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Bin Laden morreu 4000 mil vezes por segundo no twitter – Informação, opinião e fala vazia

No dia da morte de Bin Laden, o twitter registou mais de 4000 tweets por segundo sobre o assunto. Na minha timeline do twitter não foi diferente: piadas, comentários, links para notícias e posts sobre o tema e tudo mais que possamos imaginar. E no dia seguinte os posts em blogs pessoais pipocavam. Irritada, comentei sobre isso no twitter, e acharam que eu não estava sendo sensível com um momento histórico: “oras, essa informação não é apenas mais uma notícia do dia, é a história acontecendo”.

Me expliquei um pouco, mas naquele momento me calei. Em geral, quando estamos bravos com alguma coisa, não conseguimos explicar com clareza o que queremos dizer. Mas agora, depois de um tempo refletindo, tenho mais clareza sobre minha crítica e porque ela aconteceu.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que a história está acontecendo todo dia, o tempo todo. Portanto, dizer que uma notícia deve ser falada até o exagero porque se trata da história acontecendo é apenas uma desculpa para falar quando não se tem o que dizer. O que você quer pontuar quando fala o tempo inteiro, ou melhor, repassa o tempo inteiro uma notícia de algo que está acontecendo agora? Que você está em dia com a informação? Que você é conectado? Que você marca a importância do momento? Dúvida: o importante é você marcar que o momento é importante ou mostrar para todo mundo que você marcou a importância do momento? Me parece que esse exagero em repassar a notícia pende para o mostrar que você está em dia e ciente, mais do que realmente parar para entender o que a tal notícia reflete em você e na sua vida…

Em segundo lugar, lendo o texto de Bondía, intitulado Notas sobre a experiência e o saber de experiência, encontrei alguém que explica tudo isso muito melhor do que eu poderia escrever nesse momento. Apresento alguns trechos para vocês:

Em primeiro lugar pelo excesso de informação: A informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência. Por isso a ênfase contemporânea na informação, em estar informados, e toda a retórica destinada a constituir- nos como sujeitos informantes e informados; a informação não faz outra coisa que cancelar nossas possibilidades de experiência. O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação; cada vez sabe mais, cada vez está melhor informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que consegue é que nada lhe aconteça. A primeira coisa que gostaria de dizer sobre a experiência é que é necessário separá-la da informação. (…) Como se o conhecimento se desse sob a forma de informação, e como se aprender não fosse outra coisa que não adquirir e processar informação.

 

Em segundo lugar, a experiência é cada vez mais rara por excesso de opinião. O sujeito moderno é um sujeito informado que, além disso, opina. É alguém que tem uma opinião supostamente pessoal e supostamente própria e, às vezes, supostamente crítica sobre tudo o que se passa, sobre tudo aquilo de que tem informação. Para nós, a opinião, como a informação, converteu-se em um imperativo. Em nossa arrogância, passamos a vida opinando sobre qualquer coisa sobre que nos sentimos informados. E se alguém não tem opinião, se não tem uma posição própria sobre o que se passa, se não tem um julgamento preparado sobre qualquer coisa que se lhe apresente, sente-se em falso, como se lhe faltasse algo essencial. E pensa que tem de ter uma opinião. Depois da informação, vem a opinião. No entanto, a obsessão pela opinião também anula nossas possibilidades de experiência, também faz com que nada nos aconteça.

 

Vamos agora ao sujeito da experiência. Esse sujeito que não é o sujeito da informação, da opinião, do trabalho, que não é o sujeito do saber, do julgar, do fazer, do poder, do querer. (…) o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por sua abertura. Trata-se, porém, de uma passividade anterior à oposição entre ativo e passivo, de uma passividade feita de paixão, de padecimento, de paciência, de atenção, como uma receptividade primeira, como uma disponi- bilidade fundamental, como uma abertura essencial.


Então, a reflexão que deixo é a seguinte: Será que vivemos a experiência de tudo aquilo que falamos, ou nossas falas são meras repetições dos ditos dos outros? O que temos a dizer quando falamos, quando escrevemos um texto e quando repassamos informações?

Não há sentido prévio: o desentendido é o resto

“O morto ainda está quente. Vamos esperar esfriar”.


Com essa frase de humor negro, começo a pensar em como escrever um texto sobre tudo que aconteceu na escola do Rio de Janeiro. Quase não assisti televisão nessa época e da mesma forma evitei ler muitas reportagens que saíram discutindo o tema. Mas o pouco que vi me deixou incomodada, e fiquei me perguntando sobre a ética profissional e pessoal: que ética é essa?

Para tentar responder essa pergunta, comecei a pensar em como uma tragédia reaviva em nós o sentimento e o desejo de que a vida tenha um sentido pronto, uma verdade única e absoluta. No meio de tanta confusão, tristeza e mortes, surge o desejo de entender, compreender, refazer os passos da tragédia para encontrar algum alívio, alguma resposta que dê sentido a angústia da dor e incompreensão. Mas é nesse ponto que os problemas começam.

Na tentativa de entender quando tudo ainda está muito confuso e muito próximo ao evento, começamos a fazer associações e tecer teorias que falam menos do que aconteceu e respondem mais ao nosso desejo de descobrir a verdade sobre aquilo. E a mídia entra nesse viés produzindo entrevistas, reportagens e vídeos, repassando o senso comum e interpretações selvagens, radicais e em recortes fragmentados. Chuvas de interpretações, acusações e culpas que só contribuem para a perpetuação de verdades parciais e tendenciosas.

Parece difícil sustentar o não saber. Nem tudo tem um sentido e uma explicação racional, principalmente quando falamos de tragédias. Achar culpados é evitar pensar no não sentido da vida e de muitas experiências que vivemos ao longo dela.

Evitei escrever sobre o tema porque ainda acho muito cedo para tecer teorias. Talvez isso nem mesmo será possível. Entendo a necessidade social dessa prática, mas acredito que precisamos relembrar a ética que envolve a criação e a divulgação dessas interpretações desesperadas que se propagam com muita velocidade nos temos atuais.

A ética da psicanálise, entre tantas coisas, está no sustentar o não saber, o desentendido e tudo aquilo que não podemos compreender. Será que não estamos fazendo as perguntas erradas? Um exemplo: Não vamos pensar no por que ele matou tanta gente (era louco, fanático, psicótico?), mas sim no que todas as pessoas que passaram pela vida dele deixaram de fazer para que ele chegasse a agir da forma que agiu. O que nossa sociedade e nossa escola tem feito, dia a dia, para perceber e evitar que atitudes como essa aconteçam? E no pessoal, o que você, na especificidade da sua profissão, tem feito para mudar essa realidade e não perpetuar interpretações selvagens e especulativas? Qual é a linha que separa a escrita crítica da escrita que perpetua ações sensacionalistas? Qual a diferença entra uma pessoa desinformada que assiste a programas sensacionalistas e de você que faz críticas a esses programas mas continua assistindo? Por que pensamos primeiro em proibir o porte de armas e não em investir na educação, saúde, serviços psicológicos para que as pessoas não precisem buscar uma arma e uma ação de assassinato em massa?

Como sempre, deixarei vocês com mais perguntas e reflexões do que respostas. Por que a verdade é sempre parcial e singular.

Entender é sempre limitado.

Ronaldo e o hipotireoidismo

Na manhã de ontem todo mundo viu ou escutou o anúncio da aposentadoria do Ronaldo. Escutaram também sobre o hipotireoidismo e as conseqüências dessa doença na vida do atleta. Mas algo parecia errado. Em menos de trinta minutos, médicos de todo Brasil colocavam na internet que a doença de Ronaldo não era totalmente responsável por aquilo que ele disse na entrevista. A partir dai as pessoas começaram a fazer reportagens sobre a doença e suas “verdadeiras” conseqüências, enquanto outros aproveitaram para tirar sarro do jogador pela “desculpinha esfarradapa” que ele deu.

Mas quando se trata de psiquê nem tudo é tão simples assim. Cada um acredita e atribui um sentido ao diagnóstico que recebe. E é por isso que a psicanálise é contra esses diagnósticos. Quando um médico fala as palavras mágicas: “você foi diagnosticado com X doença”, a partir dai a pessoa entende o que a sua mente quer. E ela vai criar uma fantasia, uma ficção dessa doença que não necessariamente vai caminhar junto com o que de fato a doença desenvolve como problemas.

Fora isso, o doente tende a escutar aquilo que lhe é conveniente (inconscientemente também), e sua carga de sofrimento em relação a doença será particular. Por isso nem todas as pessoas reagem do mesmo jeito a uma doença. Porque cada um escuta o diagnóstico de um jeito diferente e cada um vive esse diagnóstico de outro jeito completamente diferente também.

Atribuir sentido é algo que fazemos o tempo inteiro com as experiências que passamos e quando somos diagnosticados, começamos a atribuir sentido a doença também. Então, por algum motivo, pode ser que o Ronaldo realmente acredite que todos os problemas que ele teve foram pelo hipotireoidismo. Quem sabe que sentido ele deu para esse diagnóstico na sua vida? Assim como muitos, ele pode ter se deixado definir não por uma doença, mas por um diagnóstico dado em determinado momento de sua vida.

Com a explosão de novos diagnósticos de problemas mentais, cada vez mais as pessoas são diagnosticadas com problemas que as vezes nem existiam. Mas como foram “nomeadas” daquela forma, “vestem a roupa” da doença de uma forma tão profunda que passam a definir a vida e a si mesmos a partir daquele diagnóstico. Tudo passa a ser em função daquilo. Veja a Clara Averbuck com o seu “sou bipolar e minha filha também é”, ou mesma a Tulla Luana como seu “eu sou esquizofrênica”, e tantas outras pessoas que saem pela internet se definindo por seus diagnósticos. Criam uma vida, uma história baseada em um nome, um diagnóstico que possa explicar porque elas se sentem tão diferente de todo mundo e da sociedade em que vivem.

Para essas pessoas como Ronaldo talvez seja “mais fácil” (nada é fácil, mas não vamos nos aprofundar nisso agora) se identificar a partir de um sintoma porque é com ele que será possível justificar todas as estranhezas que sentem em relação ao mundo e que o mundo sente por ele. “Ah, eu sou bipolar, e é por isso que você me acha meio estranha. É por isso também que eu sempre fui meio esquisita”. E essa posição é “confortável” no sentido da mudança. O diagnóstico justifica uma situação e te permite não se preocupar em entendê-lo para mudar. Você se torna uma pessoa estática, presa ao nome que te deram.

Não se escondam atrás de um diagnóstico. Você não é só uma doença. E não desacreditem ou dêem risada de quem se apresenta a partir de uma doença: provavelmente a identidade da pessoa está tão atrelada a esse diagnóstico, que ela não consiga perceber. Por que uma pessoa pode ter uma doença qualquer, mas não necessariamente ela precisa se tornar apenas aquela doença.

Indicação de Leitura

Da sexualização das meninas

“.: Há este livro chamado Senhorita Else, escrito por Arthur Schnitzler e publicado em 1924. Não é um romance, exatamente, pois sua forma condensada o aproxima mais da novela. Trata-se de um relato, em primeira pessoa, de uma jovem, Else, que está numa espécie de hotel (ou colônia de férias, já não me lembro dos detalhes), onde se reúne a alta burguesia austríaca, e recebe uma carta de seus pais com um pedido e algumas instruções. Seu pai está falido e precisa de dinheiro, e cabe a ela recorrer a um homem rico, conhecido de seu pai. Else obedece, procura o homem, e ele impõe uma condição: que ela se mostre nua para ele. Estou prestes a contar o final: ela aceita, porque se vê completamente sem saída, com o futuro da família nas mãos, e entre o êxtase, a raiva, o desespero, ela vai salão de festas, onde estão todos – inclusive seu "salvador" – , vestida apenas com um casaco de peles, e despe-se. Escândalo, susto, horror…”

Continue lendo aqui.

Seriado

O que vocês andam assistindo? Eu,como sempre, assitindo tudo, ou quase tudo que estréia, e depois eliminando o que eu não gosto. Quem tiver perfil no Orangotag.com pode ver lá o quanto eu ja assisti e deixei de assistir e o que ando assistindo. Até por falta de tempo, hoje eu priorizo só o que eu eralmente gosto de assistir. Muitas sérias são famosas, as pessoas adoram, mas simplesmente não fazem meu estilo, ou eu não consigo entender o porque de tanto alvoroço. Em grande parte elas falam mais do mesmo, e por isso logo deixo de lado. Ou são muito bobas, ou não me interesso pelo tema, enfim, muitos “ous”.

Mas hoje vou mostrar aqui as séries que eu assisto sem perder um episódio, essas eu acompanho fervorosamente. Vou colocar em ordem das que eu mais gosto até as que eu gosto menos. Estou dizendo isso porque estamos em época de finais de temporadas, e inicio de muitas novas séries de Mid-Season muitas que serão canceladas, algumas renovadas e passadas pra temporada importante. De todas que estreiam, minha única aposta, entre tanta estréia, é a nova série do JJ Abrams, e só porque é dele, porque tudo que o cara coloca a mão fica interessante.

E vocês, o que assistem e quais são as novas apostas?

Meu perfil do Orangotag diz:

Aline assiste a 18 séries, (provavelmente não dorme), 3078 episódios vistos!

Assiste a

Two and a Half Men, Prison Break, Rules of Engagement, Medium, Dexter, Big Love, Californication, Lost, Smallville, Grey’s Anatomy, Desperate Housewives, Brothers & Sisters, American Idol, Skins, Tell Me You Love Me, The Tudors, Private Practice e In Treatment

Já assistiu a

The Return of Jezebel James, Unhitched, Samantha Who?, Chuck, Everybody Hates Chris, Pushing Daisies, Heroes, Gossip Girl, The 4400, Hidden Palms, Veronica Mars, Gilmore Girls, Life on Mars, Rome, The O.C., Big Day, The Nine, The Class, Rock Star, Windfall, Everwood, Alias, Cold Case, ER (1994), Invasion, Ghost Whisperer, The Bedford Diaries, Related, Reunion, Without a Trace, Joey, Jack & Bobby, The West Wing, Dr. Vegas, Friends, The L Word, Just Shoot Me!, Dawson’s Creek, Fastlane, Queer as Folk (US), Off Centre, Felicity, Six Feet Under, La Femme Nikita, Time of Your Life, Popular, Beverly Hills, 90210, Party of Five e Jericho

 

As preferidas ainda na ativa:

1. Skins

2. Tell me you love me

3. In treatment

4. Dexter

5. Californication

6. Greys Anatomy

7. Brothers and Sisters

8. Lost

9. The tudors

10. Two and a half men

11. Big love

12. Desperate Housewives

13. Medium

14. Smallville

15. American Idol

16. Rules of Engagement

17. Private Practice

18. Prison Break

 

As preferidas que já morreram:

1. Gilmore Girls

2. The OC

3. Veronica Mars

4. Rome

5. Life on Mars

6. The 4400

7. Alias

8. Reunion

9. Friends

10. Party of five

Ah, e tô pra assistir The Sopranos, que dizem ser ótima.

Todo mundo tem Duas Caras, ou mais…

Estão dizendo que o final da novela Duas Caras vai entrar pra história. Pela primeira vez o vilão vai terminar com a mocinha, e serão felizes pra sempre. Realmente será um marco de uma mudança que já vem aos poucos ocorrendo não só na novela, mas na vida real. As pessoas estão percebendo que não existe o mal e o bem absolutos. Uma pessoa pode ser boa e má, em diferentes situações da vida.

Ouve um tempo em que era possível separar e distinguir o que era bem e o que era mal. Mas, progressivamente, as linhas que separam os valores, sentimentos (e muito mais) estão ficando muito mais tênues. Assim, cada vez mais fica muito difícil encontrar definições absolutas sobre tudo, principalmente sobre o ser humano. Eu acho isso ótimo. Ficamos perdendo tempo nessa tentativa de nos encaixar em definições, enquanto na verdade somos únicos, diferentes uns dos outros exatamente nos detalhes, e as diferenças podem ser tênues, mas estão ali presentes em cada um. Uma decisão que uma pessoa faz, em certo momento da vida, não a define, não diz o que ela vai ser ou deixar de ser no resto de sua vida. Isso no ser humano é maravilhoso, a capacidade de, a cada segundo, tomar decisões que podem mudar completamente o caminho que a vida vinha tomando. E por isso as pessoas têm medo, e se apegam a definições e grupos, porque é muito mais difícil ter que lidar com a responsabilidade que se tem com as próprias escolhas da vida. 

Ter problema psicológico agora é moda

A moda é uma coisa triste. As pessoas passam a dizer as coisas e nem sabem do que estão dizendo. Até ai tudo bem. Ai os autores de novela decidiram ser politicamente corretos, e abordar doenças físicas e\ou psicológicas como temas de suas novelas, porque supostamente isso deveria ajudar a população, ensinar, advertir. É pra rir né? No que isso virou? Surto de pessoas com as tais doenças das novelas. É verdade que em 100 casos, um deve ter mesmo a tal doença. Mas os outros 99 simplesmente entraram na moda do momento. Alias, a moda do momento é ter dislexia. Imagina o surto de dislexos no Brasil? Antes disso foi Síndrome do Pânico, para as crianças o transtorno de defcit de atenção… Enfim, a moda de doenças mentais circula.

Se pegarmos o DSM ou qualquer outro livro que faça definições sobre uma doença psicológica, é bem provável que, supostamente, teremos quase todas delas. As definições, apesar de tentar estreitar, acabam generalizando. Então ao estudar sobre os transtornos de humor, todo mundo que estuda acha que tem problemas de humor. Ao estudar outra matéria, lá vai todo mundo achando que tem aquilo. E por isso mesmo é preciso tomar cuidado. Cuidado esse que a TV não tem. Eles pegam as informações mais clichês acerca da doença, jogam lá em um personagem, trabalham isso no começo da novela, de forma bem porca, e depois esquecem no resto da novela. Dai 90% da população já acha que tem a tal doença, e na verdade não sabem nem 20% do assunto.

E pra piorar, as novelas adoram representar os psicólogos da pior maneira possível. O psicólogo sempre aparece como se fosse mais um amigo, aconselhador, ou alguém que serve pra se apaixonar por alguém que está sem par na novela.

Não bastasse essa moda, agora são os bandidos que estão se aproveitando disso. Virou moda, após um assalto, agressão no transito ou agressão familiar, usar a desculpa psicológica. Essa semana mesmo tivemos dois casos: a bancária que dirigiu na 23 de maio na contramão, era bipolar, segundo a família. E o cara que atropelou o outro era esquizofrênico. Ah e a madrasta da Isabella supostamente tem problema nos nervos (seja lá o que for isso). Com certeza é melhor ser taxado como louco do que como assassino, culpado. Mas como eu falei, se for pra generalizar, TODO SER HUMANO TEM ALGUM PROBLEMA MENTAL, OU PODE TER. Se fuçar muito a gente acha problema mental em todo mundo. Com o estresse diário então, fica mais fácil ainda achar problema mental. E o Brasil, que ao invés de cuidar prefere remediar, já começou a dizer que o DETRAN poderia ter prova psicologia pra tirar a carta. Se forem rígidos 90% das pessoas não vão mais tirar carta…

O pior da moda, é que ela só divulga o lado ruim. Por que então não se divulgam os benefícios de uma psicoterapia ou analise individual? Ou mesmo terapia familiar? A parte “ir a um consultório psicológico” não virou moda, a moda é só a doença, o sintoma. Ser portador de um sintoma que te identifique com um grupo, ou que explique as coisas mais esdrúxulas da sua personalidade, isso é que é a moda. Se cuidar, ir a um psicólogo pra investigar, essa parte não é moda.

Depois de tanto falar mal da TV, também é preciso apontar as coisas boas. O SBT tem o programa Casos de Família, toda tarde as quatro horas. Quem apresenta é a Regina Volpato. O programa tem temas diários, nesses temas ela tem convidados, geralmente três famílias que discutem ao vivo o problema proposto como tema do programa. Ao final um psicólogo faz um resumo de cada caso e convida a um tratamento na USP ou no local mais próxima do convidado. Parece bobo, mas esse é o programa popular que mais é assertivo com a população. Não sei a formação da apresentadora, mas ela tem uma percepção bem aguçada para fazer as perguntas e dirigir as discussões de forma a responsabilizar os sujeitos por seus problemas. E depois ainda com o depoimento do psicólogo isso é reforçado. Muitas coisas acabam sendo clichês, e a audiência tem direito a fazer comentários, nem sempre assertivo, mas nada pode ser perfeito. Isso ainda não tira o bom do programa, que, na minha opinião é retomar a responsabilidade cada um por sua própria vida e erros, e lembrar que sempre é possível escolher outros caminhos na vida.

 

 

Educação e Tecnologia de novo!

Ver televisão aberta, no Brasil, mostra o quanto a população em geral está distante de discutir questões de extrema importância social. Hoje, no Jornal Nacional, do Globo (que supostamente teria mais verba, portanto um melhor conteúdo) passou o segundo programa sobre Tecnologia e Educação no Brasil, e os outros passarão durante o restante da semana. Algumas frases me marcaram e vou explicar por que:

1. Bibliotecas inteiras, cheias de enciclopédias estão abandonadas, porque ficou mais fácil usar o computador. É o que os alunos mais gostam (Ctrl+c Ctrl+V).

1. A internet (e o Ctrl+C Ctrl+V) torna a população mais medíocre.

2. O governo está dando computadores aos alunos. Cabe a escola ensinar aos alunos como usá-lo. Cabe a escola fazer sua mágica.

Em primeiro lugar, me espanta a Rede Globo dedicar uma reportagem de forma tão negativa em relação à Tecnologia. Afinal, nada é absoluto. A internet, como tudo na vida, por ser bom e também ruim. Então porque uma reportagem pra dizer das coisas negativas na internet? Em um momento em que a Educação está tão ultrapassada, o uso da tecnologia vem para ajudar a Escola a correr do atraso que sofre ha anos. Correr atrás dos alunos que cada vez menos querem ir à escola. Correr atrás dos alunos que cada vez mais interrogam os conteúdos passados a eles na escola e querem entender porque precisam aprender o que aprendem, e se não entendem, abandonam a escola. Então, repito, por que receber a Tecnologia de forma tão negativa?

Tudo que é novo assusta. Tudo que é diferente assusta. Tudo que pede um movimento de mudança assusta. O ser humano é assim. Mas até ai pregar negativamente sobre isso em horário nobre já são outros quinhentos. Meu palpite? A Rede Globo e Lula nunca se bateram, isso não é novidade. Então quando finalmente ele começa a liberar os computadores para cada aluno, é preciso achar alguma coisa de negativo nisso, não é mesmo?

Mas, voltando a reportagem em si, eles fazem questão de mostrar uma biblioteca velha, cheia de pó, com enciclopédias mais velhas ainda, e ainda enfatizam que isso é um desperdício. Como se preferir a internet fosse ruim!!! Pelo contrário! Em um post aqui mesmo no meu blog, defendi como a internet pode ser usada de forma a ajudar as pesquisas (não vou nem repetir a parte todo do beneficio aos alunos deficientes). Antes tínhamos sim que ficar nas bibliotecas, espirrando e demorando décadas pra achar uma informação em uma enciclopédia, informação essa que tinha 100% de chance de estar defasada!!! Hoje existem bibliotecas on line, ou seja, todo conteúdo de uma biblioteca está na internet, o aluno não precisa sair de casa para pesquisar, e ainda consegue estudar uma informação atualizada, consegue ainda entender o caminho da informação. Isso não é fantástico?? O aluno pode até mesmo entrar em contato com o autor da informação e fazer sua pesquisa muito mais rica. O que há de ruim nisso?

Ai vem a desculpa que todo mundo usa: Ah, mas ai eles acabam é só copiando, afinal, tá tudo ali fácil na internet. Depois de gargalhar aqui em casa, rebato lembrando que os alunos SEMPRE copiaram. Os alunos copiões hoje copiam da internet, é verdade, mas antes copiavam do amigo, copiavam dos próprios livros. Copiar não é de hoje e não veio com a internet. Então o buraco é mais embaixo. Ha muito tempo se copia, e ai temos que entender por que e não colocar a culpa na internet como se isso fosse um evento que começou a ocorrer junto com ela.

Repito do meu post anterior: os alunos copiam porque não sabem fazer pesquisa. Os alunos copiam porque os professores não sabem fazer pesquisa e não ensinam aos seus alunos. Então, é culpa da internet que a população está mais medíocre? Ah, tenha dó. A internet é exatamente o meio de chegar na população e fazê-la ser menos medíocre. Porque hoje tem lan house em cada esquina, onde se paga um real pra ficar uma hora. Tá mais barato ficar uma hora na internet do que comprar livro, ir ao cinema e escutar música.

Ai pra terminar e fechar com chave de ouro, vem o fulano de tal do governo, e diz que o uso da internet depende da escola. Será bom ou ruim dependendo da escola. Isso é totalmente verdade. Mas ai ele vem dizer que isso é mágica? Que mágica? Isso é treinamento. E agora vou defender os professores. Como que se exige que um professor receba bem a tecnologia e ainda ensine pro seu aluno se ele mesmo não sabe nada ou quase nada daquilo???É mais provável que o aluno ensine o professor, do que o inverso. Então como o professor pode ensinar as coisas boas do uso da internet se nem ele mesmo sabe? Como ele pode ensinar os sites de pesquisa, como pesquisar, se ele nunca viu, se nem ele sabe que isso existe? Isso não é mágica. O professor tem que ser treinado, tem que ter um computador na sua casa também, para aprender como usar a ferramenta e a internet. Só ele se sentindo bem e confortável para ensinar alguma coisa para o aluno.

Agora, junta tudo isso que eu falei, por que isso não foi o tema de reportagem? Porque o tema tem que ser sempre contra a tecnologia? Tudo na vida pode alienar ou agregar. Basta saber como. E isso não é mágica. Só faltam começar a dizer que a internet é coisa do demônio…

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