomendado por alguém que conheça seu trabalho e saiba que se trata de uma pessoa séria, seja lá o que preço que cobra. Afinal, pessoas que fazem coisas erradas estão em todos os lugares e profissões, cobrando o preço que quiserem.

Há ainda a opção de procurar um psicólogo no plano de saúde. Não sei muito como funciona, mas sei que as sessões, pelo plano de saúde, só podem ser uma por mês, num máximo de 12 por ano, pelo menos essa é a lei. Então acho que fica um pouco complicado trabalhar assim, com encontros tão distantes e com data de término. Nem sempre é possível datar o fim do tratamento.

E para aqueles que realmente não podem gastar um real com isso, mas ainda tem interesse, existem os locais que oferecem atendimentos de forma gratuita. Faculdades que têm Psicologia como curso, geralmente têm centros de psicologia, pois oferecem atendimento ao publico geral, de graça, e ao mesmo tempo treinam seus estudantes. Sei que aqui em SP isso acontece em muitas faculdades, como a Universidade São Judas Tadeu, que fica na Mooca, e tem o CPA: Centro de Psicologia aplicada. Lá a pessoa tem direito a se inscrever para atendimento individual, familiar, de grupo, de casal, e também para crianças. A questão é que, por se tratar de um bom serviço gratuito (esse eu recomendo) sempre tem fila de espera, e no caso do núcleo de psicanálise, a fila de espera chega as vezes a passar de um ano, se o caso não for considerado urgente. Ah, e não sei até que ponto o paciente pode escolher a abordagem que será atendido, pois lá trabalham Psicanalistas e também Psicólogos Behavioristas.

Ainda na parte gratuita, muitos hospitais da rede pública e postos de saúde também oferecem atendimento gratuito, basta ir lá se inscrever. Entramos aqui na mesma questão da fila de espera, mas se a pessoa tem muito interesse, acho que vale a pena se inscrever e esperar. E por último, temos diversas OGN’s de psicologia, que também oferecem serviços gratuitos de psicologia.

O que eu quero dizer, com esse post, é que se a pessoa tem interesse, lugar tem, de graça, barato, caro, hoje qualquer pessoa que queira pode ir a um psicólogo. Muitos estão dispostos a negociar valores que possam ser acessíveis pra quem paga e satisfatórios pra quem recebe. Então, se você tem vontade, indico que vá pesquisar e vá sim buscar a ajuda que precisa.

Ainda não é permitido fazer Psicologia pela internet. Então se alguém estiver oferecendo isso, desconfie. O atendimento pela internet ainda está em fase de estudos e pesquisas, então a não ser que você tenha visto um grupo de internet ligado a uma universidade ou pesquisa, desconfie.

Deixo também ai meu cartão.

Aline – 11 – 5082-4215

PS: tinha outro termo de pesquisa que era “o que fazer com a mente do marido complicada que não admite seus erros” Achei hilário, hahhaa. Percebem o ato falho? O que Freud diria dos atos falhos agora na era da digitação? Será um simples erro?

PS2: Por último, havia mais uma que dizia “como fazer psicanálise clínica”. Essa pergunta achei interessante, mas dificil pensar que existirá uma resposta a altura dessa pergunta assim rapidamente na internet. Psicanálise já é um campo enorme, no qual existem diversas formas de clinicar. Por isso farei outro post sobre isso outro dia.

Todo mundo tem Duas Caras, ou mais…

Estão dizendo que o final da novela Duas Caras vai entrar pra história. Pela primeira vez o vilão vai terminar com a mocinha, e serão felizes pra sempre. Realmente será um marco de uma mudança que já vem aos poucos ocorrendo não só na novela, mas na vida real. As pessoas estão percebendo que não existe o mal e o bem absolutos. Uma pessoa pode ser boa e má, em diferentes situações da vida.

Ouve um tempo em que era possível separar e distinguir o que era bem e o que era mal. Mas, progressivamente, as linhas que separam os valores, sentimentos (e muito mais) estão ficando muito mais tênues. Assim, cada vez mais fica muito difícil encontrar definições absolutas sobre tudo, principalmente sobre o ser humano. Eu acho isso ótimo. Ficamos perdendo tempo nessa tentativa de nos encaixar em definições, enquanto na verdade somos únicos, diferentes uns dos outros exatamente nos detalhes, e as diferenças podem ser tênues, mas estão ali presentes em cada um. Uma decisão que uma pessoa faz, em certo momento da vida, não a define, não diz o que ela vai ser ou deixar de ser no resto de sua vida. Isso no ser humano é maravilhoso, a capacidade de, a cada segundo, tomar decisões que podem mudar completamente o caminho que a vida vinha tomando. E por isso as pessoas têm medo, e se apegam a definições e grupos, porque é muito mais difícil ter que lidar com a responsabilidade que se tem com as próprias escolhas da vida. 

Sim, eu, você, todos nós somos castrados. Sorry…

Como a internet veio e trouxe o mundo pra sua casa, os usuários começaram a ficar um pouco perdidos. Tanta informação, tanto cadastro, tanto meio social on line que o povo começou a se confundir. É Orkut, Twitter, Msn, Icq, Gmail, etc etc… Bom, com o mundo na sua casa, fica mesmo difícil controlar tudo…

Algumas pessoas conseguem ser objetivas. Ok, posso ter o mundo na minha casa, mas não preciso de tanto, do que eu preciso? E ai essas pessoas conseguem filtrar, entre tanta novidade, o que serve e o que é só mais uma moda nova. Mas a grande maioria fica perdida com tanto perfil em tanto lugar. Ai começaram a surgir os programas de controle. São diversos tipos de programas ou sites que ajudam o usuário a controlar suas coisas. Esse aqui http://meadiciona.com/users/index.php por exemplo, ajuda as pessoas a controlarem sua vida social na internet. Esse aqui http://keepass.info/ controla todas as suas senhas e logins em programas e sites diversos da internet. Esse aqui https://www.wesabe.com/ ajuda a controlar as contas nos bancos. Isso sem falar nos Feeds ou Google Reader pra ajudar o usuário a acompanhar os posts de blogs que mais gostam, ou as noticias dos assuntos que interessam… AH, enfim, é muita coisa, e muito controle.

Ai o que acontece? É tanto controle que vai chegar uma hora que vão inventar o site do controle do controle. E assim as coisas vão caminhando…

Será que não era mais fácil aprender a selecionar, aprender a escolher? Será que não era mais fácil perceber que não dá pra fazer tudo o tempo todo, porque ai nada acaba sendo realmente feito?

A internet trouxe e continua trazendo muitos benefícios. Mas a verdade é que ninguém ainda sabe usar de forma a facilitar as coisas necessárias da vida. E ai o que acontece é que, para facilitar, as pessoas se inscrevem em tantas coisas, tentam acompanhar tantas coisas, que só arranjam mais um problema pra cabeça. Ao perceber que não dão conta de tanta coisa, do mundo na sua casa, vem a frustração, uma ansiedade por controle (que é irreal) e por planejamento que só alimenta mais frustração (porque a gente nunca consegue controlar tanto) e isso vai criando uma cadeia de tristeza e até mesmo depressão. Tá, poderíamos entrar aqui na discussão do que é o necessário pra cada um, mas acho que as pessoas podem usar o bom senso pra conseguir definir o que é necessário pra si, e o que não é.

Sim, é legal fazer parte de várias coisas legais. Existem muitas coisas legais no mundo. A não ser que você viva pra isso (24 horas por dia, sete dias por semana), não dá pra participar de tudo que é legal. E como o ser humano insiste em não se admitir castrado, ele quer e vai em tudo, e nisso sofre mais do que se parasse para admitir que não dá pra fazer tudo, e escolhesse. Pelo menos as escolhas poderiam aliviar, e a pessoal poderia se sentir feliz e completo naquilo que escolheu fazer, mesmo que não seja tudo que ele queria e\ou gostaria.

Papo chato né? Eu sei, é sempre chato ter que encarar as situações de frente, e fazer escolhas. No começo é difícil sim fazer escolhas, mas essa dificuldade pode se transformar em produtividade, satisfação, alegria e mais tempo livre pra fazer o que realmente é importante pra você. Não é vergonha não estar em tudo que está na moda.

Ter problema psicológico agora é moda

A moda é uma coisa triste. As pessoas passam a dizer as coisas e nem sabem do que estão dizendo. Até ai tudo bem. Ai os autores de novela decidiram ser politicamente corretos, e abordar doenças físicas e\ou psicológicas como temas de suas novelas, porque supostamente isso deveria ajudar a população, ensinar, advertir. É pra rir né? No que isso virou? Surto de pessoas com as tais doenças das novelas. É verdade que em 100 casos, um deve ter mesmo a tal doença. Mas os outros 99 simplesmente entraram na moda do momento. Alias, a moda do momento é ter dislexia. Imagina o surto de dislexos no Brasil? Antes disso foi Síndrome do Pânico, para as crianças o transtorno de defcit de atenção… Enfim, a moda de doenças mentais circula.

Se pegarmos o DSM ou qualquer outro livro que faça definições sobre uma doença psicológica, é bem provável que, supostamente, teremos quase todas delas. As definições, apesar de tentar estreitar, acabam generalizando. Então ao estudar sobre os transtornos de humor, todo mundo que estuda acha que tem problemas de humor. Ao estudar outra matéria, lá vai todo mundo achando que tem aquilo. E por isso mesmo é preciso tomar cuidado. Cuidado esse que a TV não tem. Eles pegam as informações mais clichês acerca da doença, jogam lá em um personagem, trabalham isso no começo da novela, de forma bem porca, e depois esquecem no resto da novela. Dai 90% da população já acha que tem a tal doença, e na verdade não sabem nem 20% do assunto.

E pra piorar, as novelas adoram representar os psicólogos da pior maneira possível. O psicólogo sempre aparece como se fosse mais um amigo, aconselhador, ou alguém que serve pra se apaixonar por alguém que está sem par na novela.

Não bastasse essa moda, agora são os bandidos que estão se aproveitando disso. Virou moda, após um assalto, agressão no transito ou agressão familiar, usar a desculpa psicológica. Essa semana mesmo tivemos dois casos: a bancária que dirigiu na 23 de maio na contramão, era bipolar, segundo a família. E o cara que atropelou o outro era esquizofrênico. Ah e a madrasta da Isabella supostamente tem problema nos nervos (seja lá o que for isso). Com certeza é melhor ser taxado como louco do que como assassino, culpado. Mas como eu falei, se for pra generalizar, TODO SER HUMANO TEM ALGUM PROBLEMA MENTAL, OU PODE TER. Se fuçar muito a gente acha problema mental em todo mundo. Com o estresse diário então, fica mais fácil ainda achar problema mental. E o Brasil, que ao invés de cuidar prefere remediar, já começou a dizer que o DETRAN poderia ter prova psicologia pra tirar a carta. Se forem rígidos 90% das pessoas não vão mais tirar carta…

O pior da moda, é que ela só divulga o lado ruim. Por que então não se divulgam os benefícios de uma psicoterapia ou analise individual? Ou mesmo terapia familiar? A parte “ir a um consultório psicológico” não virou moda, a moda é só a doença, o sintoma. Ser portador de um sintoma que te identifique com um grupo, ou que explique as coisas mais esdrúxulas da sua personalidade, isso é que é a moda. Se cuidar, ir a um psicólogo pra investigar, essa parte não é moda.

Depois de tanto falar mal da TV, também é preciso apontar as coisas boas. O SBT tem o programa Casos de Família, toda tarde as quatro horas. Quem apresenta é a Regina Volpato. O programa tem temas diários, nesses temas ela tem convidados, geralmente três famílias que discutem ao vivo o problema proposto como tema do programa. Ao final um psicólogo faz um resumo de cada caso e convida a um tratamento na USP ou no local mais próxima do convidado. Parece bobo, mas esse é o programa popular que mais é assertivo com a população. Não sei a formação da apresentadora, mas ela tem uma percepção bem aguçada para fazer as perguntas e dirigir as discussões de forma a responsabilizar os sujeitos por seus problemas. E depois ainda com o depoimento do psicólogo isso é reforçado. Muitas coisas acabam sendo clichês, e a audiência tem direito a fazer comentários, nem sempre assertivo, mas nada pode ser perfeito. Isso ainda não tira o bom do programa, que, na minha opinião é retomar a responsabilidade cada um por sua própria vida e erros, e lembrar que sempre é possível escolher outros caminhos na vida.

 

 

Podcast

Desde semana passada acordei pensando em fazer um podcast de Psicologia. Explico. Sempre critiquei a forma como a Psicanálise deixa de lado a internet e a tecnologia de forma geral. Entendo as dificuldades de fazer tal inclusão, mas como já disse em post anteriores, enquanto não aprendemos a usar nosso lugar, outros usam para outras coisas nem sempre boas. Cito o caso que postei do menino que estava em análise, mas usou a internet para se suicidar.

Pensando nisso, estou há meses tentanto achar uma forma de entrar na internet. Escrever um blog sobre isso é interessante, mas já existem muitos bons blogs sobre o assunto, e nos dias de hoje as pessoas não tem tanto tempo assim pra parar todas as semanas e ler um blog. Meu marido sempre fala muito de podcast, ele mesmo tem uma vida agitada, nunca consegue parar pra ler um livro, ou mesmo ler os textos interessantes que estão nos feeds dele. Mas ele escuta sempre podcast, toda semana, porque pode escutar enquanto vai e volta do trabalho, até mesmo quando vai no banheiro ou faz outras atividades. Por isso comecei a pensar que fazer um podcast pode ser uma coisa interessante para entrar com a Psicanálise na internet.

A idéia é fazer uma coisa aberta, não só pra quem é psicanalista, mas com um foco maior para estudantes de psicologia, ou mesmo pessoas que não sabem o que é psicologia e psicanalise e tem interesse de saber.

Procurando no google para ver se já havia alguma coisa nesse sentido, não achei nada (pode??), só achei esse post falando sobre um assunto, de alguém que também está pensando em fazer algo do gênero. http://kanzlermelo.com/2008/05/25/voce-conhece-um-podcast-brasileiro-sobre-psicologia/#comment-125

Bom, vou amadurecer esta idéia, mas se alguém tiver uma sugestão, será bem vinda.

Pesquisa em Psicologia

A pesquisa em Psicologia tem hoje diversas áreas, e nessas áreas diversas abordagens muito diferentes. Falando em áreas, temos a hospitalar/psiquiátrica ou não, clínica, social, escolar e do desenvolvimento humano, de recursos humanos, do esporte, jurídica, da sexualidade e muitas outras que cada dia surgem mais. As mais populares nas universidades costumam ser social, escolar/desenvolvimento humano e clínica. Nas universidades em hospitais ficam as pesquisas na área hospitalar.

Além desse ramo gigantesco de áreas, ainda temos outra divisão, dentro de cada uma delas, quando a abordagem. As três grandes áreas são Cognitivo-Comportamental, Fenomenológica e a Psicanálise. Ainda, dentro de cada uma delas existe outro leque gigante de subdivisões. No caso da Psicanálise, as pesquisas acadêmicas não têm muito tempo, até por certa dificuldade em se fazer pesquisa sobre a clínica. Mas já algum tempo as pesquisas em psicanálise são feitas não só na clínica, como também nas outras áreas, como social, escolar e hospitalar. Na área hospitalar a dificuldade é maior, pois existe uma prevalência da linha Cognitivo-Comportamental, que combina mais com a forma de pesquisar dos médicos.

Em Psicanálise, as duas grandes subdivisões sãos as abordagens de origem Inglesa e Francesa. Quem faz psicanálise inglesa está acostumado com autores como Melanie Klein e Winnicot. Já na Psicanálise Francesa estuda-se Jacques Lacan e os muitos outros que seguiram suas idéias. Freud é comum a todas as linhas psicanalíticas, mas cada um destes autores abriu novos modos de trabalhar a partir daquilo que Freud deixou. Além dessas duas grandes linhas, temos também os Jungianos, que muitos não consideram e nem chamam de psicanálise pela forma como este abriu portas a idéias que misturavam um pouco de religião e coisas místicas. Mas a contribuição dele no começo do estudo da psicanálise é sempre reconhecida.

As pesquisas em Psicanálise Clínica são hoje as mais disputadas nas universidades de SP, mas antes eram as menos requisitadas. Essa mudança ocorreu porque, no começo, a área clinica estava mais preocupada em atender do que em produzir textos, artigos, e com isso as pesquisas ficaram defasadas em relação as outras áreas, social e escolar. Mas há cerca de dez anos a área vem mudando, e produzindo muitos doutores, mestres, e assim artigos e teses, e por isso hoje é muito disputada nas universidades. Porém, para que se faça pesquisa em clinica, é necessário experiência na clinica, como analista. A exigência do tempo varia de universidade para universidade, mas gira em torno de dois anos. Nessa área também se exige muito um conhecimento do autor a ser usado como base para pesquisa, e por isso a seleção para este área costuma ser considerada mais difícil.

Na área de social, a psicanálise costuma desenvolver os trabalhos junto com a filosofia. As pesquisas costumam fazer um diálogo entre um autor psicanalítico e um filósofo, independente do tema. Alias, a presença da filosofia no estudo e na pesquisa em psicanálise está sempre muito presente. Na área social, a idéia de pesquisa é um pouco diferente da clínica, que pensa no singular, pois aqui a idéia é pensar, na sociedade, nos grupos, nos sujeitos como um todo. Exatamente por caminhar junto com a filosofia, também se vê aqui estudos com a metapsicologia, sobre a história da psicanálise, e sobre os movimentos contemporâneos da sociedade, como capitalismo, globalização, entre outros.

Na área escolar e do desenvolvimento humano, os trabalhos tem temas mais amplos, já que a realidade escolar também é muito ampla. Podem ser feitos trabalhos e discussões sobre a escola, sobre os professores, sobre a construção do saber, enfim, muitos são os temas possíveis. O mesmo vale para a área de desenvolvimento humano, que tem projetos da infância, de todas as fases da vida, e com as abordagens de autores desenvolvimentistas, mas também psicanalíticos.

É importante destacar que, na área hospitalar e/ou na linha Cognitivo-Comportamental, é grande ainda o número de pesquisas quantitativas, mas existe uma luta das outras áreas para que isso mude, principalmente da psicanálise clinica, para que as pesquisas sejam qualitativas. Isso porque se defende a idéia de que, o sujeito, sendo único, a e pesquisa também será única. Esse talvez seja um dos grandes desafios da pesquisa em psicanálise clínica. Na área hospitalar também é grande o estudo da psicossomática. A psicossomática tem diversas abordagens, e ai também está presente a psicanálise, mas com outro olhar, diferente do olhar da medicina.

Diante de tanta diversidade, acredito que, antes de escolher um tema de pesquisa e área, é preciso que o aluno escolha a abordagem e o autor que mais combinem com suas características pessoais de estudo.

Estou errada em alguma coisa? Vamos discutir!

Minha teoria

Quem sou eu pra ter teorias sobre as coisas, mas lá vou arriscar meu palpite.

Acho que os adultos andam mais infelizes principalmente por causa da tal “liberdade”. Esse momento em que a tecnologia nos liberou de diversos padrões de comportamentos, nos mostrando que nem sempre o que era uma regra precisava ser, mexe mais com a geração que viveu isso diretamente. Explico melhor. Antes, você crescia pensando que tinha que fazer algo por sua vida, para garantir o futuro. Para isso eles aprenderam que tinha que trabalhar, ter uma carreira e ganhar dinheiro. Para isso nem sempre faziam o que gostavam de fazer, as vezes nem sabiam do que gostavam. Dizia-se também que era necessário constituir familia, em determinado momento da vida, já que uma pessoa precisava continuar seu legado, com uma esposa e filhos. (Será?)

Dai veio a modernidade, a tecnologia e a quebra de paradigmas. Nego pode ter trinta anos e ainda não ter se decidido por uma carreira, e dai? A pessoa pode ter seus trinta e poucos anos e ainda não pensar em garantir futuro, ela quer viver o agora e pronto. Quem disse que as pessoas precisam casar e ter filhos? Pra ter filhos não é preciso casar, e se a pessoa quiser morrer solteira, ela que o faça, ele não precisa ter ninguem pra caminhar com ela, ela pode muito bem caminhar sozinha se assim o desejar. Com tanta liberdade, o que acontece com nossos quarentões e sessentões?

1. Eles olham tudo que construiram, dinheiro, carreira, familia, e não sabem o que fazer com isso. O dinheiro não tem sentido, tanto dinheiro mas não sabem gasta-lo, porque aprenderam que o dinheiro tinha que ser ganhado e guardado. (Pra que, pra morte, pros filhos? Eles que façam seus proprios dinheiros!!!) A carreira, em 70% dos casos, se torna um fardo, porque eles não veem sentido em continuar fazendo algo que nunca gostaram ou que não são mais valorizados pela idade (avançada, quando se trata de mundo profissional, eles podem ser bem cruéis). A familia, cada um segue seu caminho, os filhos fazem coisas que eles jamais pensaram que podia fazer quando jovens, e fica uma mistura de pudor moral, vergonha, e também de inveja.

Nesses casos, eles tem várias saidas, mas muitos não tem coragem de mudar depois de tantos anos vivendo do mesmo jeito. E dai ficam doentes mais cedo, desenvolvem mil e quinhentas psicossomáticas, atazanam a vida dos filhos, reclamam de tudo. Ou procuram os remedios. Mas poderiam muito bem largar tudo e começar de novo, abrir uma empresa, descobrir algo que gostam e voltar a estudar, pegar o dinheiro e viajar. Alguns conseguem fazer isso e vivem bem, mas infelizmente a maioria não.

2. Alguns veem a liberdade que tem e dai se afundam nela. Voltam a ser adolescentes, e vivem aquilo que não puderam viver em suas épocas. As mulheres usam todos os cosméticos e cirurgias possiveis, trocam seus guarda-roupas, se enfiam no consumismo do nosso capitalismo, passam a sair de balada, se separam de seus maridos, mudam tudo, a vida vira uma festa. Os homens vão pra academia, malham pra ficar bombados, compram carros esportivos e saem paquerando menininhas de 18 anos (quando não de 16 no Brasil…). Se separam e começam a namorar a mais novinha gatinha do pedaço. Saem de balada e exibem seus corpos, carros e dinheiro. Alguns entram numa banda de música pra mostrar como são descolados. Outros compram todos os aparelhos tecnologios mais modernos, e equipam a casa com coisas que nem conseguirão usar.

Isso melhora a sensação anterior? Nem sempre. Em parte porque continuam se sentindo um pouco deslocados em relação a sociedade, a familia e aos colegas de trabalho. E porque nada disso tampona um fato: eles já são adultos, não importa o quanto tentem viver o que não viveram, isso não é possivel. Eles podem viver novas experiencias, mas as do passada jamais serão revividas. E, geralmente depois do auge disso, vem a tristeza, a sensação de desconforto, de não pertencer aos papeis que a vida exigem que ele viva, entre outras coisas.

Pra mim, é por isso que o suicido aumentou dessa faixa dos 40 aos 60. Porque o encontro com a vazio ficou mais evidente. Porque a vontade de entender o sentido da vida por ela mesmo fica frente a frente com eles, pedindo uma resposta, uma solução? Como viver o que nao vivi, como mudar o que não quero mais?

Se o sujeito se conforma e nada muda porque tem medo, ou porque nao sabe como mudar, deprime. Se o sujeito joga tudo pro alto e faz a festa, deprime quando volta pra casa, e sozinho, não se sente confortável consigo mesmo. Então, como fazer?

Cada um encontra sua resposta, não existe uma fórmula mágica. Mas o segredo de tudo na vida, é ter paciencia consigo mesmo, aprender a se perdoar, aprender a se dar a chance de tentar. Com calma o sujeito pode tentar se redescobrir e aos poucos se retirando desse lugar estereótipado, seja ele qual for. E nós, fruto da geração tecnologia devemos prestar mais atenção neles, tentar ajudá-los a se achar, seja conversando, seja parando de nos colocar como os filhos, netos chatos que só criticam ou ridicularizam. Nós podemos ajudá-los a achar o meio termo frente a tanta liberdade (falsa liberdade, por vezes, mas ainda sim liberdade de ser o que quiser ser).

Ainda dos outros

Nos últimos anos, subiu o índice de suicídio na população entre 40 e 64 anos. Por quê?

Em 2004, nos EUA, 32 mil mortes foram oficialmente atribuídas a suicídio. Ampliando a faixa da meia-idade, constata-se que, dessas mortes, mais de 14 mil são de pessoas entre 40 e 64 anos. Segundo o “New York Times”, o fenômeno não seria apenas americano: um estudo recente aponta que, em 80 países, as pessoas de meia-idade são as menos “felizes”. As explicações são hipotéticas.
Por exemplo, no que concerne às mulheres, desde 2002, diminuiu fortemente o uso da reposição hormonal na menopausa. Talvez o déficit de estrógeno tenha efeitos depressivos diretos ou indiretos.
Também observa-se que pessoas de meia-idade são grandes consumidoras de antidepressivos. Talvez um uso vacilante dessa medicação (com interrupções brutais sem acompanhamento psiquiátrico) seja responsável por momentos de aflição irresistível. Mas é mais provável que, no caso, o consumo de antidepressivos seja apenas prova suplementar de que as pessoas dessa idade são especialmente “vulneráveis”.
Em suma, resta a pergunta: o que acontece, entre os 40 e os 64, que levaria ao suicídio mais indivíduos do que em outras faixas etárias?
Sabemos que as adversidades desesperam os adolescentes porque eles têm dificuldade em enxergar um futuro possivelmente diferente.
E imaginamos com facilidade que as enfermidades e o sentimento do fim que se aproxima possam levar alguns idosos a precipitar o desfecho. Mas adultos na plena força da vida?
É claro, a meia-idade é a época em que os executivos que perdem seu emprego ficam no limbo -demasiado qualificados e já “velhos” para retomar sua carreira. Mas, nos exemplos trazidos pelo “New York Times”, os suicidas de meia-idade não parecem ser vítimas de crises profissionais.
Algumas observações:
1) Nas últimas décadas, mesmo nas fileiras de quem acredita em Deus ou na revolução futura, vem se impondo a vontade (ou a necessidade) de justificar a vida “por ela mesma”. As aspas servem aqui para lembrar que ninguém sabe o que isso significa. Alguns pensam nos prazeres que eles se permitem, outros na satisfação de serem úteis ao próximo, outros ainda avaliam a qualidade estética de sua história ou valorizam a variedade e a intensidade de suas experiências. Seja como for, a vida deveria valer a pena pelo que a gente faz, pela própria experiência de viver.
2) Acrescente-se que, a partir dos anos 60, os adultos de nossa cultura começaram a se preocupar com a adolescência -ou seja, entre outras coisas, passaram a querer furiosamente que suas crianças se preparassem para elas serem “felizes” um dia (em todos os sentidos: sucesso amoroso e financeiro, êxtase, bom humor permanente).
3) Chegam hoje à meia-idade as gerações que cresceram esperando uma “felicidade” que daria sentido à longa “preparação” de sua adolescência e convencidas de que a vida deve se justificar por ela mesma. Os que fracassaram têm sorte: eles podem se dizer que a coisa não deu certo. Os que se acham bem-sucedidos esbarram, inevitavelmente, numa questão inquietante: “Então, é isso? Era só isso?”.
Estreou na sexta passada “Antes de Partir”, de Rob Reiner, com Jack Nicholson e Morgan Freeman. É a história de dois homens que aprendem que eles têm seis meses de vida, escrevem uma lista das coisas que gostariam de fazer antes de morrer e saem pelo mundo afora. Alguns críticos adoraram, outros acharam que os atores não salvam um roteiro em que as últimas vontades dos protagonistas parecem oscilar entre a obviedade (beijar a moça mais linda, pular de pára-quedas, fazer um safári) e a pieguice (reencontrar os que a gente ama de verdade, causar alegria na vida dos outros etc.).
Para mim, é a própria trivialidade da lista dos dois amigos que faz o charme do filme. Na hora de bater as botas, diante da pergunta “Que mais poderia ter sido minha vida?”, é tocante constatar que, no fundo, gostaríamos que tivesse sido mais do mesmo.

by Calligaris

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2802200832.htm

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